Foto: Divulgação |
Depois de uma longa espera (era
anunciada desde novembro de 2015), finalmente, na noite da última terça feira
(31/05/16), a Rede Record realizou a estréia de “Escrava Mãe”, sua nova novela.
Inaugurando o horário das 19h30, para concorrer diretamente com a também
estreante “Haja Coração”, da Rede Globo, a trama do canal dos bispos fez uma
ótima estreia – de público e crítica.
Escrita por Gustavo Reiz e
dirigida por Ivan Zettel, a história começou didática e narrada pela voz de Tia
Joaquina (Zezé Motta) que teve a incumbência de reavivar sua memória para
contar a Juliana (Gabriela Moreyra) a verdadeira história sobre seus pais e
passado. Assim, foi-se necessário viajar até o Congo do século 18 e mostrar
como foi que tudo aconteceu. Nesse momento, destacaram-se as belezas dos
figurinos étnicos e até o cuidado em reproduzir o dialeto local, com a tradução
na tela. Com ares cinematográficos, muito em função da terceirização da sua
teledramaturgia que fica a cargo de uma produtora independente, Escrava Mãe
conseguiu reproduzir melhor o Brasil na época do Império do que o Egito em “Os
Dez Mandamentos”.
Nayara Justino – a ex-Globeleza
que foi demitida após ter sido rejeitada como musa do carnaval na Globo -
mostrou talento ao dar vida a africana Luena, que sofre um estupro de Osório
(Jayme Periard), engravidando de Juliana e fazendo o parto sozinha à beira do
rio ao som da inesquecível “Vida de Negro” (lerê lerê) de Dorival Caymmi, já em
terras brasileiras. Vale ressaltar que todas as cenas mais violentas são
cuidadosamente adaptadas para o horário e sem a intenção de fazer chocar o
público. Além da agilidade das cenas, da boa fotografia e de figurinos
impecáveis, Escrava Mãe também se fez valer pelas interpretações acertadas.
Gabriela Moreyra mostrou segurança com sua protagonista e convenceu como a doce
escrava, que ao lado do estreante ator português Pedro Moreira (Miguel) promete
um bonito e conflituoso romance.
Luena (Nayara Justino) durante o parto no rio de Juliana. Foto: Reprodução/Rede Record |
Thaís Fersoza também deu mostra
de que sua vilã Maria Isabel não facilitará a vida de Juliana, já aparentemente
balançada pelo português. Responsáveis pela suavidade da trama, Jussara Freire
(Tia Urraca) e Luiza Tomé (Rosalinda) também foram bem. O fato da trama já
estar inteiramente gravada desde o ano passado é um risco para a emissora caso
algo não agrade, pois mudanças não serão possíveis. Entretanto, como parece ser
uma característica da Rede Record, o ponto negativo ficou por conta da falta de
respeito com o telespectador que aguardava a estréia para as 19h30, mas teve
que se contentar com a “esticada” do “Cidade Alerta” de Marcelo Rezende para
até 19h35. Esse recurso também ocorreu com “Pecado Mortal”.
Porém, no mais, ainda que a Rede
Globo tenha adiantado para as 19h25 o horário de “Haja Coração”(que pode vir a
ser uma estratégia adotada para além do primeiro dia) e conseguido alcançar 27
pontos em SP e 32 no RJ, Escrava Mãe tem potencial de sobra para conquistar os
fãs órfãos de “Totalmente Demais” e também fidelizar um novo público em seu
novo horário, subindo os índices para acima dos 13 pontos registrados no RJ e
14 em SP. Basta a Record não sabotar seu próprio produto assim como fez para
exibi-la.
Juliana (Gabriela Moreyra) e Miguel (Pedro Carvalho): protagonistas. Foto: Divulgação/Rede Record |