quarta-feira, 1 de junho de 2016

Escrava Mãe estreia com boa audiência e capricho na qualidade

 Jean Pierry Oliveira

Foto: Divulgação


Depois de uma longa espera (era anunciada desde novembro de 2015), finalmente, na noite da última terça feira (31/05/16), a Rede Record realizou a estréia de “Escrava Mãe”, sua nova novela. Inaugurando o horário das 19h30, para concorrer diretamente com a também estreante “Haja Coração”, da Rede Globo, a trama do canal dos bispos fez uma ótima estreia – de público e crítica.


Escrita por Gustavo Reiz e dirigida por Ivan Zettel, a história começou didática e narrada pela voz de Tia Joaquina (Zezé Motta) que teve a incumbência de reavivar sua memória para contar a Juliana (Gabriela Moreyra) a verdadeira história sobre seus pais e passado. Assim, foi-se necessário viajar até o Congo do século 18 e mostrar como foi que tudo aconteceu. Nesse momento, destacaram-se as belezas dos figurinos étnicos e até o cuidado em reproduzir o dialeto local, com a tradução na tela. Com ares cinematográficos, muito em função da terceirização da sua teledramaturgia que fica a cargo de uma produtora independente, Escrava Mãe conseguiu reproduzir melhor o Brasil na época do Império do que o Egito em “Os Dez Mandamentos”.

Nayara Justino – a ex-Globeleza que foi demitida após ter sido rejeitada como musa do carnaval na Globo - mostrou talento ao dar vida a africana Luena, que sofre um estupro de Osório (Jayme Periard), engravidando de Juliana e fazendo o parto sozinha à beira do rio ao som da inesquecível “Vida de Negro” (lerê lerê) de Dorival Caymmi, já em terras brasileiras. Vale ressaltar que todas as cenas mais violentas são cuidadosamente adaptadas para o horário e sem a intenção de fazer chocar o público. Além da agilidade das cenas, da boa fotografia e de figurinos impecáveis, Escrava Mãe também se fez valer pelas interpretações acertadas. Gabriela Moreyra mostrou segurança com sua protagonista e convenceu como a doce escrava, que ao lado do estreante ator português Pedro Moreira (Miguel) promete um bonito e conflituoso romance.

Luena (Nayara Justino) durante o parto no rio de Juliana.
Foto: Reprodução/Rede Record




Thaís Fersoza também deu mostra de que sua vilã Maria Isabel não facilitará a vida de Juliana, já aparentemente balançada pelo português. Responsáveis pela suavidade da trama, Jussara Freire (Tia Urraca) e Luiza Tomé (Rosalinda) também foram bem. O fato da trama já estar inteiramente gravada desde o ano passado é um risco para a emissora caso algo não agrade, pois mudanças não serão possíveis. Entretanto, como parece ser uma característica da Rede Record, o ponto negativo ficou por conta da falta de respeito com o telespectador que aguardava a estréia para as 19h30, mas teve que se contentar com a “esticada” do “Cidade Alerta” de Marcelo Rezende para até 19h35. Esse recurso também ocorreu com “Pecado Mortal”.

Porém, no mais, ainda que a Rede Globo tenha adiantado para as 19h25 o horário de “Haja Coração”(que pode vir a ser uma estratégia adotada para além do primeiro dia) e conseguido alcançar 27 pontos em SP e 32 no RJ, Escrava Mãe tem potencial de sobra para conquistar os fãs órfãos de “Totalmente Demais” e também fidelizar um novo público em seu novo horário, subindo os índices para acima dos 13 pontos registrados no RJ e 14 em SP. Basta a Record não sabotar seu próprio produto assim como fez para exibi-la. 

Juliana (Gabriela Moreyra) e Miguel (Pedro Carvalho): protagonistas.
Foto: Divulgação/Rede Record