sexta-feira, 27 de maio de 2016

Carta de um Professor a Seus Alunos Sobre Cultura do Estupro

Guilherme Cunha




Em meio à chocante notícia sobre o estupro coletivo de uma jovem na Praça Seca, Rio de Janeiro, o professor universitário Rodrigo Salgado decidiu escrever uma carta aberta a seus alunos, homens e heterossexuais, para falar de um tema que que muitos se recusam a encarar: a cultura do estupro.

Leia abaixo:

Mensagem aos meus alunos

Passei o dia todo pensando se deveria ser mais um cara a escrever sobre o estupro da menina no RJ. Me senti contemplado por muitos dos textos que circularam por aqui hoje. Mas acho que meu emprego como professor e o fato de ser um novo pai me obrigam, dentro do meu lugar de fala, a me manifestar.

Acho que a primeira coisa aqui é deixar claro que esta mensagem se destina aos meus alunos homens heterossexuais. É neste grupo que me insiro, e mais. Este é o perfil do estuprador. Nós. Homens heteros.

E sim, são homens. Não, não são monstros. Somos nós. Dizem que eram traficantes. Importa? Nunca importou. Atores, empresários, advogados, juízes, jogadores. A ocupação varia, mas o ato não. São homens.

E aqui está o primeiro recado. Via de regra, as únicas qualificações aplicáveis nos casos de estupro são: "homem, heterossexual." Retire todos os adjetivos: monstro, desumano, loucos, bandidos. Eles só servem para esconder o principal: o privilégio de violentar outro ser humano e sair impune. O privilégio de destruir a vida de uma pessoa (ou as vidas de uma família) e seguir em frente.

Assim, queridos alunos, enxerguem-se entre os 30 estupradores. Esse é o primeiro passo.




O segundo recado: é preciso mudar.

Aquela música que diz que a sua caloura é um tesouro, a outra que diz que determinada menina só transa de luz acesa. Aquele puxão de braço na balada. Aquele constrangimento físico para um beijo. Estão todos no mesmo pacote. Tudo está dentro da cultura do estupro. Da diminuição da mulher enquanto ser humano. E é importante que você entenda isso. De verdade.

O terceiro recado: chega de conivência. Se você se sente deslocado com uma colocação que premie a cultura do estupro, se posicione. Aliás, antes disso: aprenda a se incomodar. Na faculdade, no trabalho, na igreja, na balada. Na vida.

O quarto: não participar da cultura do estupro não te faz melhor. O homem que não faz isso apenas cumpre o mínimo que se espera de um ser humano. Não há sexo frágil ou hipossuficiência feminina.

Outro toque importante: escute. Você jamais será estuprado. Não é a vítima potencial da cultura do estupro. Então respeite. Escute. E reflita.

 E de novo. Lembrem-se que isso é o mínimo que se espera de vocês.



Imagens: Matheus Ribbs.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

A graça do Futebol

26/05/16
Coluna: Manifesto Futebol Clube
Autor(a): Fabio Rodrigues

Felipe Absalão Barreto passou sua infância em Ipanema e Barra da Tijuca, e teve sua adolescência na Vila da Penha. O humorista é formado em Ciências da Computação e estudou artes no Tablado – grupo de teatro localizado na Lagoa, zona sul do Rio. Como ator e comediante, Absalão teve a honra de dividir shows com muitos ídolos do palco e da telinha, Chico Anysio, Tom Calvacante, Bemvindo Siqueira, entre outros. Pela rádio globo, participou dos programas do Tino Júnior, Maurício Menezes e agora na rádio cidade é um dos integrantes do Rock Bola.

“A maior diferença é você saber para qual público está falando. Tendo isso definido, você consegue se sair bem. O teatro é o meio que você tem uma liberdade maior para fazer o tipo de humor que quiser.”

MFC. Você sofre ou já sofreu algum tipo de resistência por não ter formação em comunicação?
Nunca sofri porque sempre trabalhei com humor, se eventualmente eu fizer um trabalho ligado ao jornalismo será em função da ligação do humor com o jornalismo, mas sempre fui muito bem recebido, sem nenhum preconceito por parte de meus colegas.

MFC. Por não ser jornalista de formação, você se sente mais à vontade para fazer seus comentários?
É o contrário. Sempre é importante ler bastante para que você tenha "bagagem" para falar de qualquer assunto, principalmente se for humor, o humorista precisa estar “antenado” a tudo, pois se ele não souber sobre o que está "brincando", já era!

MFC. Como pintou a oportunidade de fazer parte da rádio cidade?
Cheguei na Rádio Cidade a convite da produção da Rádio.

MFC. Como que é trabalhar com aquelas figuras do rock bola?
É um ambiente muito bom, o Waguinho eu conheço há alguns anos por participar do antigo Rock Bola e é um dos caras mais talentosos e generosos que conheço, trabalhar com ele é uma honra e um sonho. O Van Damme era um amigo dos tempos de Rádio Globo e sempre nos divertíamos muito quando fazíamos o camarote da Rádio Globo, parceiro e sabe tudo! Nina é um doce de pessoa e extremamente competente e Castilho um irmão que tem as sacadas mais incríveis, ou seja, estou em casa e cercado de feras! Me sinto entre amigos. Falo pelo elenco do programa, mas a produção é nota mil, todas as pessoas são generosas e amigas.

MFC. De que maneira ser comediante te ajuda no rock bola?
Me ajuda a ser cara de pau. rs

MFC. Quais são os personagens que você interpreta no programa?
São muitos, mas os principais são: Milton Neves, Vovô, Michelli, Milton Cunha, Antônio Fagundes, Alexandre Fake (numerólogo), Zacarias, Alexandre Frota e Lafond (Vera Verão), mas já passaram por lá: Rei Julien, Arlindo Cruz, Barry White, Professor Raimundo, Barney, Scooby Doo, Serginho Malandro, Cauby...

MFC. Qual o time mais bizarro que o Milton Neves se recorda?
Não lembro, são muitas, mas tem jogadores que viraram lendas: Naninco Kong Fu, Delém Delém, o Lendário Índio Cagado, Carcaça de Rato e muitos outros.

MFC. Dizem que o Vovô é tão velho que viu o Brasil ganhar a Copa de 1958?
O Vovô diz que lutou na 1ª Guerra. O Vovô é uma lenda! (risos)

MFC. Qual a diferença de fazer um humor na rádio, internet e televisão?
A maior diferença é você saber para qual público está falando. Tendo isso definido, você consegue se sair bem. O teatro é o meio que você tem uma liberdade maior para fazer o tipo de humor que quiser.

MFC. Você já apresentou algum stand-up falando sobre futebol?
Sobre futebol nunca fiz um tema. Apenas uma brincadeira pontual, sobre um determinado momento, mas um texto fixo sobre, nunca fiz. Lida com paixão... Paixão é complicado de você lidar. Você vai agradar uma parte e desagradar outras. Prefiro não fazer.

MFC. Os momentos mais engraçados que você se recorda no futebol?
O Nunes do Flamengo ao dar uma entrevista em um jogo em Belém, se disse feliz em estar na terra que Jesus nasceu. Essa eu me divirto.

MFC. Você acredita que o futebol brasileiro ainda tenha alguma “graça”, no sentido da magia e da leveza nos dribles e jogadas?
Pra mim o Futebol sempre vai ter graça, o momento é de uma safra de jogadores que não empolga muito, na minha opinião, mas não tenha dúvida de que vai melhorar e nunca perderemos a graça. Ronaldinho Gaúcho (nos tempos de Barcelona), pra mim, foi o último romântico do futebol. Sonho em um dia ver um novo jogador que faça as jogadas que ele fazia. Sonho em ver um jogo como aquele Santos e Flamengo que Neymar destruía de um lado e Ronaldinho explodia de outro, Flamengo 5x4 Santos. Um dos jogos mais incríveis que eu já vi e que mostra que sempre devemos ter esperança.

MFC. Em sua opinião, o Flamengo irá “enterrar” a piado do Estádio em breve ou o clube da Gávea vai ficar por mais um tempo sem lar?
Essa questão de estádio nunca foi um problema para o Flamengo porque sempre teve o Maracanã disponível, mas agora, o "maior do mundo" não está mais disponível e se tornou prioridade (na minha opinião) termos uma arena, um caldeirão. Um estádio para 30, 40 mil pessoas. Isso é fundamental para disputa de grandes competições como Libertadores e Brasileiro. Acredito nessa gestão e vejo como breve este problema ser resolvido.

MFC. Recado para quem sonha um dia se tornar um grande radialista como você.
Estude, leia muito, escute muito rádio (se seu sonho for rádio), preste atenção em detalhes de tempo, vinhetas, músicas, perfil de programa, etc. E principalmente, busque seus sonhos, nunca aceite um "não", siga em frente. Aproveite enquanto é jovem! Você consegue!

O futebol é o principal meio de entretenimento do brasileiro, por isso é necessário passar as informações de maneira leve e descontraída para que o telespectador tenha uma transmissão satisfatória. É exatamente o que o humorista faz no programa no qual participa na Rádio Cidade. Com uma série de personagens, Absalão é o lado cômico do Rock Bola.

Para conhecer mais sobre Felipe Absalão, acesse: www.felipeabsalao.com.br

Imagem: www.felipeabsalao.com.br


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Ana Paula Valadão: Diante do close errado


27/05/2016

Coluna: Última Nota
Autor(a): Jean Pierry Oliveira






No último dia 20 de maio, a cantora gospel Ana Paula Valadão, do grupo Diante do Trono, monopolizou as redes sociais depois de escrever um imenso texto em seu Facebook, criticando a campanha “Misture, ouse e divirta-se” da loja C&A. A cantora mostrou indignação com o comercial que dá visibilidade a roupas que não se enquadram em gêneros, podendo ser usadas tanto por homens quanto por mulheres. Para Ana Paula “é um absurdo! Temos que boicotar essa loja e mostrar nosso repúdio”, segundo relatou em sua #SantaIndignação.


Ninguém é obrigado a aceitar nada e Valadão tem todo o direito de manifestar sua contrariedade à marca ou coleção. Entretanto, um pouco de respeito (e menos ignorância) é bom e ela como evangélica sabe muito bem disso. A artista, não somente foi preconceituosa, como também mostrou desconhecimento sobre o produto. Esse texto não trata-se de uma defesa à C&A, mas fica claro que a publicidade explora o fato de que assim como nossa diversidade (no sentido de diferenças e não homossexualidade), as peças também são tão diferentes que encaixam-se em qualquer um, independente da biologia. 

Desabafo no Facebook de Valadão gerou revoltas
Foto: Reprodução/Facebook

Mas ainda que fosse ou seja ao contrário. Que fosse “a roupa do homem passando pra mulher e da mulher pro homem. Os homens saindo de salto e tudo”, como citou em suas palavras, o que Ana Paula tem a ver com isso? Cada pessoa tem o direito de ser aquilo que bem quiser, não cabendo a ela julgar ninguém. Nem sobre a sexualidade e, principalmente, sobre o que veste. A palavra de Deus prega o amor ao próximo e, sobretudo, a compaixão – valores esse que mesmo para um autor tão leigo ou sem religião definida é sabida – e não julgamentos e apontamentos como ela fez. Ora, onde fica sua religião nessa hora? Será que sua postura não evoca mais disparidades, semeia discórdias do que afeto ou respeito às diferenças?
Outra coisa Sra. Ana Paula: o que cada um veste e compra não lhe pertence, até porque não é com seu dinheiro. Portanto, não há o que criticar. Certamente, você não compra na C&A e seus terninhos e calças (que só tornaram-se “roupas de mulheres” nos anos 60!),  de acordo com sua perspectiva financeira, lhe permitem consumir marcas mais nobres. Portanto, sem discursos moralizantes. A C&A não está impondo nada a ninguém, bastando a você trocar de canal, desligar a TV ou comprar em outras lojas. Simples assim.

Coleção unissex da campanha da C&A: desaprovado pela cantora
Foto: Montagem


Encerro, com um pedido: já que clama por um boicote à empresa, bem, então acredito que você já tenha separado ou reservado uma vaga de emprego ou renda mensal a cada um dos/das funcionários/funcionárias evangélicos/evangélicas que na C&A trabalham e dali tiram seu sustento né? Esperamos que sim, afinal, #SantaIndignação mesmo é ver uma mulher formadora de opinião, com dom da palavra de Deus, usar seus ensinamentos de maneira tão errada por ser tão ignorante. Close errado. 

Totalmente Demais reinventa a fórmula do sucesso


25/05/2016

Coluna: Segunda Tela
Autor(a): Jean Pierry Oliveira


Fábio Assunção, Juliana Paes, Marina Ruy Barbosa e Felipe Simas: destaques
e protagonismos em "Totalmente Demais".
Foto: Raphael Dias/Gshow


Já em reta final, Totalmente Demais empolgou o público do começo ao fim. Com números de audiências superiores ou tão iguais quanto os das novelas das 21h, a trama de Rosane Svartman e Paulo Halm consagrou-se como um dos maiores fenômenos das 19h – e da Rede Globo, no geral -  desde 2012, quando “Cheias de Charme” encantou o país com as “empreguetes”.

Muitos críticos e telespectadores debatem acerca do que foi determinante para o sucesso da novela. Bem, a resposta é simples. Ela pegou um pouco do mesmo e transformou isso num mais. Explica-se: Totalmente Demais assemelha-se muito de um conto de fadas atual, com inspirações em “A Gata Borralheira”, vide sua protagonista Eliza: uma menina pobre, maltratada e abusada pelo padrasto, que foge de casa, passa a morar na rua, depois é descoberta por um empresário do ramo da Moda e dali em diante decola. É uma fórmula daquelas ditas “batidas”.

Entretanto, o diferencial foi a maneira como os autores e também os atores criaram e conduziram seus personagens. Inegável não começar falando de Marina Ruy Barbosa. A ruiva é uma das mais pretensas atrizes de sua geração e com uma personagem que flutuava entre várias situações, emoções e facetas, mais uma vez a jovem conseguiu imprimir seu talento, utilizando-se de medidas precisas para cada fase de sua personagem, garantindo o tom certo daquela parte da novela e prendendo a atenção do telespectador que “comprou” sua briga e torceu por ela do começo ao fim. Outros dois destaques para se falar atendem pelos nomes de Fábio Assunção (Arthur) e Felipe Simas (Jonatas). Esses dois provaram que diferença entre eles só existe mesmo na idade e também nos seus personagens. De maneira brilhante, conseguiram dividir torcidas, amores e ódio, suscitar outras emoções e deixar qualquer espectador mais perspicaz em dúvida sobre com quem Eliza deve ficar. A uma semana da reta final ainda não sabemos ao certo (porém inclina-se para que Eliza termine ao lado de Jonatas) com quem a modelo ficará.

Arthur + Eliza= Casal Arliza
ou...
Foto: Reprodução

...Jonatas + Eliza= Joliza. Torcidas divididas.
Foto: Reprodução/TV Globo

A antagonista de Juliana Paes (Carolina) também ofereceu a atriz mostrar um lado mais maduro, numa personagem – acredito eu -  das mais adultas que já fez. A personagem mostrava-se com todas as fraquezas possíveis de uma mulher que, por detrás da pose e segurança de ser uma grande empresária, na verdade, era uma mulher insegura, ciumenta e apaixonada que tinha lições para aprender com a perda do homem de sua vida. Juliana saiu-se bem, sem problemas, nos altos e baixos vividos por Carolina. Há tempos precisava de uma personagem assim, longe das caricaturas de “gostosona”, “sensual” ou afins. Glória Menezes, Juliana Trevisol, Pablo Sanóbio, Marat Descartes, Malu Galli, Aílton Graça, Leona Cavalli, Paulo Rocha e outros também devem ser citados.  Aliás, é até pecado não poder citar outros atores ou personagens aqui, mas verdade seja dita, todo o elenco é digno de aplausos.

O único ponto dissonante fica por conta da pequena participação de Lavínia Vlasak (Natasha), como ex-mulher de Arthur, do extenso concurso de mesmo nome da novela que pareceu “encher linguiça” num determinado momento da história e também da repetição de personagens da atriz Juliana Paiva. Talentosa, a jovem mais uma vez mostrou que é uma das boas atrizes de sua geração, porém, o seu passado “Fatinha” (personagem de sucesso em “Malhação”) parece não deixá-la quieta.

Natasha (Lavínia Vlasak): personagem e atriz mal aproveitadas
Foto: Rede Globo/Divulgação
Tamanho sucesso gerou ineditismo e pela primeira vez em sua história, a Rede Globo terminará uma novela numa segunda feira (dia em que a Record estrearia a quase lenda “Escrava Mãe”, empurrada para dia 31/05), passando o difícil bastão da manutenção da audiência para “Haja Coração”, de Daniel Ortiz. Assim, Totalmente Demais se despede da telinha deixando milhares de órfãos saudosistas, mas também com o sentimento de dever cumprido.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A dona da bola

19/05/16
Coluna: Manifesto Futebol Clube
Autor(a): Fabio Rodrigues

Nina Beatriz Lessa Santos, nasceu em 26 de março de 1986, em Maceió. Logo aos 2 anos de idade, a alagoana trocou a terra do sururu pelo Rio de Janeiro, onde se fixou na Tijuca – situada na zona norte do estado. Formou-se em jornalismo na Universidade Estácio de Sá. Em sua carreira, teve passagens por Bondfaro, Ricoh Brasil, Jogatina, EzLearn, Rádio Transamérica, Rádio Cidade Web Rock/JB FM e globoesporte.com. Atualmente, integra o Rock Bola da Rádio Cidade. O programa acontece de segunda à sexta, das 20:00h às 21:00h.

Confira o bate-papo que o MFC teve com a jornalista:

MFC. Atualmente, qual a principal dificuldade encontrada na profissão de jornalista?
Emprego (risos)

MFC. Em qual profissional da área você se inspira?
Muitos, mas começou com Alex Escobar, depois Fernanda Gentil e por aí foi até hoje, que admiro pessoas com quem trabalho.

MFC. A internet é (foi) importante na sua carreira?
Meu trabalho sempre foi na web, desde meu primeiro emprego até hoje. Conheci as principais redes sociais da história da internet aprendendo e crescendo com elas. Vivo disso e adoro. A internet é maravilhosa, seria ótimo se as pessoas aprendessem a usar pra sempre tirar o melhor dela.

MFC. Você é uma pessoa com uma opinião forte, essa é uma das principais características que um jornalista precisa ter?
Não; o jornalista informa, o formador de opinião é uma opção nossa, não a obrigação.

MFC. O jornalismo esportivo, principalmente no futebol, é uma área muito machista. O que é preciso fazer para que as mulheres conquistem mais espaço nesse mercado?
É só deixar de ser machista e tratar mulher como se trataria um homem. A gente só quer isso mesmo, não é difícil.

MFC. Como pintou a oportunidade de fazer parte da rádio cidade?
Comecei lá ainda na época em que a rádio só estava online, em 2008, como estagiária. Foram dois anos estagiando e mais um ano na área comercial da rádio. Eu trabalhava com transmissão esportiva na rádio Transamérica, conheci o pessoal da rádio e eles me avisaram que teria vaga pra estágio. Fiz a prova e passei!

MFC. Como que é trabalhar com aquelas figuras do rock bola?
Só não sou mais feliz e realizada porque não sou riquíssima e poderosíssima. Hahahaha

MFC. No rock bola, você fica nas redes sociais do programa. Você tem preferência por alguma? Tem alguma que seja mais importante para o jornalista?
O jornalista não pode mais estar out das redes sociais porque é nelas que está o leitor. Eu tenho todas, mesmo preferindo o Twitter. Como não amar uma rede social sucinta? Todo jornalista gosta de passar sua informação de forma clara e objetiva. Porém, gosto e uso todas, é meu trabalho e aprendi que não existe mais meio sem a mídia social.

MFC. Todos os ouvintes sabem para qual time cada um dos integrantes do rock bola torcem. Isso dificulta ou ajuda a vida de um jornalista?
No início, pensei que dificultaria, mas nosso público não é idiota e sabe separar as coisas. Procuro brincar, sem nunca deixar que o profissionalismo seja apagado.


MFC. O rock bola é um programa de futebol com um toque humorístico. Muitos não gostam da combinação de jornalismo com entretenimento. Você acha que dá pra fazer jornalismo junto com entretenimento? 
Hoje em dia nem metade dos jornais, seja na TV, rádio ou qualquer mídia, ficam sem humor. Não dá pra fingir que a linguagem leve da internet não chegou em todos os lugares. Por mais que muitos programas e apresentadores, além de repórteres, ainda sejam mais sério, a tendência é que esse número se modifique mais ainda com o passar do tempo. Mas no caso do futebol, é até piada ruim não usar o humor no ramo de maior entretenimento do país.

MFC. Há pouco tempo, o Fluminense se sagrou campeão da Primeira Liga que é uma tentativa de fazer que os clubes sejam mais independentes das federações. Como você vê essa questão?
Eu acho ótimo e torço pra que mantenha no ano que vem, crescendo mais ainda. O futebol é de todos e pra todos, o monopólio deveria acabar o quanto antes, já que mais prejudica do que ajuda.

MFC. Recentemente, você foi palestrante em uma Universidade. Qual foi a sensação?
Na verdade já faz quase 3 anos, então estou à disposição pra quem quiser me chamar pra palestrar de novo.  Amei a experiência e adoraria repeti-las pra ajudar quem ainda está começando e tem muitas dúvidas sobre a carreira.

MFC. Um recado para quem sonha um dia se tornar um jornalista.
Meu jovem, veja se é isso mesmo que você quer. Leia, escreva, aprenda a se expressar e interpretar texto. Não seja um babaca, distorcendo as falas do seu entrevistado. Aprenda que o mundo tem um monte de “cretininhos", mas não seja um deles. Você não vai se arrepender disso. Ser jornalista é ótimo, mas só se você tiver muita certeza de que é isso mesmo que quer. Se não, mude de rumo e seja feliz.

Nina Lessa é uma das representantes feminina no jornalismo esportivo, área que privilegia os homens. É verdade que nos últimos tempos não só dentro do jornalismo, mas no mercado de trabalho como um todo, as mulheres vêm ganhando seu espaço. Entretanto ainda sofrem bastante preconceito, e tem sua imagem estereotipada. Principalmente no futebol, onde uma galera cisma que esse esporte é coisa de macho. A alagoana quebra esse paradigma, e todas as noites na Rádio Cidade 102,9 FM mostra que é a dona da bola.

Recentemente, o podcast Just Not Sports (Não é apenas esportes) realizou um teste simples, entretanto, eficaz. Homens e mulheres jornalistas da área esportiva frente a frente. O vídeo foi intitulado #MoreThanMean, algo como “mais do que significativo”, mostra o caminho árduo que as guerreiras precisam percorrer para serem aceitas. De cantadas simples até as ofensivas, xingamentos, calúnias, difamações, vale tudo. Infelizmente, ainda não há tradução para o vídeo. No entanto, é nítido o constrangimento na expressão de cada homem.

Confira abaixo a ação:



Imagem: blueconteudo.com.br

terça-feira, 17 de maio de 2016

A Situação é Mais Grave do que as Pessoas Imaginam

17/05/16    -    Coluna: Zé do Caroço    Autor(a): Guilherme Cunha




Neste momento, a Presidente Dilma Rousseff foi afastada mesmo sem crime de responsabilidade, e o vice, Michel Temer, assumiu seu lugar. Lembrando que tanto alguns dos que a julgaram (como Antônio Anastasia, relator do impeachment no Senado) quanto seu sucessor, praticaram eles mesmos muito mais das tais "pedaladas fiscais" do que ela. O Brasil vive um estado de exceção. E o mais preocupante é a inquietante sensação de quase "normalidade" que se sente no ar.

Porém, em poucos dias de Governo Temer muita coisa aconteceu. Por medida provisória o Ministério da Cultura e o Ministério da Ciência e Tecnologia e Controladoria Geral da União (CGU), foram extintos. Os dois primeiros vão ser fundidos ou virar secretaria dentro de outros ministérios (ou seja, Cultura e Ciência vão perder verba) e a corregedoria, que era autônoma, vai se transformar num bizarro ministério de combate à corrupção, só que dessa vez diretamente ligado à Presidência da República.

Nenhuma mulher assumiu nenhum ministério, algo que não ocorria desde o Governo Geisel. Pior, toda a equipe ministerial é formada por homens velhos, brancos e ricos, algo tão fora da realidade que chamou a atenção da imprensa mundial - a qual já estava chocada com o ridículo processo de impeachment, que serviu de desculpa para a ruptura democrática no país.

Entre os ministros escolhidos, vários tem contas a prestar na Justiça. Aliás, Michel Temer pode não ser o primeiro homem branco e rico a assumir a presidência, mas já é oficialmente o primeiro presidente em exercício com a ficha suja em toda a história da República, pois foi considerado inelegível por oito anos, por crimes de campanha.



Dois ministros se destacam: Henrique Meirelles da Fazenda, e Alexandre Moraes, da Justiça. O primeiro já acenou com a volta da CPMF - extremamente criticada quando tentada pelo governo Dilma pelos mesmos que agora a querem - além de deixar claro que vai aprofundar a política de austeridade e que o povo vai pagar a conta. E inclua no povo, dessa vez ao menos, uma boa parte dos empresários e da classe média que ajudaram a tirar Dilma.

O segundo ministro é um caso à parte. Até então Secretário de Segurança São Paulo, e responsável por uma das polícias militares mais violentas do país, Alexandre Morares tem no currículo um momento singelo: em mais de cem ocasiões foi advogado da Transcooper, uma cooperativa ligada a lavagem de dinheiro e corrupção da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Moraes já deixou claro em entrevista estar incomodado com a autonomia que o Ministério Público tinha no governo do PT.

De quebra ainda temos Ricardo Barros, Ministro da Saúde, querendo diminuir os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e Mendonça Filho, Ministro da Educação, dizendo que apoiará as universidades públicas que cobrarem mensalidades de cursos de extensão e pós-graduação.

Enquanto isso, o próprio Temer exonerou o Presidente da Empresa Brasil Comunicação (EBC), responsável pela TV Brasil e pela Rádio Nacional, entre outras), que teoricamente pela lei deveria ficar lá por quatro anos. E também nomeou Gustavo do vale Rocha, advogado de Eduardo Cunha, para Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República.



Mas o mais grave veio de fora do Brasil. Além da rejeição maciça de diversos países aliados e organizações internacionais o Wikileaks chocou o planeta (mas não o globo, que ignorou) com a revelação: Michel Temer foi informante da embaixada norte americana em 2006. O atual presidente em exercício de nosso país teria trocado emails com a embaixada dos EUA sobre as eleições para presidente de 2006, quando Lula do PT concorria à reeleição contra Geraldo Alckmin do PSDB.

As mensagens de Temer na época soam quase um consolo aos norte americanos, preocupados com a continuidade de Lula e do PT, onde ele assegura que quem quer vencesse teria que tentar uma aliança com o PMDB, que desde então detinha maioria no Poder Legislativo. Foi o que aconteceu, o PT foi bastante criticado por se unir ao PMDB, até que o último resolveu traí-lo no golpe travestido de impeachment contra Dilma.

E agora sabemos com o respaldo de quem Temer aceitou participar desta farsa para assumir o poder da forma mais absurda, mesmo sendo massacrada pela opinião pública internacional. E eu entendi porque Dilma não deixava Temer participar de seu governo, fato que tanto o indignava, fazendo-o chamar a si mesmo de vice decorativo.

Com tanta gente com as piores intenções no governo talvez a única esperança seja um despertar da maioria da população brasileira alienada e teleguiada a demonizar o PT. Isso pode ocorrer justamente porque Temer ainda é interino e Dilma terá uma votação final no Senado. E nesse meio tempo ele não está sabendo se controlar nem a sua equipe sobre as verdadeiras intenções para com o Brasil. Ao menos não está conseguindo escondê-las do resto do mundo.



Manifestações contra a atual gestão - incluindo o famigerado panelaço - não param em todo o Brasil. A repressão a elas parece ser inevitável. Basta ver como o atual ministro da Justiça tratava manifestações quando era Secretário de Segurança em São Paulo. Resta saber o que nos aguarda. A cada dia surge uma notícia pior e a tendência é ainda piorar muito mais.

Felizmente, sempre podemos contar com a ética e isenta imprensa brasileira pra nos manter bem informados. Só que não.




Imagens:
www.passaportemundo.com
www.gazetadopovo.com
www.contextolivre.com.br

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Lady Pop ou Gaga Jazz?


13/05/2016

Coluna: Ultima Nota
Autor(a): Jean Pierry Oliveira



Lady Gaga no Oscar 2015 cantando em homenagem à "Noviça Rebelde"
Foto: Divulgação
Desde seu último álbum intitulado ARTPOP” que a cantora Lady Gaga vem dividindo opiniões – e fãs – com os rumos que vêm dando a sua carreira. Há dois anos sem lançar um novo trabalho, a artista ainda assim continua em evidência na mídia e recebendo inúmeros elogios da crítica especializada – seja da TV, do cinema ou da música.

Isso porque, após as baixas vendagens do criticado e rejeitado último CD, Gaga parece ter deixado fluir outros lados pelos quais seus grande público não conhecia muito ou, simplesmente, não esperava. A primeira mudança, por assim dizer, deu-se com o surpreendente e acalorado álbum de jazz “Cheek to Cheek”, lançado em dueto com a lenda viva Tony Bennett. Ali, na porção mais clássica e menos extravagante, Gaga explorou toda sua elegância, finesse e brilho ao dar voz a lindas interpretações que encantaram platéias mundo afora. A também compositora conseguiu encaixar sua maturidade (ela tem 30 anos) com a experiência e sabedoria de Bennett (de 89 anos), com características que seus “Little Monsters” (como seus fãs são chamados) estranharam por um lado, mas a aplaudiram ainda mais por outro. Aliás, esse talvez tenha sido um ganho e tanto – para a artista e seus fãs – , pois Gaga conseguiu dar destaque e, certamente, popularidade a um ritmo musical considerado elitista, pelo qual seu público, majoritariamente, de adolescentes e jovens gays ou não, sequer tinham contato. Ou o interesse de conhecer. Fosse por falta de vontade, preguiça, conhecimento ou ignorância. Entretanto, mesmo mantendo-se fiéis com a nova fase da carreira de sua “ídola”, eles queriam o retorno da era “The Fame”, nome de seu primeiro e celebrado álbum.

Gaga e Tony Bennett no Grammy 2015: Melhor Álbum Pop Vocal Tradicional
pelo álbum "Cheek to Cheek"
Foto: AFP Photo/Frederic J.Brown

 Pois bem, passado a turnê “Cheek to Cheek” esperava-se que a artista voltasse a se dedicar ao gênero Pop, para a alegria de seus admiradores mundo afora. Só que não. Eis que pelo caminho surge o convite de Ryan Murphy para que ela estrelasse a nova temporada de “American Horror Story – Hotel”. Na pele da Condessa Elizabeth, Lady Gaga monopolizou holofotes e roubou a cena como a protagonista, dona do indefectível hotel da série, surpreendendo a todos por sua interpretação. Resultado: ganhou o Globo de Ouro, maior premiação da TV americana, como melhor atriz de série dramática. De fato, 2015 foi o ano da transição de Lady para Gaga/ Gaga para Lady, ou seja, da artista exótica e acusada de ser “fabricada pela mídia” para uma artista reconhecida por todos os públicos por seus diversos talentos, personalidade e versatilidade.

Esse ano não fica para trás. Gaga destacou-se em três momentos diferentes, todos com muito sucesso – e sem lançar um álbum novo, diga-se de passagem, em 2016. Só em fevereiro, ela esteve presente no SuperBowl (07/02), cantando o Hino nacional americano na final da competição, no Grammy Awards (15/02), num lindo tributo ao falecido David Bowie, e no Oscar (28/02), apresentando a canção “Til It Happens to You”, em co-autoria com Diane Warren, que concorria ao prêmio. Não é qualquer cantora que consegue tamanho espaço em ocasiões com públicos, audiências e tipos tão diferentes.

                                               Gaga no Grammy 2016: tributo a David Bowie
                                                               Reprodução: YouTube

Especula-se que o seu próximo álbum, provisoriamente chamado pelos fãs e imprensa de  “LG5”, esteja sendo produzido ou finalizado em estúdio. Lady Gaga pouco fala sobre. Mas seja como for, Stefani Joanne Angelina Germanotta (seu nome de batismo) não precisa provar mais nada para ninguém. Seja no Pop, no Jazz, na TV ou no Cinema, Lady Gaga já encontrou seu lugar ao sol e raia como uma verdadeira estrela.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Madrugadas digitais


09/05/16 
Coluna: Cronicando
Autor: Marcos Furtado



Então eles se abrem! Nosso fantástico instrumento óptico constituído por uma lente biconvexa.
Ou como é comumente conhecido por nós: O olho. Pensando biologicamente, o processo é lindo,
nossas pupilas se dilatam, e no fundo do globo ocular está a retina, que é sensível a luz, as sensações
luminosas captadas são enviada ao cérebro pelo nervo ótico, e após inúmeros processos complexos,
enxergamos o objeto nitidamente.
Mas juntamente com este lindo sonho, surgem as atribulações. É dor aqui, dor acolá, dormência ali,
dormência lá. Ah! E a preguiça? Parece aquela tia chata que cisma em passar as férias em nossas
casas todo ano, com a pequena diferença de que a tal "preguiça", parece pensar ter férias o ano inteiro.
Contudo, independente de dores ou da moleza matinal, o que anda acontecendo é que em nossa tão
aclamada modernidade temos tantos estímulos digitais e tantas informações que estamos dormindo mal,
e criando sobrecarga de funções mentais ao longo do dia.
O fim do dia chega, esse friozinho vem junto e pronto. Whatsapp, facebook, 22:00. Twiter, snapchat,
café,00:00. Mais whatsapp, mais facebook, mais twiter, muito café, 01:00 da manhã, e lá se vai o sono.
No dia seguinte, parecemos verdadeiras múmias, com uma grande necessidade de colocar palitos nos olhos
como o pica pau. A grandiosíssima tarefa de nos arrumar para o trabalho torna-se um verdadeiro filme da
liga da justiça, nos arrumamos feito o flash, e saímos com o mau humor do batman. Bom dia ao motorista?
Pra quê? Precisa não! E vamos seguindo...
Os que estão em casa, tentam recuperar o sono com aquele cochilo a tarde, todavia, precisamos compreender
que nós seres humanos não hibernamos, de maneira que, não tem como "recuperar" o sono perdido. Portanto, o que nos resta é pensar na fantástica máquina humana que somos, e nos perguntar se realmente queremos
viver reféns de tanta tecnologia e arriscar desenvolvermos mais tarde, obesidade, hipertensão, diabetes, envelhecimento precoce etc. Exagero? Dizem os especialistas que não.
Mas fato é, que a conta bancária dos diretores das redes sociais já está "obesa" o suficiente e certamente
poderão sobreviver um pouco sem nós durante as madrugadas.
Imagem:
Olhar digital