01/06/15
Série originalmente produzida pela Netflix,
"Orange is The New Blck" tornou-se um dos maiores sucessos do
catálogo ofertado pelo serviço. Criada por Jenji Kohan, estreou no dia 11 de
julho de 2013, com sua segunda temporada lançada em 6 de junho de 2014, e a
terceira prestes a debutar em 12 de junho de 2015. Detalhe: sua quarta
temporada já é realidade para o próximo ano, antes mesmo de começar a terceira.
Mas afinal, porque OITNB (abreviação) faz tanto sucesso? Porque o Brasil é um
dos países onde o público é um dos mais fidelizados?
Personagens principais de Orange is The New Black: sucesso |
Essa comédia dramática não é somente original, como
também apresenta elementos suficientemente sedutores para internauta nenhum
colocar defeito. Seu enredo se desenrola ao redor da história de Piper Chapman
(Taylor Schilling), que mora em Nova York e é condenada a cumprir 15 meses numa
prisão feminina federal por ter participado do transporte de uma mala de
dinheiro proveniente do tráfico de drogas a pedido da sua ex-namorada, Alex
Vause (Laura Prepon), que é peça importante num cartel internacional de drogas.
O delito ocorreu dez anos antes do início da série e, no decorrer desse
período, Piper seguiu sua vida tranquila entre a classe média-alta de New York,
ficando noiva de Larry Bloom (Jason Biggs). Quando presa, Piper reencontra
Alex, elas reanalisam seu relacionamento e lidam com suas companheiras de
prisão.
Foto: Divulgação |
A partir daí um verdadeiro emaranhado de relações
interpessoais, amorosos, conflitos e brigas acontecem e se traduzem numa
dramaturgia incrível. A série amplia a realidade da vida prisional feminina americana
e todas as suas regras, onde tudo pode acontecer. E acontece. Sexo, contrabando
de produtos e artigos de fora, abusos de poder, lideranças e racismo. Aliás,
para esse que vos escreve, esse tema é um dos melhores explorados em Litchfield
(prisão). As detentas refletem exatamente a diversidade da moderna sociedade
americana: as brancas, as latinas, as negras, as orientais e todas as outras
possibilidades de raças e etnias. Isso determina a divisão por
"nichos" ou "guetos", ao qual cada uma faz parte, seja pela
cor, cultura ou língua, assim como também é precisa para a dose de emoção,
ação, comédia e drama que OITNB tem.
E esse fator é o "segredo do sucesso" de
Orange. Qualquer telespectador que assiste a série, facilmente se identifica
com alguma personagem ou situação. Não é preciso ser preso para se transpor
para a realidade das meninas. Por isso que os brasileiros detém status
privilegiado entre os maiores fãs do produto. Nossa sociedade é miscigenada,
multicultural, pluralizada e isso conquista. Outra importante ressalva é a
"linguagem direta" dos diálogos. Seja pelo inspirado texto de Jenji
Kohan, pelas interpretações brilhantes de TODAS as atrizes (é bom grifar isso),
ou ainda pela liberdade que a Internet permite para qualquer ator e produtor, as
gírias e palavrões ditos ali fazem todo sentido. Não soa apelativo ou gratuito.
Diverte!
Piper e Alex: ex-casal junto nos crimes e na cadeia |
Inclusão e diversidade parecem ter sido desde a
ideia embrionária, a premissa do que se faria em Orange. Afinal, ela também
adentra com bastante propriedade no universo das relações lésbicas. Cenas
explícitas de sexo, nudez e sensualidade transitam com muita espontaneidade em
meio ao desenrolar de cada episódio. Tão rica quanto diversa apresenta todos os
tipos de lésbicas: as mais masculinizadas, as mais femininas, as mais frágeis,
as mais duronas. Tem de tudo. Para todas. Importante dizer que a série não faz
"propaganda gay" ou quer impor uma "ditadura arco íris".
Pelo contrário. Faz das diferenças o combustível para a reflexão. Laverne Cox é
o símbolo disso. A atriz dá vida a Sophia, detenta transsexual que trabalha
como cabeleireira das companheiras do distrito prisional. Sua atuação e
representatividade fizeram da artista uma das mulheres mais influentes do
mundo, segundo a conceituada revista "Times". Também fizeram dela uma
das mais lindas, posando até nua para revistas de moda. Um "tapa na
cara" da sociedade mundial que exauri os transgêneros por sua forma, sem
dar-lhes a chance de mostrar os méritos de suas capacidades.
A transsexual Laverne Cox: símbolo da diversidade sexual |
Diante disso tudo, Orange is The New Black é um
programa sem precedentes no leque de opções atuais, seja na TV aberta, fechada
ou pela internet. É completa em todos os sentidos quando não se prende a
rótulos ou falsos artifícios para conquistar o público. Sabe entreter,
emocionar, refletir e te deixar com raiva na mesma proporcionalidade de sua
qualidade. Haja fôlego para tantas vicissitudes! Portanto leitor aqui vai uma
dica: se você é do tipo de público que não moraliza as atitudes alheias, sabe
lidar com as diferenças, não "fere" seus olhos com beijos, sexo e
palavrões entre mulheres e também não vê problema em trocar uma sexta feira a
noite na balada por uma "sessão pipoca", deleite-se e prepare-se para
o vício. Casa contrário, não perca seu tempo.
Coluna: Segunda Tela Autor: Jean Pierry Leonardo
Coluna: Segunda Tela Autor: Jean Pierry Leonardo