quinta-feira, 19 de maio de 2016

A dona da bola

19/05/16
Coluna: Manifesto Futebol Clube
Autor(a): Fabio Rodrigues

Nina Beatriz Lessa Santos, nasceu em 26 de março de 1986, em Maceió. Logo aos 2 anos de idade, a alagoana trocou a terra do sururu pelo Rio de Janeiro, onde se fixou na Tijuca – situada na zona norte do estado. Formou-se em jornalismo na Universidade Estácio de Sá. Em sua carreira, teve passagens por Bondfaro, Ricoh Brasil, Jogatina, EzLearn, Rádio Transamérica, Rádio Cidade Web Rock/JB FM e globoesporte.com. Atualmente, integra o Rock Bola da Rádio Cidade. O programa acontece de segunda à sexta, das 20:00h às 21:00h.

Confira o bate-papo que o MFC teve com a jornalista:

MFC. Atualmente, qual a principal dificuldade encontrada na profissão de jornalista?
Emprego (risos)

MFC. Em qual profissional da área você se inspira?
Muitos, mas começou com Alex Escobar, depois Fernanda Gentil e por aí foi até hoje, que admiro pessoas com quem trabalho.

MFC. A internet é (foi) importante na sua carreira?
Meu trabalho sempre foi na web, desde meu primeiro emprego até hoje. Conheci as principais redes sociais da história da internet aprendendo e crescendo com elas. Vivo disso e adoro. A internet é maravilhosa, seria ótimo se as pessoas aprendessem a usar pra sempre tirar o melhor dela.

MFC. Você é uma pessoa com uma opinião forte, essa é uma das principais características que um jornalista precisa ter?
Não; o jornalista informa, o formador de opinião é uma opção nossa, não a obrigação.

MFC. O jornalismo esportivo, principalmente no futebol, é uma área muito machista. O que é preciso fazer para que as mulheres conquistem mais espaço nesse mercado?
É só deixar de ser machista e tratar mulher como se trataria um homem. A gente só quer isso mesmo, não é difícil.

MFC. Como pintou a oportunidade de fazer parte da rádio cidade?
Comecei lá ainda na época em que a rádio só estava online, em 2008, como estagiária. Foram dois anos estagiando e mais um ano na área comercial da rádio. Eu trabalhava com transmissão esportiva na rádio Transamérica, conheci o pessoal da rádio e eles me avisaram que teria vaga pra estágio. Fiz a prova e passei!

MFC. Como que é trabalhar com aquelas figuras do rock bola?
Só não sou mais feliz e realizada porque não sou riquíssima e poderosíssima. Hahahaha

MFC. No rock bola, você fica nas redes sociais do programa. Você tem preferência por alguma? Tem alguma que seja mais importante para o jornalista?
O jornalista não pode mais estar out das redes sociais porque é nelas que está o leitor. Eu tenho todas, mesmo preferindo o Twitter. Como não amar uma rede social sucinta? Todo jornalista gosta de passar sua informação de forma clara e objetiva. Porém, gosto e uso todas, é meu trabalho e aprendi que não existe mais meio sem a mídia social.

MFC. Todos os ouvintes sabem para qual time cada um dos integrantes do rock bola torcem. Isso dificulta ou ajuda a vida de um jornalista?
No início, pensei que dificultaria, mas nosso público não é idiota e sabe separar as coisas. Procuro brincar, sem nunca deixar que o profissionalismo seja apagado.


MFC. O rock bola é um programa de futebol com um toque humorístico. Muitos não gostam da combinação de jornalismo com entretenimento. Você acha que dá pra fazer jornalismo junto com entretenimento? 
Hoje em dia nem metade dos jornais, seja na TV, rádio ou qualquer mídia, ficam sem humor. Não dá pra fingir que a linguagem leve da internet não chegou em todos os lugares. Por mais que muitos programas e apresentadores, além de repórteres, ainda sejam mais sério, a tendência é que esse número se modifique mais ainda com o passar do tempo. Mas no caso do futebol, é até piada ruim não usar o humor no ramo de maior entretenimento do país.

MFC. Há pouco tempo, o Fluminense se sagrou campeão da Primeira Liga que é uma tentativa de fazer que os clubes sejam mais independentes das federações. Como você vê essa questão?
Eu acho ótimo e torço pra que mantenha no ano que vem, crescendo mais ainda. O futebol é de todos e pra todos, o monopólio deveria acabar o quanto antes, já que mais prejudica do que ajuda.

MFC. Recentemente, você foi palestrante em uma Universidade. Qual foi a sensação?
Na verdade já faz quase 3 anos, então estou à disposição pra quem quiser me chamar pra palestrar de novo.  Amei a experiência e adoraria repeti-las pra ajudar quem ainda está começando e tem muitas dúvidas sobre a carreira.

MFC. Um recado para quem sonha um dia se tornar um jornalista.
Meu jovem, veja se é isso mesmo que você quer. Leia, escreva, aprenda a se expressar e interpretar texto. Não seja um babaca, distorcendo as falas do seu entrevistado. Aprenda que o mundo tem um monte de “cretininhos", mas não seja um deles. Você não vai se arrepender disso. Ser jornalista é ótimo, mas só se você tiver muita certeza de que é isso mesmo que quer. Se não, mude de rumo e seja feliz.

Nina Lessa é uma das representantes feminina no jornalismo esportivo, área que privilegia os homens. É verdade que nos últimos tempos não só dentro do jornalismo, mas no mercado de trabalho como um todo, as mulheres vêm ganhando seu espaço. Entretanto ainda sofrem bastante preconceito, e tem sua imagem estereotipada. Principalmente no futebol, onde uma galera cisma que esse esporte é coisa de macho. A alagoana quebra esse paradigma, e todas as noites na Rádio Cidade 102,9 FM mostra que é a dona da bola.

Recentemente, o podcast Just Not Sports (Não é apenas esportes) realizou um teste simples, entretanto, eficaz. Homens e mulheres jornalistas da área esportiva frente a frente. O vídeo foi intitulado #MoreThanMean, algo como “mais do que significativo”, mostra o caminho árduo que as guerreiras precisam percorrer para serem aceitas. De cantadas simples até as ofensivas, xingamentos, calúnias, difamações, vale tudo. Infelizmente, ainda não há tradução para o vídeo. No entanto, é nítido o constrangimento na expressão de cada homem.

Confira abaixo a ação:



Imagem: blueconteudo.com.br