domingo, 12 de junho de 2016

Agentes do Méier Presente agridem alunos em passeata por melhorias na educação

Felipe Migliani
felipemigliani@yahoo.com.br




Os agentes da operação ‘Méier Presente’ agrediram os estudantes da passeata ‘Trancasso das escolas ocupadas do Grande Méier’ que aconteceu na última sexta-feira (10) na Rua Dias da Cruz, principal via da região. Os funcionários do Sistema Fecomércio RJ usaram spray de pimenta e reprimiram os alunos com socos, chutes e cotoveladas. Dois estudantes desmaiaram e mais de 15 foram levados para o Centro Municipal de Saúde Cesar Pernetta devido à intoxicação causada pelo spray.

Ato do Trancasso das Escolas do Grande Méier, realizada na última sexta (10).
(Foto: Ocupa Central)
A concentração do ato aconteceu às 16 horas na Praça Agripino Grieco. A passeata começou a percorrer a Dias da Cruz, no sentindo Engenho de Dentro, às 17 horas e 40 minutos.  O ato contava com aproximadamente 50 estudantes dos Colégios Estaduais Antônio Houaiss, Central do Brasil e Visconde de Cairu. Os alunos cantavam músicas e exibia cartazes de forma pacífica em protesto aos diversos problemas da educação estadual. 

Agente da Operação Méier Presente espirrando spray de pimenta
no rosto da estudante. (Foto: Ocupa Central)

Por volta das 18 horas, quando a manifestação chegou próxima a esquina com a Rua Ana Barbosa, os agentes da Operação Méier Presente agiram com truculência, violentando os estudantes. Dois alunos desmaiaram e mais de 15 foram intoxicados pelo spray utilizado pelos funcionários da Fecomércio RJ. Os alunos agredidos não receberam nenhum tipo de atendimento médico e foram levados pelos próprios colegas para o Centro Municipal de Saúde Cesar Pernetta, localizado na própria Ana Barbosa.

“Cheguei e tinha um grupo cantando animado quando do nada as pessoas começaram a se empurrar e comecei a sentir o cheiro (do spray). Todo mundo estava tossindo. Os agentes deram socos no rosto dos estudantes, um deles acertou um chute na costela de um garoto. Tinha alunos desmaiados, chorando e correndo dos agentes. Quando um dos alunos estava desmaiado no chão perguntamos aos policiais se não ima chamar a ambulância para socorrer. Eles disseram que não chamariam que nós chamássemos os pais desse bando de ‘vagabundos’. Depois do acontecido tentaram justificar a ação nojenta e absurda!”, disse um estudante presente na passeata.


“Eu estava filmando porque eles também estavam gravando a gente. Um deles deu um soco na minha mão e tacou meu celular no chão, pois eu estava filmando eles empurrando e tacando spray de pimenta na cara dos estudantes sem terem motivos. Eles disseram que os motoristas querem passar e a que nós estamos errados, mas estamos no nosso direito aqui. Não tem motivo para estarem batendo na gente. Não tem motivo para terem feito isso. Isso aqui estava pacífico até eles chegarem. É assim que está, continuam batendo em estudante”, desabafou uma aluna agredida pelos agentes da operação Méier Presente no vídeo. Logo após, outra estudante desabafou gritando: “É para vocês verem, todo mundo aqui tem filho, primo e tudo, mas nos ignoram porque estamos lutando por uma educação melhor. É para vocês verem o que o policial faz com o estudante. Por que o policial trata a gente assim?! Pois nem bicho é tratado assim, nem bicho recebe spray de pimenta diretamente no rosto”.


No segundo vídeo, abaixo, aparece uma estudante desorientada no chão por causa do efeito do spray de pimenta utilizado pelos funcionários da Fecomércio RJ. O cinegrafista amador perguntou para outro estudante o que aconteceu, e ele disse: “chegaram e jogaram spray de pimenta na nossa cara, agredindo os alunos.” Depois, os manifestantes cantaram em protesto contra os agentes: “Que vergonha, que vergonha deve ser. Quatro mil estudantes sem ter o que comer. Que vergonha, que vergonha deve ser”.

Neste terceiro registro, abaixo, feito por um dos manifestantes, um estudante aparece com leite de magnésia no rosto para amenizar os efeitos do spray. O aluno relata que um dos agentes deu um tapa no celular do seu colega. Em seguida, o relator foi segurado e agredido com spray de pimenta no rosto. 


Desdobramentos nas redes sociais 


As páginas Ocupa Amaro, Ocupa Cairu e Ocupa Central publicaram os vídeos da agressão nas redes sociais. A página do Jornal Fatos & Fotos do Grande Meyer compartilhou os registros em sua linha do tempo. Um seguidor do jornal, que não será identificado, comentou: “Isso é mentira, eu estava lá e não foi assim que aconteceu! Eles fecharam o trânsito na hora do hush e a polícia liberou a rua! Não é tirando o direito dos outros de ir e vir que se faz luta por direitos! Os direitos e a luta dos estudantes é justa, mas essa luta não pode se sobrepor aos direitos dos outros! Protestos desse tipo jogam a população contra os manifestantes, o apoio diminui e o movimento perde a força!! E depois que o tumulto está formado nenhum lado tem mais razão!!”
Comentário de um seguidor da página 'Jornal Fatos & Fotos do Grande Meyer.
(Foto: print do comentário na página)

Uma seguidora comentou: “Eles só querem bagunça. Se quisessem estudar estavam na escola mesmo sem professores, pedindo uma escola livre de bagunça. Ela afirmou que os alunos não possuem cultura para protestar. Depois, acusou a página 'Jornal Fatos & Fotos do Grande Meyer' de pertencer a um partido político.
Uma das seguidoras acusou a página do jornal de pertencer
a um partido político. (Foto: print de um comentário da página)
Entramos em contato com a assessoria de imprensa do Sistema Fecomércio RJ, mas até o momento da publicação da reportagem ela não nos respondeu.