terça-feira, 29 de julho de 2014

Israel e o 'Domo de Ferro'

Os generais israelenses ficarão satisfeitos com os resultados da Operação Pilar de Defesa, especialmente quando os compararem à malograda guerra do Líbano em 2006 ou à altamente destrutiva Operação Chumbo Fundido, quando forças israelenses invadiram a Faixa de Gaza por três semanas entre o fim de 2008 e início de 2009. Apesar de sua postura pública desafiadora, o Hamas foi seriamente atingido. A habilidade do Hamas de causar danos a Israel com um arsenal de mísseis cada vez mais eficientes está ameaçada. Israel provou que pode identificar lançadores bastante escondidos e destruí-los, enquanto que seu novo sistema de defesa contra mísseis – Domo de Ferro – desenvolvido com a assistência financeira dos EUA, se revelou altamente eficiente.
O Domo de Ferro monitora mísseis disparados, determina se estão em uma trajetória que atingiria uma área povoada e, caso afirmativo, lança interceptores para destruí-los no ar. Os israelenses afirmam ter nocauteado mais de 85% dos mísseis direcionados contra suas cidades e vilas. Considerando que dez novos Domos de Ferro serão ativados em breve, o Hamas terá que usar números ainda mais vastos de mísseis para ter uma boa chance de ultrapassar o sistema, o qual é constantemente refinado e aprimorado. O General Mike Herzog, ex-chefe de gabinete do ministro de defesa da Israel, Ehud Barak, considera o Domo de Ferro “uma realização técnica sem precedentes”.
Embora os interceptores tenham o custo unitário de US$ 45 mil (cerca de 50 vezes o preço da maioria dos mísseis destruídos por ele), o Hamas terá que se esforçar para recompor seus estoques de morteiros e, após seu apoio à insurreição na Síria, receberá menos apoio do Irã. Como parte de qualquer cessar-fogo permanente, Israel insistirá que o Egito fiscalize com severidade o contrabando de peças de mísseis que entram em Gaza pelo Sinai. Caso não logre sucesso, o país corre o risco de perder o auxílio humanitário de US$ 1,3 bilhão que recebe dos EUA.
O Hezbollah, o partido-milícia xiita que controla a maior parte do sul do Líbano, também pode estar preocupado com o sucesso do Domo de Ferro. Seus mísseis são mais numerosos e mais sofisticados, mas eles também podem enfrentar problemas de recomposição de estoque já que o Irã, seu principal fornecedor, pode ter a sua rota através da Síria obstruída.

A estratégia de mísseis do Hamas foi comprometida, mas, a não ser que seu estoque tenha sido completamente extinto, ainda será possível lançar o ocasional ataque de efeito psicológico contra seu inimigo. Embora os mísseis atirados contra Tel Aviv tenham caído no mar e outro direcionado para Jerusalém não tenha atingido o parlamento Israelense, seu alvo pretendido, o fato deles terem conseguido penetrar tão profundamente no coração de Israel perturbou muitos israelenses.