segunda-feira, 18 de maio de 2015

Voltemos à 87

18/05/15

Foto: Diário de Pernambuco

Toda a polêmica em torno do assunto começou pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A principal entidade do futebol nacional, que hoje tem lucro de milhões todos os anos, em 1987 enfrentou o seu pior momento. Incapaz de organizar um Campeonato Brasileiro, o órgão delegou esta função aos próprios clubes, dando o seu aval para esta empreitada.

Foi desta forma que os times mais tradicionais na ocasião se reuniram para criar a Copa União, parceria esta que viria a culminar com o surgimento do Clube dos 13. Dispostos a viabilizar uma competição, as equipes buscaram juntas patrocínios e ainda fecharam um acordo com a Rede Globo.
  
Dessa forma, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama (fundadores da Copa União e do Clube dos 13) convidaram Coritiba, Goiás e Santa Cruz e montaram um torneio com 16 equipes.

Após dois turnos, Atlético-MG, Flamengo, Internacional e Cruzeiro chegaram às semifinais. Cariocas e gaúchos venceram seus confrontos e, após os dois jogos das finais, os flamenguistas comemoraram o título.

Essa poderia ser a única história do campeonato nacional de 1987, se não fosse, novamente, pela CBF. Mesmo com o aval ao novo torneio, a entidade mudou de ideia e resolveu montar também uma competição própria, paralela à Copa União.

Dessa forma, a CBF instituiu que a Copa União, que teria os 16 clubes criadores do torneio, passaria a ser o Módulo Verde da competição. Além dela, a entidade máxima do futebol instituiu o Módulo Amarelo, com times que não estavam neste primeiro "pelotão", mas que não poderiam ser considerados de segunda divisão, casos do Guarani, vice-campeão no ano anterior, por exemplo.

No novo Módulo Amarelo, 16 times foram divididos em dois grupos. Os escolhidos foram América-RJ, Atlético-GO, Atlético-PR, Bangu, Ceará, Criciúma, CSA, Guarani, Inter de Limeira, Joinville, Náutico, Portuguesa, Rio Branco, Sport, Treze e Vitória.

Chegaram à final Guarani e Sport. Os paulistas venceram a primeira partida, em Campinas, por 2 a 0. Os pernambucanos, por sua vez, derrotaram o adversário em seus domínios e, após um empate por 0 a 0 na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. Depois de 11 cobranças convertidas para cada lado, os dois clubes fecharam um acordo para dividir o título.

A polêmica começa a partir deste momento. Quando decidiu aumentar o número de clubes na Copa União, a CBF instituiu que os dois primeiros colocados dos módulos Verde e Amarelo deveriam se enfrentar em um quadrangular para, aí sim, definir quem seria o campeão daquela temporada.

O problema é que os participantes do Módulo Verde sempre foram contra esta proposta e, quando o quadrangular foi realizado, Flamengo e Internacional simplesmente não jogaram. Desta forma, a CBF considerou que as partidas de Sport e Guarani contra esses dois clubes foram vencidas por W.O.

Com isso, no começo de 1988, Sport e Guarani voltaram a fazer uma espécie de final. No primeiro confronto, empate por 1 a 1 e, no dia 7 de fevereiro, os pernambucanos venceram por 1 a 0 e foram intitulados, pela CBF, campeões brasileiros de 1987.

Assim, o Flamengo foi o vencedor do torneio disputado entre os idealizadores da Copa União, competição que teve aval da CBF, enquanto o Sport ganhou outra competição criada posteriormente pela própria entidade que comanda o futebol brasileiro.

Porém as duas equipes brasileiras que disputaram a Taça Libertadores de 1988 foram Sport e Guarani.


Foto: Uol
Quando Diego Souza foi apresentado pelo Sport no ano passado, recebeu a camisa com o número 87 em referência ao principal título nacional conquistado pelo clube. Na ocasião os dirigentes deixaram claro que o número não era uma provocação ao Flamengo.

Mas Flamengo x Sport saíram de campo neste domingo mais rivais do que nunca.

Foto: Uol
Diego Souza foi o protagonista de um jogo completamente atípico.

O Sport foi para o intervalo, com o placar de 1x0 a seu favor. Graças ao pênalti convertirdo por Diego Souza, que na comemoração apontou para a numeração da camisa em suas costas.

No início do segundo tempo, o Sport ampliou o placar com um bonito gol de Elber. O Flamengo então começou sua reação, descontando com Canteros. 2x1.

Aos 38 minutos da etapa final, o goleiro Magrão deslocou o ombro após cair de mal jeito, e como o Sport já havia realizado as três substituições, coube a Diego Souza ir para a meta do Sport e segurar a pressão do Flamengo e sua torcida em busca do empate.

E Diego não conseguiu evitar. Everton empatou a partida. E o Sport com 1 jogador a menos só não tomou a virada pois o próprio Diego Souza defendeu o chute de Gabriel no último minuto.

Foto: Catolé News
Ele e os demais jogadores do Sport ficaram na bronca, pois o segundo gol do Flamengo saiu em um lance onde foi pedido o fair play, após o atacante Elber sentir câimbras e o próprio Diego Souza jogar a bola para lateral, para que seu companheiro fosse atendido. O problema é que Elber já havia se levantado, com ajuda do goleiro Paulo Victor. O Flamengo não devolveu a bola e na sequência empatou a partida.

Na saída de campo, Diego Souza saiu revoltado com a atitude dos rubro negros cariocas, e disse que terá volta no jogo do returno. O zagueiro Bressan rebateu dizendo: "Vamos ver então".

A briga que antes era judicial pelo título de 87, agora está decretada também dentro de campo.

Coluna: Apito Manifesto    Autor: Felipe Lavor