Coluna: CineManifesto Autor: Rodrigo dos Santos
A
vida de Leni Rienfenstahl é digna de um filme de superação, colocada no banco
dos réusacusada de ser conivente com o Partido Nazista, a ex-bailarina
apaixonou-se por direção de cinema ainda jovem quando assistiu uma transmissão
do caloroso discurso de Adolf Hitler.
Como atriz Leni protagonizou6 filmes e foi se
aproximando aos poucos do universo que fica por de trás das câmeras, já como
diretora produziu alguns longas e documentários, mas foi nas olímpiadas de 1936
que entre muitas medalhas que ela consagrou-se.
Com técnicas jamais vistas em transmissões e
reproduzidas até hoje como, a captação de imagens ao nível dos atletas de
maratona, usando câmeras sobre trilhos para acompanha-los e equipando
corredores que seguiam a prova trazendo assim um olhar interno do evento a
cineasta dirigiu Olympia que mostrava os jogos com uma estética e ângulos
inovadores que inspiraram grandes diretores dos tempos atuais, assista abaixo.
Olympia além
de polêmico por mostrar artistas nus, closes de corpos tensionados e
expressões, também foi utilizada plenamente como propaganda nazista.
Após alguns
documentários produzidos para o partido nazista, “o tiro no pé ” viria em 1934,
quando teria sido convidada pelo próprio Hitler a dirigir a maior de suas
obras.
Com recursos ilimitados para a realização de, “O
triunfo da vontade ” Leni Rienfenstahl convocou uma produção que contava com 30
câmeras e 100 técnicos, o que era um grande aparato para a época.
Mostrando o
sexto congresso e com claras intenções de propagar o nazismo o filme retratava
com bastante lucidez a fidelidade de um povo com o regime que mais tarde se
tornaria opressor, Leni por esta produção recebeu honrarias na França e
premiações nos EUA e na Suécia, na Alemanha atualmente o filme é proibido de
ser exibido.
Tantas
premiações e reconhecimento se reverteram em provas contra si própria, em 1945
no pós-guerra a cineasta foi presa por 4 anos e julgada em Nuremberg por
associação ao partido nazista, alegou que desconhecia das atrocidades
promovidas pelo partido e que filmou para Hitler apenas por 7 meses, foi
acusada também de usar ciganos nas filmagens de “Tiefland”, mas foi absolvida
por conseguir provar que todos eram seus amigos e que sobreviveram ao nazismo.
Mesmo livre
de todas as acusações que caíram sobre ela, a pior à acompanharia pelo resto de
sua vida.
A fim de retomar as filmagens, e dessa vez com uma
vasta experiência de vida, se viu no meio de enorme boicote a sua pessoa.
Justamente pelo seu passado, as portas se fechavam sempre que seu nome ou
trabalho era citado ou relacionado.
Partindo para
o mundo da fotografia,Leni Rienfenstahlse especializou no mundo subaquático e
produziu junto a NationalGeographic, “Impressões subaquáticas ” que contava a vida marinha.
Passou 6
meses convivendo com os Nubas, tribo do Sudão, retratou o ambiente e os
costumes transformando em livro.
Leni Rienfenstahl, não só foi do céu ao inferno, mas
também apertou a mão do diabo, talvez tenha sido injustiçada, talvez não, fez
parte de um período da história do qual alega com todas as forças total
isenção, sua consciência poderia muito bem corroê-la e condena-la à morte por
ostracismo, mas a mulher que um dia foi considerada, “a realizadora de Hitler”
e que não cedeu aos favores sexuais de um crápula da propaganda (Joseph
Goebbels), sobreviveu a um acidente aéreo aos 97 anos, mostrou uma volta por
cima e também não se deixou abater pelas críticas da opinião pública mundial
que a massacrava durante o decorrer dosseus 101 anos de vida, o cinema moderno
deve muito a genialidade de Leni Rienfenstahl.
Imagens: 1: Theapricit.com - 2: renegadebroadcasting.com - 3:
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