quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

#ManifestaRio: MANIFESTO CONSCIENTE NO ALEMÃO

FOTOS: JÉSSICA SOUTO

Complexo do Alemão, um dos maiores bairros cariocas, composto de diversas comunidades, como Morro do Alemão, Nova Brasília, Morro do Adeus, dentre outras. Sempre esteve à margem da sociedade, enfrentando problemas comuns às comunidades cariocas, e hoje, na cidade como um todo, como violência, confrontos pelo controle do tráfico de drogas, falta de iniciativas públicas mais básicas (como falta de saneamento em várias áreas, transporte público, segurança, dentre muitos outros).



Na manhã de 28 de novembro de 2010. O Complexo do Alemão desperta com suas ruas, becos e vielas ocupados por 2.800 homens da polícia civil e militar do Rio, do exército, marinha e da PF. Iniciou-se naquela data o Processo de Pacificação na área, seguido das instalações das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP’s).

A partir daí, seguiu-se uma série de promessas, o poder público passaria a atuar de maneira eficaz trazendo à comunidade a garantia da paz no direito de ir e vir, além de obras que garantiriam uma vida digna, sanando os problemas mais básicos da população (como os já citados acima). O sentimento nas ruas era de que uma nova realidade estaria começando para moradores que estavam habituados a conviver com a violência diária.



O Alemão ganhou visibilidade, foram construídas estações do famoso Teleférico, e algumas obras realmente aconteceram. Dias de “paz”, diziam alguns. Ledo engano. Algum tempo depois da Pacificação, muito bem comercializada pela mídia e pelas propagandas políticas até hoje, novos confrontos, cenários de violência ainda piores do que os vividos anteriormente, relatos de abusos de poder cometidos por policiais da UPP, morte de inocentes (inclusive crianças), o saldo negativo em quatro anos é enorme, principalmente no tocante à perda de (muitas) vidas humanas neste processo. O poder público perdeu de vez a credibilidade entre os moradores, que classificam a “Pacificação” como “uma maneira de ocultar o tráfico. Não de combater.”

Além disso, as poucas obras realizadas na comunidade só vão até onde as lentes da câmera das grandes mídias podem alcançar. Frequentemente vemos nas redes sociais desabafos e registros feitos pelos moradores, revelando o oculto, aquilo que o poder público insiste em esconder. Muitas áreas sem o mínimo de saneamento básico, com coleta de lixo precária ou inexistente, moradias precárias. O PAC prometido para toda a região favoreceu a poucos. Grande parte da população continua morando indignamente. Basta explorar algumas áreas, como a Pedra do Sapo, por exemplo, para conferir a legitimidade da insatisfação da população.



Este ano, os moradores do Morro do Alemão, exaustos do descaso e da glamourização falsa em torno da comunidade, resolveram ir além de protestar nas redes sociais. Espalharam cartazes improvisados, mensagens em muros da comunidade, dentre outras ações. 

O ato foi denominado  Manifesto Consciente, e visa chamar atenção do grande público à verdadeira realidade que estão vivendo. O Manifesta Rio teve acesso a algumas fotos desse Manifesto no Alemão, e estará acompanhando de perto a situação vivida pelos moradores, sempre trazendo à tona realidades que você, leitor, não verá exposto em muitos canais de comunicação.








A Coluna Manifesta Rio foi criada para dar voz e vez aos moradores da cidade para protestarem. Deseja reclamar de algum serviço público que não funciona no seu bairro? Envie vídeos, fotos ou cartas, nós publicaremos a sua denúncia! Contate-nos no e-mail manifestonofacebook@gmail.com.