FOTOS: JÉSSICA SOUTO
Complexo
do Alemão, um dos maiores bairros cariocas, composto de diversas comunidades,
como Morro do Alemão, Nova Brasília, Morro do Adeus, dentre outras. Sempre
esteve à margem da sociedade, enfrentando problemas comuns às comunidades
cariocas, e hoje, na cidade como um todo, como violência, confrontos pelo
controle do tráfico de drogas, falta de iniciativas públicas mais básicas (como
falta de saneamento em várias áreas, transporte público, segurança, dentre
muitos outros).
Na
manhã de 28 de novembro de 2010. O Complexo do Alemão desperta com suas ruas,
becos e vielas ocupados por 2.800 homens da
polícia civil e militar do Rio, do exército, marinha e da PF. Iniciou-se
naquela data o Processo de Pacificação na área, seguido das instalações das
Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP’s).
A partir daí, seguiu-se uma série de promessas, o poder
público passaria a atuar de maneira eficaz trazendo à comunidade a garantia da
paz no direito de ir e vir, além de obras que garantiriam uma vida digna,
sanando os problemas mais básicos da população (como os já citados acima). O sentimento
nas ruas era de que uma nova realidade estaria começando para moradores que
estavam habituados a conviver com a violência diária.
O Alemão ganhou visibilidade, foram construídas estações
do famoso Teleférico, e algumas obras realmente aconteceram. Dias de “paz”, diziam
alguns. Ledo engano. Algum tempo depois da Pacificação, muito bem
comercializada pela mídia e pelas propagandas políticas até hoje, novos
confrontos, cenários de violência ainda piores do que os vividos anteriormente,
relatos de abusos de poder cometidos por policiais da UPP, morte de inocentes
(inclusive crianças), o saldo negativo em quatro anos é enorme, principalmente
no tocante à perda de (muitas) vidas humanas neste processo. O poder público
perdeu de vez a credibilidade entre os moradores, que classificam a “Pacificação”
como “uma maneira de ocultar o tráfico. Não de combater.”
Além disso, as poucas obras realizadas na comunidade só
vão até onde as lentes da câmera das grandes mídias podem alcançar.
Frequentemente vemos nas redes sociais desabafos e registros feitos pelos
moradores, revelando o oculto, aquilo que o poder público insiste em esconder.
Muitas áreas sem o mínimo de saneamento básico, com coleta de lixo precária ou
inexistente, moradias precárias. O PAC prometido para toda a região favoreceu a
poucos. Grande parte da população continua morando indignamente. Basta explorar
algumas áreas, como a Pedra do Sapo, por exemplo, para conferir a legitimidade
da insatisfação da população.
Este ano, os moradores do Morro do Alemão, exaustos do
descaso e da glamourização falsa em torno da comunidade, resolveram ir além de
protestar nas redes sociais. Espalharam cartazes improvisados, mensagens em
muros da comunidade, dentre outras ações.
O ato foi denominado Manifesto Consciente, e visa chamar atenção do
grande público à verdadeira realidade que estão vivendo. O Manifesta Rio teve
acesso a algumas fotos desse Manifesto no Alemão, e estará acompanhando de
perto a situação vivida pelos moradores, sempre trazendo à tona realidades que
você, leitor, não verá exposto em muitos canais de comunicação.
A Coluna Manifesta Rio foi criada para dar voz e vez aos
moradores da cidade para protestarem. Deseja reclamar de algum serviço público
que não funciona no seu bairro? Envie vídeos, fotos ou cartas, nós publicaremos
a sua denúncia! Contate-nos no e-mail manifestonofacebook@gmail.com.