Uma partida de futebol deixa de ser atrativa quando o personagem principal do jogo passa a ser o árbitro e seus auxiliares. E foi assim que Flamengo x Vasco deixou de ser uma atração futebolística e se tornou um campo de UFC.
Apitar o clássico de maior rivalidade no Rio de Janeiro não deve ser realmente fácil, a pressão de ambos os lados por uma vantagem no primeiro jogo da semifinal é exorbitante e cabe ao árbitro segurar a onda ou não.
Se a pressão pelos aspectos da partida são grandes, um fato antes do apito inicial fez com que as coisas piorassem. Segundo o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE), um torcedor do Vasco foi preso por invadir o campo. Ele tentou arremessar seu tênis em direção ao trio de arbitragem que se aquecia no gramado. Por estar na mureta, acabou tropeçando e caindo dentro de campo. Os seguranças do Maracanã e a polícia o seguraram para que não chegasse até o trio de arbitragem.
O torcedor se defendeu dizendo que foi provocado por um dos 'bandeirinhas', mas não soube identificar qual dos dois o provocou.
O trio de arbitragem já entrou em campo 'pilhado' para o início da partida, porém não é justificativa para o que houve nos 90 minutos seguintes. E o árbrito João Batista de Arruda teve uma tarde para esquecer.
Logo com 10 minutos de jogo Jonas deu um chute que atingiu o rosto e o ombro de Gilberto. E daí veio o erro que mudou o rumo da partida, ao não expulsar o jogador do Flamengo, que recebeu somente o cartão amarelo. Praticamente todo time do Vasco partiu para cima do árbitro cobrando a expulsão. Mas foi o próprio árbitro que quase foi expulso por Guiñazu que o peitou e tirou sua autoridade em campo. Nem amarelo levou.
Mudou-se o rumo, pois para o árbitro, continuar com o erro é manter o critério e sinônimo de não favorecer a um ou outro time na partida.
E assim o futebol deixou de ser futebol. Na cabeça dos jogadores, se um lance como esse não é passível de expulsão, outros tantos lances do mesmo nível também não serão. E a pancadaria pode rolar à vontade.
Foi o que aconteceu no início do segundo tempo, quando Wallace e Rodrigo se desentendaram dentro da área e logo depois Marcelo Cirino entrou de sola na canela de Guiñazu. Mais uma vez somente cartão amarelo.
Aos 19 minutos, Dagoberto com as duas mãos fechadas deu um forte empurrão em Bressan, pelas costas e o árbitro mais uma vez nada fez.
Por fim, Marcelo Cirino ia em direção à àrea, mas foi puxado por trás por Luan. A falta foi aplicada, mas novamente só cartão amarelo.
Se dentro de campo o clima era de guerra, fora dele, Luxemburgo e Doriva fizeram uma resenha pacífica à beira do gramado sobre a péssima atuação da arbitragem e foram advertidos pelo quarto árbitro para que voltassem às suas áreas técnicas.
Os jogadores do Flamengo ainda ficaram na bronca quando o árbitro apitou o fim de jogo em um contra-ataque rubro negro.

A arbitragem de todo o campeonato foi ruim? Em média sim. Coisas absurdas aconteceram durante o Estadual, como o sumiço da súmula do jogo entre Madureira x Fluminense que pelo estatuto deve ser publicada no site da Federação em menos de 24 horas após o apito final e teve sua divulgação com 12 horas de atraso, pois haviam perdido o documento.
Sem contar o fato de que em alguns jogos, árbitros que não participaram do sorteio de escalação, foram mesmo assim escalados para apitarem os jogos. Então pra quê existe o sorteio?
Vale ressaltar que o ábitro do clássico deste domingo foi o mesmo que apitou o clássico do dilúvio que caiu no Maracanã. Na ocasião, ele não teve problemas.
Quem quiser mudar este quadro, a partir do dia 1º de outubro deste ano, quem tiver acima de 17 anos poderá comparecer à sede da escola de árbitros da FERJ, ao lado do Marcanã, para realizar sua matrícula no Curso de Arbitragem que terá início em fevereiro de 2016.
O curso tem um valor total de 6.400 reais e clássicos como o deste domingo servem não só para ajudar no retorno financeiro investido no curso, mas também para se obter um reconhecimento, já que no Brasil árbitro não é profissão.
E os que pedem a profissionalização da arbitragem, precisam saber que a mentalidade também precisa ser profissionalizada. Ou então esse hobby continuará prejudicando o nosso futebol.
Felipe Lavor