segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

MULHER MANIFESTO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. O MAIOR ALIADO É O SILÊNCIO?


Atualização (24/02/16)



Olá, querida leitora, ou leitor! Estávamos combinadas (os) de publicar hoje uma entrevista com Eliete Silva, empreendedora e empresária, entretanto, devido a problemas pessoais,  nesta edição não será possível exibí-la, ficando para a próxima coluna, na semana que vem.

Sendo assim, reprisaremos uma das matérias mais lidas do Mulher Manifesto e, apesar de ser do ano passado, aborda um assunto atual, infelizmente: a Violência contra a Mulher. Mais de doze meses se passaram desde então e as estatísticas contidas aqui cresceram ainda mais. Os números são aterrorizadores. Mesmo com as iniciativas mais recentes visando combater esse quadro, como a Lei Maria da Penha, por exemplo, o quadro de violência permanece assustador.
Assista ou apenas ouça a forte mensagem do grupo Atitude Feminina, com a música Rosas. Ela retrata a realidade de muitos casos.
 






ESTATÍSTICAS:

         BRASIL: 7º colocado no Ranking Mundial nos dados sobre a violência contra a mulher;
         A cada 15 segundos, uma mulher é agredida no Brasil;
         A cada ano, dois milhões de mulheres são espancadas por maridos e namorados;


Os dados a seguir foram retirados, integralmente do site: 


          3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos, aponta pesquisa de Novembro/2014.
          91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”; uma em cada cinco mulheres considera já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”; o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais de 80% dos casos reportados.
          77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente. É o que revela o Balanço dos atendimentos realizados de janeiro a junho de 2014 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).
         “Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”. Concordaram com esta afirmação, total ou parcialmente, 91% dos entrevistados em maio e junho de 2013 pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada); ao mesmo tempo, 26% concordam que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. 


Violência Sexual no Brasil

Em 2011, foram notificados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia m 2012, conforme dados do Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

Mapa da Violência 2012 – Instituto Sangari (abril de 2012):

De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% – mais que triplicando – nos quantitativos de mulheres vítimas de assassinato.
De 1996 a 2010 as taxas de assassinatos de mulheres permanecem estabilizadas em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres. Espírito Santo, com sua taxa de 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa do Piauí, estado que apresenta o menor índice do país.
 
Entre os homens, só 14,7% dos incidentes aconteceram na residência ou habitação. Já entre as mulheres, essa proporção eleva-se para 40%.
Duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres; em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício da violência contra a mulher.





A LEI MARIA DA PENHA

A Lei número 11,340, sancionada pelo presidente Lula em agosto de 2006, foi batizada de LEI MARIA DA PENHA, em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes. Ela foi vítima de violência doméstica durante 23 anos de casamento. Em 1983, o marido por duas vezes, tentou assassiná-la. Na primeira vez, com arma de fogo, deixando-a paraplégica, e na segunda, por eletrocussão e afogamento. Após essa tentativa de homicídio ela tomou coragem e o denunciou. O marido de Maria da Penha só foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos em regime fechado, para revolta de Maria com o poder público.

Em razão desse fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que é um órgão internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação desses acordos internacionais. (Fonte: Wikipédia)

A Lei foi criada a fim de possibilitar mecanismos de punição e proteger mulheres vítimas de violência doméstica. Recebe críticas positivas e muitas negativas. O fato é que, como percebemos nas Estatísticas acima, os números ainda são alarmantes.


O MAIOR ALIADO É O SILÊNCIO?

Muitos alegam que o silêncio da mulher em relação à violência sofrida, principalmente, em seus próprios lares, é a causa principal para fortalecer o agressor. Muitas se calam por vergonha, medo, e por incrível que pareça, alegando amor. Alegando acreditarem que um dia seu amor irá mudar, muitas vão aceitando o comportamento violento de seus companheiros e vivendo anos e mais anos de tortura física e psicológica (Li sobre muitos casos em que a vítima se arrepende e retira a queixa no dia seguinte à denúncia).

Porém, o que temos visto é que não, o maior aliado da violência no Brasil NÃO É O SILÊNCIO, pois até esse, por vezes é fruto da IMPUNIDADE.

Embora eu também acredite que mulher nenhuma deve se calar diante de nenhum abuso ou violência, temos de convir também que é fácil para nós incentivar a denúncia, e muito difícil para a vítima tomar essa decisão, com motivos razoáveis. Além de (muitos) relatos de vítimas que são interpeladas em delegacias com total despreparo e desrespeito, sendo colocadas na posição de ré, com pessoas que ao invés de protegerem, buscam em seus depoimentos motivos que justifiquem a atitude do agressor, principalmente no caso de abusos sexuais, ainda há a deficiência quanto a punição ao agressor. Muitos ficam presos por poucos anos, e retornam fazendo novamente de vítimas àquelas que denunciaram (quantos casos de agressores que colecionavam boletins de ocorrência para, enfim, fazer vítimas fatais).
O fato é que o assunto é complexo, tem de ser amplamente discutido e essas mulheres mais bem amparadas por leis que as protejam de fato. A impunidade deve ser combatida. Não dá para um indivíduo agredir uma mulher violentamente, pagar uma fiança ou cestas básicas, e ser posto em liberdade indiscriminadamente, enquanto suas vítimas é que viram prisioneiras do medo, do silêncio e da ineficácia do poder público.