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FOTOS: SBT |
Com a onipresença de personagens gays nas novelas
brasileiras - leia-se “Rede Globo” – não
fica difícil saber quais serão os próximos personagens do segmento. Mas sim, em
que novelas virão e que atores darão vida a eles. Contudo, sempre foi mais
comum a representação da homossexualidade masculina nas telas, talvez pela
maior abrangência de tipos. Entretanto, nos últimos anos e tramas, o
lesbianismo vem dando maior cara e lançando holofotes sobre a relação entre
mulheres.
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FOTOS: UOL |
Um dos primeiros casais de lésbicas das telenovelas
– no sentido maior de repercussão,uma vez que os personagens de novelas dos
anos 70/80 eram apenas indicações sutis, haja visto o conservadorismo da época
– que deu o que falar foi a dupla Laís (Christina Prochaska) e Cecília (Lala
Deheizelin), de “Vale Tudo” (1988). Ali, pelo fim dos idos dos lendários anos
80, as moças de Gilberto Braga foram um dos grandes destaques do folhetim, pois
não escondiam o amor que sentiam uma pela outra e a demonstravam, mesmo com os
porquês da época. Um marco na História da TV. Em “A Indomada” (1997) Zenilda
(Renata Sorrah) e Vieira (Catarina Abdalla) também tiveram vez. Outro casal de
lésbicas marcante foi Leila (Sílvia
Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni) de “Torre de Babel” (1998),
inesquecivelmente, mortas na explosão do shopping Center da novela.
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FOTOS: IG |
Nos anos 2000, as jovens Clara (Alinne Moraes) e
Rafaela (Paula Picarelli), de “Mulheres Apaixonadas” (2003) , de Manoel Carlos,
criaram polêmicas. Sintetizadas sob a forma mais livre de amor, na
efervescência de suas juventudes, as jovens demonstravam grande afeto e carinho
mútuos que incomodavam a muitos outros personagens da novela – e alguns mais
conservadores telespectadores - , mas não se abalaram e selaram – literalmente
– um beijo entre elas. Já Aguinaldo
Silva quis ousar mais nas cenas e nas personagens lésbicas de sua “Senhora do
Destino” (2004), quando Eleonora (Mylla Christie) e Jennifer (Bárbara Borges)
mantinham um intenso relacionamento, com cenas mais instigantes do romance.
“Belíssima” (2005) de Sílvio de Abreu, teve Rebeca (Carolina Ferraz) e Karen
(Mônica Torres) e “ A Favorita” (2008) marcou presença com Catarina (Lília
Cabral) e Stella (Paula Burlamaqui).
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FOTOS: GLOBO |
Pode parecer muito mais nem tanto. Aliás, uma
curiosidade: apesar de todas essas personagens terem sido de novelas globais,
foi o casal Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Gisele Tigre), de “Amor
& Revolução” (2011), do “SBT”, que mais “causou”. Em meio ao contexto da
Ditadura Militar do folhetim, as atrizes que deram vida as belas não tiveram
pudor e protagonizaram o primeiro beijo lésbico – e gay, no geral - da Televisão brasileira. Um marco e surpresa, uma vez que não se
esperava tanto delas e da novela em questão. Mesmo em uma época repressora,
elas viveram bem (escondidas) o amor entre si. Clara (Giovanna Antonelli),
Marina (Tainá Muller) e Vanessa (Maria Eduarda de Carvalho), de “Em Família”
(2014) foram as últimas a passarem pela TV, mas sem muito sucesso, por terem
sido “mornas” demais.
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FOTOS: DIÁRIO DE PERNAMBUCO |
Talvez por curiosidade, ou ainda pela maior liberdade
feminina aliada a uma maior tomada de consciência – com ainda muitas
dificuldades – da sociedade, que o lesbianismo venha ganhando terreno
dramaturgicamente. Apesar do politicamente correto existente, não há mais
limites que imponham restrições a essas representações. Na maioria das vezes
sendo mostradas de maneira fidedignas, ainda que seja ficção, o caminho traçado
por elas, desde “Vate Tudo” até a última que foi em “Em Família”, parece sem
volta. A homossexualidade global é tida por alguns como algo “forçado”, mas na
verdade representa uma parcela da sociedade existente e que também merece seu
espaço. Antes focadas nas mais jovens e adultas, as próximas lésbicas das
novelas terão mais idade. Afinal, elas envelhecem e suas vidas não param por
isso. “Sete Vidas”, de Lícia Manzo, promete trazer Regina Duarte como uma delas
e mãe de filhos gerados por inseminação artificial com sua parceira, já
falecida na história. Ótima oportunidade de conferir a “namoradinha do Brasil”
numa personagem fora da “zona de conforto”, no horário das 18h. Contudo, será
Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga que prometem causar
furor: o trio que escreve “Babilônia”, a próxima das 21h, incumbiu Fernanda
Montenegro e Natália Timberg – duas das maiores atrizes do Brasil – como um
casal homoafetivo, juntas há mais de 40 anos. Será curioso e ousado mostrar
como é ser gay na terceira idade, algo do qual não se fala.
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FOTO: GLOBO |
Finalizando, a homoafetividade lésbica na TV chegou
para ficar. Mulheres essas que dão tônica a toda uma segmentação em nossa
sociedade que sempre é tida e vista como preceitos de “cama, mesa e banho”.
Jovens, maduras, idosas, revolucionárias, polêmicas ou seja lá que definições
elas tenham, é o que tem pra hoje. Portanto viva e assista elas se libertarem.