domingo, 26 de outubro de 2014

MULHER MANIFESTO: SEXO FRÁGIL?? AQUI NÃO!!

Priscila Silva


Há algum tempo atrás me lembro de ter visto em um comercial de uma rede famosa de automóveis, que mostrava uma mulher vestida de executiva, chegando em casa e encontrando o marido cuidando da filha e preparando o jantar. Ele, logo seria surpreendido com um presente que sua esposa lhe entregaria: a chave de um carro que ela teria comprado para ele. Lembrando desta propaganda, refleti: esse comercial faria sentido décadas atrás? Certamente que não.
Historicamente a mulher foi sempre criada para exercer um papel no lar, tanto que as tarefas domésticas sempre foram por elas executadas (pelas mães que iam repassando esse conhecimento feminino às filhas), e para serem cuidadas por um homem. Já se perguntaram o porquê de, na cerimônia de casamento, a noiva ser conduzida pelo pai até o altar para ser entregue ao futuro marido? É uma tradição antiga que demonstrava que a partir dali, todos os cuidados e responsabilidades para com aquela mulher estavam sendo transferidos ao marido. Significava que uma mulher não poderia cuidar dela mesma sozinha, ou sem uma figura masculina ao lado.
A mulher foi classificada, pode-se dizer, por séculos, como sexo frágil, e até hoje é ainda assim rotulada por alguns. Mas qual o papel social da mulher? Do que se trata o papel social? Segundo a Sociologia, trata-se das funções e atividades exercidas pelo indivíduo em sociedade, principalmente ao desempenhar suas relações sociais ao viver em grupo. Após um longo período de opressão e discriminação, a passagem do século XIX para o XX ficou marcada pelo aumento do movimento feminista, o qual ganharia voz e representatividade política mais tarde em todo o mundo na luta pelos direitos das mulheres, dentre eles o direito ao voto. Essa luta pela cidadania não seria fácil, arrastando-se por anos. Prova disso está no fato de que a participação do voto feminino é um fenômeno também recente para a história do Brasil. Embora a proclamação da República tenha ocorrido em 1889, foi apenas em 1932 que as mulheres brasileiras puderam votar efetivamente.
Podemos destacar exemplos de mulheres fortes que marcaram por sua força e contribuíram em grandes momentos históricos mundiais, como Anita Garibaldi, que participou de conflitos como a Revolução Farroupilha, que aconteceu no sul do Brasil entre 1835 e 1845, tornando-seum exemplo de força e coragem no Brasil e na Itália. Outro exemplo é Leymah Gbowee, ativista africana que liderou mulheres na Libéria, um movimento que conseguiu, em 2003, pôr fim à Guerra Civil que tinha matado cerca de 250 mil pessoas até então. Ela venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2011.
Poderíamos citar muitos outros exemplos de mulheres comuns que nós conhecemos no nosso dia a dia, mulheres que, como eu e você, conseguem se equilibrar entre funções domésticas (que deixa de ser um papel exclusivamente feminino, mas ainda é realizado, na maior parte, por mulheres), e vão muito além, chefiando famílias, engajando-se em causas sociais, ocupando o maior número de cadeiras nas universidades  e, transpondo muitas barreiras impostas por um mercado de trabalho que ainda se mantém preconceituoso, ocupando cargos de alto prestígio, o que antes era exclusividade de homens. Temos como exemplo, a presidenta do nosso país, Dilma Rousseff, primeira mulher a ocupar o mais alto cargo executivo do Brasil.
Imagem: Ana Moura
Com todos esses feitos, como classificar a nós, como sexo frágil? Isso porque nem falamos sobre nossa condição biológica, que de delicada não tem nada. Somos detentoras de um aparelho reprodutor capaz de gerar uma vida (quer maior exemplo de força?), temos, comprovadamente dois cromossomos X, o que nos garante duas vezes mais imunidades contra doenças.
Não defendo aqui uma superioridade feminina em detrimento dos homens, a questão não é essa, mas rotular as mulheres como sexo frágil já não cabe mais. Eu rejeito esse rótulo.  Em um mundo onde a mulher, possui status, fundamentos jurídicos, poder e força econômica, contando ainda com a quebra de vários tabus, me faz refletir que o discurso machista já está pra lá de anacrônico.