terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Após invadir campo de futebol pedindo o impeachment, manifestante comemora em rede social


23/02/16   -   Coluna: Detetive Ponto Com    Autor: Marcos Furtado


No último domingo (21), a torcedora Kelly Cristina dos Santos, mais conhecida nas redes sociais como Kelly Bolsonaro, invadiu o campo do estádio Mané Garrincha, em Brasília, aos 33 minutos do segundo tempo do clássico “Fla x Flu”. Kelly estava enrolada em uma bandeira do Brasil e segurava um cartaz com os dizeres “Fora Dilma”.



No instante que a manifestante entrou no gramado a partida foi paralisada e parte da arquibancada aplaudiu a iniciativa da protestante.  Além do pedido de impeachment, Kelly Cristina, que não tem nenhum parentesco com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), convocava todos para a manifestação no próximo dia 13 contra o governo.



Atualmente a página oficial da jovem possui mais de dez mil curtidas e ainda convida todos a repetirem a sua atitude. “Todos podem fazer o mesmo, basta querer e tomar uma atitude. Chega de pagarmos uma conta que não é nossa!”. Além de compartilhar ideais de Bolsonaro, ataques ao PT e críticas ao feminismo. O “Detetive ponto com” verificou a página de Kelly e selecionou algumas de suas postagens mais polêmicas. 

Críticas a ideologia de gênero



Posicionamento contra o feminismo





Posicionamento contra o aborto















Posicionamento contra as cotas raciais














Em uma de suas postagens, Kelly utiliza um meme polêmico




O apoio a manifestante tanto em redes sociais como no campo só salienta o crescimento do "antipetismo" no Brasil. Uma pesquisa, divulgada no último domingo (21) pelo jornal Folha de São Paulo, constatou que os "antipetistas" cresceram de 7,49% do eleitorado em 1997 para 11,44% em 2014. O estudo elaborado pelo cientista político David Samuels, professor da Universidade de Minnesota (EUA), em parceria com o também cientista político Cesar Zucco Jr., apurou que o PT é o partido mais odiado e ao mesmo tempo querido do país. Atualmente 15,95% declaram simpatia pelo PT.

O sociólogo e diretor executivo da ESPOCC (Escola Popular de Comunicação Crítica) Eduardo Alves faz uma análise sobre o "antipetismo". 

"O PT foi o primeiro partido de esquerda de massas que conquistou cargos eletivos estratégicos em cidade, governos estaduais e no Governo Federal. O que chamam de 'antipetismo' tem se firmado como um movimento ideológico de direita que questiona conquistas que se materializaram nos governos petistas: cotas, direito das mulheres, direitos dos homossexuais, renda mínima, etc. Com todos os problemas dos governos petistas, e são muitos, há vários símbolos que se destacam como o combate a miséria, o maior número de negros das universidades e no ensino médio, o aumento das universidades públicas, e várias ações de direitos das mulheres, negros e homossexuais. Muito há que se avançar em todos essas políticas públicas. Mas o 'antipetismo' não se firma como um movimento propositivo contemporâneo, com propostas para avanços em direitos, superação de desigualdades e aprofundamento democrático. Ao contrário, o tal 'antipetismo' tem se marcado por uma onda ideologizada da direita conservadora. De um lado isso demonstra também o avanço democrático do país, pois, quando as forças conservadoras e autoritárias estiveram no poder do Executivo, as divergências foram cassadas, perseguidas e aniquiladas. Agora, se avança com liberdade para todo o tipo de exposição de ideologias e projetos. Ainda que muito tenha que se avançar na jovem democracia brasileira. Por outro, há um evidente crescimento da direita e dos setores conservadores como movimentos oposicionistas, tomando às ruas e querendo disputar o rumo do Brasil. O Brasil precisa melhorar muito, mas não será com práticas e estéticas intolerantes que virão melhorias, ao contrário, o crescimento da convivência para mais direitos e mais garantias que defendam a vida e a qualidade de vida são fundamentais. No centro da pauta desse momento está a necessária superação de políticas como as tais guerra às drogas; a superação das culturas racistas, machistas e sexistas; e a construção e conquistas de políticas públicas que avancem em superação das desigualdades. Superar principalmente essa 'desigualdade mórbida' que mata e prende mais pretos e pobres. Isso sim seria um bom investimento de energia para brasileiros e brasileiras; mas é um caminho antagônico daquilo que vem sendo conhecido como 'antipetismo'".


Imagens - Pagina oficial da Kelly Bolsonaro