quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

As bravas barras


18/02/16  -   Coluna: Manifesto Futebol Clube   Autor: Fabio Rodrigues


Movimento de torcedores dentro do futebol, as barras bravas tornaram-se extremamente populares na América do Sul. Tudo começou na Argentina, onde elas são conhecidas pelo apoio incondicional e pela violência. Influenciados pelos hermanos, a onda chegou ao Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul. Adeptos da dupla Gre-Nal formaram, respectivamente, a Geral do Grêmio em 2001 e quatro anos depois, surgiu a Guarda Popular do Inter. O sucesso do movimento em solo brasileiro não parou por aí.

Após a perda da Copa do Brasil de 2006 para o Flamengo, um grupo de vascaínos se indignou com o fato da torcida não ter comparecido e através da internet, usou o orkut como ferramenta de divulgação para o crescimento da ideia de um novo movimento. Se espelhando nas barras bravas argentinas, em agosto daquele ano nascia a Guerreiros do Almirante, mais conhecida como GDA. E para entender mais desse universo, trouxemos Jorge Henrique (líder da GDA-Valdureira) para um bate-papo exclusivo para o Manifesto.

O que é a Valdureira dentro da GDA?

JH: A Valdureira é o bairro mais novo dentro da GDA, e talvez, seja o menos conhecido, mas isso vai mudar. Começamos com 5 cabeças e agora já temos 30. A questão de ser o menos conhecido para gente é um pouco mais difícil, pois diferente de outros bairros, como Méier, Leopoldina, não existe um local no Rio chamado de Valdureira, nós somos a mistura dos bairros e por isso pode demorar para o povão se ligar no nosso nome.

Quais são os bairros que a formam?

JH: Os bairros que formam a Valdureira são: Madureira, Valqueire, Marechal Hermes, Bento Ribeiro, Oswaldo Cruz e Campinho. Sendo que algumas pessoas que fecham conosco são de Sulacap e da Praça Seca

Como surgiu a ideia de criar uma barra brava de seu bairro?

JH: Eu já era da GDA, estava no bairro de Jacarepaguá (Jabacreio), só que era muito longe para que pudesse fechar com eles e partir para os jogos. Uma vez voltando de uma partida com um amigo, nós tomamos um ataque da torcida do Flamengo e acabou que trocamos algumas ideias. Mas o jogo em que nós nos conhecemos mesmo, foi no Carioca de 2015, ali trocamos o nosso contato e criamos um grupo que no começo era só de amigos que vão os jogos. Mais ou menos, dois meses depois virou a GDA-Valdureira, porque eu entrei com esse assunto para a liderança e eles aprovaram.

Quais são as características de uma barra brava?

JH: Muita gente aqui no Brasil até mesmos integrantes das barras bravas no nosso país tem dificuldade de captar o que é uma barra brava. Muitos confundem com torcida organizada. Na verdade, não deixa de ser organizada, pois temos cadastro no GEPE, mas é uma parada que é totalmente diferente, a começar pelo ritmo das barras bravas que é bem sul-americano, com murgas, um ritmo bem argentino. Os materiais também são diferentes. Temos chapéu de pescador, guarda-chuvas, bandeirolas, faixas e trapos, tudo que as organizadas brasileiras não costumam ter, algo bem sul-americano mesmo.

Quais tipos de instrumentos são usados?

JH: Praticamente os mesmo das torcidas organizadas, a diferença é o uso das murgas (tradição das barras bravas), trompete e pratos.

A diferença entre organizada e barra brava?

JH: A barra brava não tem o costume de ter camisas de famílias, identificando as barras, pois temos a tradição de comprar os produtos oficias do clube, inclusive os ingressos. Acima de tudo, apoiamos o clube, independente do resultado, e sem a ideologia de brigas e confusões. Ao contrário das organizadas, não contamos com diretoria. A barra brava é composta por capôs que organizam a torcida, temos os conselheiros que tomam as decisões e as lideranças de bairros que estão de frente de cada bairro ou núcleo da GDA.

O que é preciso para entrar para a Valdureira?

JH: Ser Vasco. O principal é torcer pro Vasco, e de preferência morar nos bairros próximos, como: Madureira, Valqueire, Marechal Hermes e Bento Ribeiro.

Os planos para 2016?

JH: São os melhores. A Valdureira vai completar um ano, e vamos em busca do crescimento do bairro.

Em uma época que ingressos caros e principalmente a violência gratuita vem afastando as famílias dos estádios, as barras bravas mostram que é possível demonstrar a paixão pelo seu clube sem incitar briga e confusão. Para rivalizar com o adversário não é preciso trocar socos e pontapés, basta buscar incentivar sua equipe o tempo todo e nessa matéria as barras dão aula. A ajuda que nossos clubes precisam para vencer uma partida é no grito, na raça, no suor de um torcedor que saiu cedo de sua casa para começar os preparativos do jogo. Aquele fanático que perdeu o seu dia para comprar o ingresso, aquele que não se importa com o sol ou chuva, ele sempre comparece para apoiar. Desse tipo de torcedor, o futebol se mostra orgulhoso.

Fontes: Divulgação/Internet