Lá fui eu, em uma tarde calorosa, como uma
transeunte atender a um pedido de socorro de uma antiga amiga. Entre soluços e
suspiros derivados de um ponto final, o tema não poderia ser outro; o término
de um tão adorado relacionamento! Juro que relutei, tentei de todas as maneiras
mudar de assunto, corri pra cá, corri pra lá e mesmo assim, quando menos
esperava, lá estávamos nós embarcando nesta tão conhecida montanha russa de
nossas almas. Coitada! A pobrezinha chorava de soluçar, há dias atrás foi a um
parque de diversões com uma amiga e quem ela encontra lá, o zé ruela do
namorado- COM OUTRA GAROTA-, cheio de romancinho tomando sorvete pra completar
a história macabra. Daí eu perguntei, e o que você fez minha frôr de laranjeira? E a bendita me
responde: "FIZ UM ESCÂNDAAAAALO, chamei ele de tudo de ruim que você pode
imaginar. Neste momento eu quis dar na cara dela! Fala sério, você se dedica a
um pessoa, ela te sacaneia, te atinge e você ainda deixa ela saber que atingiu?
Não, não e não…Mas enfim, o papo aqui é outro... Falando em parques de
diversões, a atribuição de suas más manutenções poderia facilmente ser atrelado
aos relacionamentos atuais. Abre-se o parque e depois lá estão as notas nos
jornais, de alguém que despencou da montanha-russa ou foi atingido por um
brinquedo. Como um exemplo do Hopi Hari, um parque super famoso em São Paulo,
onde uma jovem caiu da montanha-russa. Mas e a responsabilidade de zelar pela
tal "manutenção" seria de quem? Passa o tempo, tudo enferruja, os
equipamentos corroem e salve-se quem puder. Não resisto a tentação de comparar…É
ou não é o retrato de muitas relações? No começo, tudo diversão, frio na
barriga, vertigem e depois tudo se torna costumeiro. Falo de casamentos,
paixões e amizades. Era pra ser feliz para sempre, mas muitos de nós preferimos
acreditar que a longevidade dos amores deve ser atribuída ao destino, quando na
verdade, somos nós quem devemos tomar conta. Nenhum encantamento se mantém sem
o cuidado mútuo, e acredito piamente que a história de que "a grama do
vizinho é sempre mais verde" é uma falseta sem pormenores. Oras, afinal a
grama mais verde é sempre àquela que regamos mais. Não tem como tratar um
relacionamento como algo que é só dar corda e cruzar os braços, não existe um
botão mágico que apertamos para pausarmos e darmos o play quando bem
entendermos. A engrenagem não se auto lubrifica, não é uma playlist que
selecionamos as melhores músicas para serem repetidas a todo tempo. Mas o zelo
exige paciência, e renovar o suspiro a tantos anos visto é como admirar uma
obra de arte só por ela estar ali, quietinha, sobre seus cuidados. Então, os
resquícios indeléveis do que foi no início da abertura do parque, se
perpetuará, para o que ainda é, e o que continuará sendo por muito tempo.
Afinal, é como diz Renato Russo: "Amar é uma arte, e nem todo mundo é
artista."
Imagem: sbcoaching.com