quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Boa tarde a todos; e não a todas


18/02/16   -   Coluna: Cotidiano Manifesto   Autora: Valéria Vianna





Boa tarde a todos; e não a todas. Claro: afinal, é desnecessário dizer que dentro do conceito de “boa tarde a todos” estariam incluídas “todas”, não? Ou será que alguém acredita que na frase “os advogados são indispensáveis à administração da Justiça” estariam descartadas as... advogadas ? Essas redundâncias – que se pretendem impor –, sobretudo em algumas esferas da administração pública têm o nome de “linguagem inclusiva”. Trata-se, pois, de mais um aspecto – a meu ver – da onda do “politicamente correto”.

Ou seria o nosso dicionário machista por classificar a gramática em gêneros; por utilizar palavras masculinas para abranger ambos os sexos e outras exclusivas do gênero feminino para indicar seres FEMININOS (somente)? Sim, pois na frase: “O homem é racional”, a palavra homem é direcionada a ambos os sexos. Já na frase: “ A mulher teve muitas conquistas nos últimos 100 anos”, fica claro que a palavra mulher diz respeito somente a seres do sexo feminino. Só para frisar, Papisa é o feminino de papa, nunca houve uma mulher exercendo a função, mas a língua antecipou-se ao possível fato.

Ora, não se resolve problemas tão complexos – como anos de discriminação racial; de injustiça social e preconceitos – de forma tão rasa e ideológica. Em termos comparativos, é como se outorgar-se a alguém – pobre e excluído – o título de eleitor, achando que, com isso, o integrariam à cidadania. Evidente que não, pois demandas complexas exigem, necessariamente, respostas complexas!


Com essas premissas devo dizer que seria mais valioso se combatêssemos discriminações reais que, de fato, são danosas à nossa sociedade. Sendo assim, boa tarde a TODOS, pois se existe um pronome com total englobamento, esse é o Todo.

Fonte: OABRJ