Dia desses houve uma
manifestação curiosa em Brasília, em frente ao Congresso Nacional, que nos
chamou a atenção. Quatro modelos plus size protestaram, vestidas apenas com
peças íntimas, contra o que elas intitularam “gordofobia”.
ENTENDA O CASO:

REPERCUSSÃO:
A atitude das modelos
gerou muitas polêmicas, e opiniões diversas, principalmente nas redes sociais.
Certamente a maior delas, custou a um policial militar do DF uma denúncia e
investigação na corregedoria. O policial, que até então não teve sua identidade
revelada ao grande público, postou comentários em sua rede social menosprezando
a atitude das mulheres, fazendo comentários chulos e depreciativos à elas. As
postagens foram apagadas minutos depois de publicadas, mas foi o suficiente
para serem compartilhadas por centenas de usuários, que criaram mensagens
públicas de repúdio à atitude do policial. Tal atitude que lhe renderá,
inclusive, um processo judicial. Veja na imagem a postagem do policial:
A questão que o Mulher
Manifesto de hoje vem levantar é: o que é a Ditadura da Magreza, como ela é
propagada e influencia a opinião e comportamento de muitas pessoas, causando
atitudes preconceituosas, como essa demonstrada acima, e os transtornos que ela
pode causar.
Hoje posso ser acusada de advogar em causa própria. Quando postei a
matéria sobre a manifestação das misses em minha página pessoal e na página do
Manifesto, surgiram diversas opiniões. Dentre elas, a que me chamou a atenção
foi uma que dizia que não achava certo também difundir a cultura da obesidade,
que como nós bem sabemos, é uma doença séria. O Mulher Manifesto não tem essa
intenção. Sabemos que obesidade é um caso sério, que causa grandes prejuízos a
saúde física e mental de muitas mulheres. A Obesidade Mórbida é mais que um
simples acúmulo de gordura corporal, é uma condição que pode gerar risco de
vida. Essa doença pode ser a mola propulsora
para o desenvolvimento de várias outras doenças e distúrbios de alto risco à
saúde, como, por exemplo, Diabetes mellitus,
hipercolesterolemia, complicações cardíacas, hipertensão arterial,
problemas nas articulações (principalmente joelhos e coluna lombar, devido à
sobrecarga de peso), apneia do sono, infertilidade, trombose venosa e depressão. Tais doenças muito favorecem a diminuição da
expectativa de vida e a maioria delas não tem cura. Um dos parâmetros
utilizados para avaliar ou determinar o nível de obesidade é o Índice de
Massa Corporal (IMC). Esse índice é obtido dividindo-se o peso
pelo quadrado da altura do indivíduo. Exemplo:
65 Kg/ (1,70)² = 22,5
De acordo com o valor do IMC, tem-se a seguinte
classificação:
- Menor
que 18,5 -> abaixo do peso
- Entre
18,5 e 24,5 -> peso normal
- Entre
20,0 e 29,9 -> sobrepeso
- Entre
30,0 e 34,9 -> Obesidade Grau I ou leve
- Entre
35,0 e 39,9 -> Obesidade Grau II ou moderada
- Acima
de 40,0 -> Obesidade mórbida
Acho legítima a
preocupação das pessoas ao redor de uma pessoa gordinha, com sobrepeso ou
obesa. O problema é quando a sociedade se aproveita disso para camuflar
preconceitos que seguem vivos. Na publicidade, na mídia, e na moda, em todos os
lugares, sempre existe alguém para ditar o que é belo, e o que é feio; o corpo
aceitável e o corpo contra o qual temos que “lutar”, e temos um “modelo”
vendido de que apenas o corpo magro, sem nenhum traço de gorduras, curvas ou
imperfeições é aceitável. Quanto ao resto, devem ser abominados. As roupas
produzidas e mostradas nas passarelas são tamanho 36, as modelos mostradas nos
comerciais de tv, belas e felizes, são magérrimas.
A DITADURA DA MAGREZA:
Pois bem, em
contrapartida à propagação da cultura da obesidade que alguns levantaram,
apresentamos a DITADURA DA MAGREZA, que nós tão bem conhecemos. E essa nos
mostra o tempo todo corpos impossíveis de serem conquistados pela maioria das
mulheres e nos diz que temos que ser iguais. E agora, vamos além, além dos
quilos, temos uma outra imposição, crescente entre as jovens nos Estados
Unidos. Não, aparentemente não bastam
os poucos quilos, a pele perfeita, o cabelo liso e loiro, os olhos claros e
amendoados, as unhas grandes e sempre pintadas, as sobrancelhas feitas, os
pelos aparados, as rugas ausentes, a pele branca (não esqueçam desta, por
favor), o nariz fino. Não bastam os cremes, esmaltes, maquiagens que consumimos
e compramos todos os dias. Não, porque afinal de contas sempre podemos ser um
pouco mais escravizadas pelo mundo. Então, que tal nos fazerem cada vez mais
infelizes procurando um padrão irreal que agora dita que devemos não apenas ser
magras, mas ter ainda um vão entre as coxas? Um vão, aliás, que os médicos já
estão alertando, é uma questão de estrutura óssea, e a maior parte das mulheres
nunca vai conseguir alcançar.
E
quem disse que é apenas a obesidade que traz risco à saúde, à vida e a
autoestima das mulheres mundo afora? Cada vez mais, a ditadura da magreza vem
fazendo vítimas.
Quem nunca ouviu falar em transtornos
como a Bulimia, que é um distúrbio alimentar no qual uma pessoa
oscila entre a ingestão exagerada de alimentos, com um sentimento de perda de
controle sobre a alimentação, e episódios de vômitos ou abusos de laxantes para
impedir o ganho de peso.
Sintomas de bulimia:
- Preocupação excessiva com o peso e com a silhueta
- Ter medo de ganhar peso
- Perder o controle sobre o que come
- Comer em excesso até sentir desconforto ou dor
- Ir ao banheiro imediatamente após as refeições
- Forçar o vômito após comer
- Fazer uso de diuréticos e laxantes após comer
- Usar suplementos diários de perda de peso.
Outra doença bem comum e que chega a casos extremos, levando
inclusive, à morte é a anorexia, que é um transtorno alimentar caracterizado
pelo medo que a pessoa tem de ganhar peso. Esse medo pode provocar problemas
psiquiátricos graves. A pessoa anoréxica se olha no espelho e se vê obesa, embora
esteja extremamente magra. Sendo, assim, pode decidir parar de comer, a fim de
perder o peso que julga ter em excesso.
Sintomas da Anorexia:
- · Perda de peso em um curto espaço de tempo;
- · Depressão, ansiedade e irritabilidade;
- · Exercícios físicos intensos e em excesso;
- · Isolamento da família e amigos;
- · Comer escondido;
- · Amenorreia (interrupção do ciclo menstrual);
- · Regressão de características femininas;
- · Obsessão pelo peso corporal;
- · Recusa em participar de refeições junto à família;
- · Pele extremamente seca;
- · Saltar refeições;
- · Doenças frequentes;
- · Fadiga;
- · Sono excessivo.
Como dito, o nosso intuito não é promover a cultura da
obesidade, mas sim mostrar os dois lados da moeda. Os dois extremos são
perigosos, causam doenças e matam. O que o Mulher Manifesto quer retratar é que
a beleza da mulher não deve ser restringida a padrões impostos, não podemos ser
reféns desta indústria. Também queremos repudiar ao preconceito, que existe e
por vezes é camuflado com certas brincadeirinhas e conselhos, que nós, mulheres
mais cheinhas, tão bem conhecemos.
Para finalizar, a coluna teve uma breve entrevista com uma
mulher, que como as misses na capital do país, não tem vergonha do próprio corpo.
Aline Marinho é educadora infantil, mãe, tem 30 anos, e sempre conviveu com as gordurinhas a mais, que, segundo ela, nunca afetaram sua autoestima. O segredo, segundo Aline, está na atitude que temos em relação a nós mesmas. Confira:
Você sempre lidou com
gordurinhas a mais. Isso, em algum momento te trouxe algum trauma ou arranhou
sua autoestima?
Aline: Não!!! Sempre
fui super bem resolvida com minhas gordurinhas a mais. Nunca deixei de fazer o
que eu queria nem de ter quem eu queria pelo fato das gordurinhas a mais.
Como é viver numa
sociedade que quer "determinar" padrões que julga aceitáveis? Como você
encara esse preconceito que existe na mídia e na moda ainda?
Aline: Acho que tudo é
questão de uma cabeça bem resolvida! O preconceito existe! Isso é fato! Mas
cabe a mim determinar se isso me abala ou não! Como disse antes, tenho uma
cabeça muito bem resolvida quanto a isso, me aceito do jeito que eu sou! Não
sou mais ou menos bonita que a modelo magérrima que aparece na televisão! A
verdade é que somos mulheres e sempre queremos mudar algo em nosso corpo, se
estamos acima do peso queremos emagrecer, se estamos magrinhas de mais queremos
mais peito, mais bumbum, enfim, a cabeça conta muito em relação a esses padrões
pré-estabelecidos.
Qual o conselho para
ser feliz e realizada, e conviver bem com nosso corpo, sem se importar com as
influências dessa ditadura?
Aline: Acho que o
principal conselho é se amar e se aceitar do jeito que você é!!!!! E
principalmente SER FELIZ!!!!!