sexta-feira, 7 de novembro de 2014

#MANIFESTARIO: MUSEU DA MARÉ RESISTE


Estamos felizes da vida com mais essa estreia do Manifesto. O #ManifestaRio será uma coluna com espaço aberto a todos que acompanham o nosso blog, para reclamar, protestar, manifestar-se a vontade, sobre serviços públicos ou qualquer coisa que não funcione em seu bairro, localidade, ou no Rio como um todo. Aqui o espaço é nosso. Aqui todos têm vez. O #ManifestaRio estará de mãos dadas com o bem estar da população, divulgando, compartilhando e dando voz às suas reclamações! Acompanhe-nos quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, às 20:00 aqui no #Manifesto. Contamos com a participação de todos.

Não poderíamos começar de forma mais expressiva. Falaremos sobre o Museu da Maré, que desde setembro deste ano está com ordem de despejo decretada, o que retrata uma grande perda cultural para a população desta região, visto que o Museu representa a preservação da identidade histórica da comunidade.
A ideia da criação do museu surgiu durante um seminário que ocorria no Museu da Vida (localizado na Fundação Oswaldo Cruz), que tinha em seus espaços de atendimento jovens da comunidade encaminhados através de parceria com o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), tendo sido inaugurado em 2006. Sendo assim, o Museu possui relações com a FIOCRUZ, ao ponto do Presidente da instituição, Paulo Gadelha, assinar uma carta em repúdio à ordem de despejo.

UFRJ apoiando a causa
Durante a tarde de 18 de outubro foi organizado um movimento intitulado Caminhada da Resistência, um ato contra a desapropriação do Museu, que parou a Avenida Brasil contando com vários adeptos. É o Complexo da Maré se unindo em luta pela preservação de sua história, apresentada com perfeição em um dos mais importantes ambientes de cultura, cidadania e socialização da localidade.
Abaixo segue o link de uma petição em favor da causa. Todos que quiserem contribuir com a conservação do Museu, é só clicar e assinar. É rápido e fácil. Abrace essa causa você também, leitor Manifesto. Para assinar a petição: Clique aqui

O Manifesto entrevistou dois dos participantes do ATO EM DEFESA DO MUSEU DA MARÉ, que além de dar suas considerações sobre a manifestação e a respeito da importância do Museu da Maré, forneceram as fotos para a nossa matéria. Segue a entrevista com os ativistas Lucas Pessoa, formando em Jornalismo Comunitário e estudante de psicologia, e Anderson Alexandre, estudante do mesmo curso de Jornalismo e estudante/ator de teatro, ambos moradores do Complexo da Maré.






Há quanto tempo vocês frequentam o Museu da Maré?
Anderson: Há dois anos.
Lucas: Frequento o Museus há cinco anos, desde 2009

Como vocês conheceram o Museu? Já realizaram ou participaram de alguma atividade cultural ou apenas frequentam como visitantes?
Anderson: No início fui como visitante, e como estou fazendo curso de produção cultural, dentro do Museu, estou lá frequentemente.

Anderson Alexande
Lucas: Meu primeiro contato com o Museu da Maré foi em 2009, quando realizei um trabalho sobre “práticas culturais” na Maré. Essa pesquisa de campo era uma das atividades de um curso de formação em Produção cultural. Atualmente faço um curso no Museu da Maré de formação de Agentes de Cultura.

Qual a importância de um projeto dessa grandeza para a comunidade?
Anderson: A importância de ter moradores como produtores culturais dentro da favela é algo crucial desde que os moradores reconheçam as vulnerabilidades dentro do território. Além de ter o papel de transformar sujeitos em protagonistas ativos.
Lucas: A importância do Museu na comunidade é enorme, pois o mesmo resgata a memória da nossa comunidade e é de grande valia, não só para nós, moradores da Maré, mas toda comunidade. O Museu mostra que o favelado tem o seu potencial, para dar continuidade para construirmos em conjunto a identidade mareense, então o possível fechamento do Museu será uma grande perda para a comunidade, pois o Museu da Maré tem um papel importante de formação da nossa juventude, e que essa mesma juventude é marginalizada por esse estado autoritário que não tem um mínimo de sensibilidade para com a nossa juventude.

Imagem do museu

Como vocês veem essa desapropriação, que culminaria no fim do Museu?
Anderson: Sabendo que o Museu é uma prova de que toda história da Maré é algo que permanece vivo, a retirada dele se torna uma prática de genocídio na favela, destruindo uma identificação muito “rica”.



Como foi participar da Manifestação “Museu da Maré Resiste”?
Anderson: Eu particularmente participei do primeiro Ato, como também do segundo, porém nesse segundo Ato enfatizamos a luta contra a retirada do Museu da Maré, e foi uma experiência única de amor ao nosso território.
Lucas: Participar da passeata “Museu da Maré Resiste”, foi uma experiência gratificante, e mostra que nós moradores resistimos desde sempre, e seguiremos em busca de nossos direitos.