Na semana do feriado de
Zumbi dos Palmares, em que comemoramos o Dia da Consciência Negra, vale uma
reflexão acerca do espaço do Negro na TV. Por muito tempo nos acostumamos a ver
atores negros, nas novelas, em personagens pequenos ou subalternos. Mais que
isso: estereotipados. Talvez um certo resquício do preconceito que sempre
existiu em nossa sociedade – ainda que a maioria da população brasileira seja
negra – mas que aos poucos, vem se modificando. Cada vez mais podemos observar
que cresce o número de artistas e personagens negros nas tramas e outras
produções. Se anteriormente os mesmos, na maioria das vezes, sempre ocupavam
papéis de destaque em histórias que tratavam do Abolicionismo, escravidão ou
até mesmo com profissões do tipo empregadas domésticas, porteiros e bandidos,
hoje o panorama se alterou – um pouco.
Recentemente, a novela “Em Família”, de
Manoel Carlos, levou variados tipos e formas de inserções dos negros na
sociedade, de maneiras distintas, como a estudante de classe média e aspirante a
policial Alice (Érika Januza), sua mãe e enfermeira Neidinha (Neide Duarte) e
seu ex-namorado Matias (Jorge Sá), do núcleo da faculdade. Tínhamos também a
Professora Dulce (Lica Oliveira), o malandro Jairo (Marcelo Mello Jr), o
enfermeiro Téo (Rafael Zulu) e, por fim, a empregada Rosa (Tânia Toko). Todos
sem caricaturas e sem foco exclusivo no preconceito racial como puxador de suas
histórias – mérito do autor que também já fizera isso com Taís Araújo como sua
Helena em “Viver a Vida” (2009). Aliás, a própria Taís talvez seja a mais
fidedigna representante daqueles que sempre conseguiram romper – com muito
talento, diga-se de passagem – a barreira de sua cor e alcançaram destaques em
seus trabalhos. Em seu último trabalho, “Geração Brasil”, ela foi a competente
jornalista Verônica. Outros também ali presentes foram Lázaro Ramos (Brian Benson)- sempre uma exceção - e Luis Miranda (Dorothy Benson), fora os
atores do núcleo da Gambiarra, Nando Cunha e Max Lima.