Próximo das eleições
municipais, os partidos políticos esperavam um grande número de pessoas se
filiando nas legendas, principalmente os jovens. Entretanto, a descrença da
população brasileira está criando uma situação inédita no âmbito político
nacional.
Os dados do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) mostram que desde 1995, quando foi instituída a
obrigação de se filiar a um partido um ano antes da votação para poder sair
candidato, ocorrem ondas de adesão partidária nos anos anteriores às eleições
municipais, como mostrou dados do jornal estadão (SP).
Sete em dez brasileiros que hoje são ligados a um partido assinaram a ficha de
filiação no ano entre as eleições gerais e as municipais. Em 2011, por exemplo,
houve 1,9 milhão de novas filiações – número dez vezes maior que no ano
anterior, fenômeno que se repetiu em 2007, 2003, 1999 e 1995.
Em 2015, essa regra
parece ter perdido força. Foram 77 mil novas filiações nos primeiros cem dias
do ano, praticamente o mesmo número do ano passado, ou em comparações mais
justas, queda de 60% em relação ao mesmo período de 2011, ano anterior a
últimas disputas políticas municipais.
Se o ritmo de filiações
em 2015 for similar ao de quatro anos atrás, o Brasil chegará a dezembro com
cerca de 620 mil novos filiados, o que representará a menor mobilização de
filiação pré-eleição municipal em toda a série histórica desde a
redemocratização.
Ainda não é possível
identificar com clareza quais são os fenômenos por trás dessa mudança no
comportamento dos brasileiros em relação às siglas partidárias. Uma série de
indicadores recentes, no entanto, revela um aumento da descrença dos cidadãos
em relação à política e aos partidos.
Segundo a pesquisa
Ibope do começo deste ano mostrou que dois em cada três brasileiros não têm
simpatia por nenhum partido – o maior valor da série histórica, iniciada em
1988. Mesmo em 2013, ano das manifestações de rua que balançaram o cenário
político nacional, a taxa não havia chegado a tanto.
Além disso, o
brasileiro está mais pessimista que nunca em relação ao futuro do País: metade
se considera assim segundo outra pesquisa do Ibope feita em maio, mais até que
na época da hiperinflação no governo Collor. E, em meio a tudo isso, há uma
crise política sem precedentes no Congresso.
A taxa de governismo no
segundo governo Dilma é a menor do que em todos os anteriores nessa mesma época
do mandato. A dispersão dentro de cada partido também está batendo recordes e é
maior até que na crise do mensalão. É latente que há uma crise geral de
legitimidade das instituições. A sociedade e o eleitor não se reconhecem mais
no sistema partidário.
Imagem: Internet 19/06/15
Coluna: #Parafraseando Autor: Alex Gilson