A coluna "Eu manifesto e você?" conversa com Marco Sartorato ou Ervilha como é conhecido por alguns. Na entrevista a seguir Sartorato fala um pouco de sua paixão a dança e de como entrou nesse universo.
"Na minha pré-adolescência começaram a
acontecer várias oficinas de dança de rua onde moro e mesmo eu não participando
dessas oficinas, todos do bairro e da escola estavam dançando e falando sobre
dança. Após muito tempo tendo contato com essa linguagem passei a me interessar"
relata o paulista.
Além da bate-papo Marco também expõe sua opinião
sobre diversas personalidades e assuntos apresentados na entrevista.
Marco Sartorato manifesta e você?
Para
que os leitores te conheçam: Quem é? E, o que faz Marco Sartorato?
Sou dançarino de danças urbanas, desenhista e pixel
artista. Nasci e moro em Campinas (SP). Tenho 23 anos.
De
onde vem Sartorato? É um nome artístico?
Sartorato é meu sobrenome, o mesmo de meu pai (sou
Marco Antonio Sartorato Junior) que adotei também como nome artístico, Marco
Sartorato. Esse nome é de origem italiana.
Você
também é conhecido como Ervilha? Explique.
É um apelido da época de escola, todos tinham um, o
meu foi o único que ficou. Por ser meu apelido eu me inscrevo como Ervilha
quando participo de batalhas de dança. Também é como todos os meus amigos e
conhecidos da dança me chamam então mesmo com o nome artístico Marco Sartorato
eu decidi também continuar usando o apelido “Ervilha”.
Como
a dança entrou na sua vida?
Cresci e ainda moro num bairro de periferia, sendo
assim cresci cercado pela linguagem do Hip Hop. Na minha pré-adolescência
começaram a acontecer várias oficinas de dança de rua onde moro e mesmo eu não
participando dessas oficinas, todos do bairro e da escola estavam dançando e
falando sobre dança. Após muito tempo tendo contato com essa linguagem passei a
me interessar, mais especificamente pelo estilo de dança chamado Popping, então
eu com alguns amigos passamos a frequentar um ponto cultural aqui da nossa
cidade chamado Estação Cultura, lá comecei a fazer oficinas e entrei para o
grupo PoLo Funk.
Popping é um estilo dentro das danças urbanas, e um
dos estilos de dança funk original, criada na cidade de Fresno, Califórnia, em
1970 por Sam Solomon (Boogaloo Sam). É baseado na técnica de rapidamente
contrair e relaxar os músculos para causar um empurrão no corpo do dançarino,
referido como um pop ou uma batida. Isto é feito continuamente ao ritmo de uma
música em conjunto com vários movimentos e poses.
Fonte: Wikipédia
Em
sua opinião, quais são as características essenciais para quem queira se profissionalizar no
mundo da dança?
Como trabalho com danças urbanas e hip hop, que é um
meio ainda marginalizado, isso se torna uma pergunta muito ambígua e com muitas
possibilidades de resposta. Acredito que alguém é profissional a partir do
momento que tem um trabalho sólido e sabe o que está fazendo. E o mais
importante: estudo, seja esse estudo formal ou informal, o que vai diferenciar
um profissional de um hobbista na maioria das vezes é o conhecimento que essa
pessoa tem do que faz.
Você
participa ou já participou de algum projeto ou companhia? Caso tenha
participado como é/são essa(s) companhia(s)?
Como já disse o primeiro grupo do qual participei
foi o grupo Polo Funk, eu entrei para esse grupo mais ou menos em 2006. O grupo
Polo Funk, como já diz o nome trabalha com os estilos de dança de rua chamados
“funk styles”, principalmente os estilos popping e locking. Também já fiz parte
da Cia Eclipse Cultura e Arte, que é uma das maiores cias de dança de rua da
região de Campinas. Por um tempo dirigi um grupo chamado OneUp, que trabalhava
a dança de rua usando referencias do mundo dos games e da cultura pop.
Atualmente estou trabalhando sozinho e ministrando
um workshop do estilo de dança Tutting. Esse é o primeiro trabalho de pesquisa
(técnica e história) e ensino desse estilo aqui no Brasil.
Como
você é apaixonado por dança. Onde a dança pode levar uma pessoa?
Pela minha experiência pessoal e pela experiência de
amigos e conhecidos posso dizer que a dança pode nos levar a qualquer lugar.
Conheço pessoas de origem humilde que viajam o mundo
inteiro por meio da dança e que não teriam oportunidade de vivenciar isso de
outra forma.
No meu caso a dança me deu uma profissão e toda uma
perspectiva de vida e visão de mundo que eu não teria de outra forma.
Existem
idosos que dançam hip hop?
Vários dos pioneiros das danças urbanas ainda são
vivos e alguns deles já têm idade bem avançada. Em 2011 tive o prazer de fazer
uma aula com um dos pioneiros do locking Jimmy “Scoo B Doo” Foster, que já tem
mais de 60 anos e tenho que admitir que ele tem mais energia que eu.
O que me fascina nas danças urbanas é que não
existem padrões de corpo ou de idade, qualquer um pode dançar dentro de suas
limitações, as danças urbanas não excluem ninguém, pois o objetivo não é
atingir metas e sim celebrar.
Você
tem uma página chamada "Pixelópolis". Do que se trata a página?
Pixelópolis é minha página no facebook onde publico,
entre outras coisas, tirinhas e trabalhos meus de Pixel Art (arte para jogos
antigos e ícones de sistemas de computador antigos). Nas tiras gosto de brincar
e ironizar alguns sensos comuns e comportamentos sociais das pessoas e meus
próprios comportamentos também.
De
onde surgiu a ideia "Pixelópolis"?
Sempre tive interesse por videogames, principalmente
jogos antigos (década de 80 e 90), então em 2013 decidi aprender pixel art,
pois estava criando um jogo e gostaria de ter minha própria arte nele. Enquanto
estava aprendendo eu fazia brincadeiras e desenhava amigos e situações
utilizando essa forma de arte. No final de 2013 um amigo sugeriu que eu fizesse
uma página para publicar essas tirinhas e brincadeiras que eu fazia, assiom
surgiu a Pixelópolis, que no início se chamava “Mundo Pixel”.
Mais pra frente mudei o nome para Pixelópolis para
poder brincar com esse lado urbano que é muito forte em mim.
Qual
foi a postagem criada que mais mexeu com você até hoje?
Sem dúvida foi uma tira que fiz no caso do garoto Eduardo Ferreira, que foi morto por um
policial no morro do Alemão em abril desse ano. Um vizinho do garoto entrou em
contato comigo dizendo que a publicação de algum modo o confortou perante a
perda e toda a violência que estava acontecendo lá.
A
partir de agora no "Eu Manifesto e você", teremos uma parte na
entrevista onde colocaremos personalidades ou situações, para você nos falar se elas manifestam algo que te agrada e o porquê. Compreendido? Então
vamos começar. Manifesta ou não manifesta:
Me manifesta. Anitta é um exemplo de pessoa que não
se deixa dominar, que não aceita que a diminuam por ser da periferia ou por ser
mulher e assim inspira outras pessoas a terem o mesmo controle.
Não me
manifesta. A Dilma não representa o que entendemos por esquerda. Mas como sou a
favor de politicas sociais ainda a prefiro a um representante da direita.
Me manifesta. Apesar de marginalizado e julgado como
música ruim (isso existe?) eu simpatizo muito com essa forma de expressão por
ser um meio de jovens de periferia ter alguma voz.
Me manifesta. Quando alguém quer se expressar, mas
não tem uma tela essa pessoa vai usar o que tem em mãos. Também admiro o grafite quando ela tem caráter revolucionário (apesar de achar que sempre tem
de uma forma ou de outra).
Não me manifesta. Oportunista, apesar de não ser
cristão gosto muito da figura de Jesus e o que ele representa. Na minha
opiniãoMalafaia é qualquer coisa, menos cristão.
Me manifesta. Apesar de toda a mídia envolvida eu
acho que é um ótima festa popular, inclusive já trabalhei no carnaval.
Sem opinião formada. Não conheço o trabalho deles a
fundo, mas não vejo um motivo para não gostar.
Não me manifesta. Acho a música muito comercial, não
tenho motivos para não gostar dela como pessoa.
Me manifesta. O título de rei não é atoa,
influenciou a todos de alguma forma e me influenciou muito como dançarino.
E
você? O que a sua vida manifesta?
Minha vida manifesta o desejo de estar vivo e feliz,
de amar o que faz mesmo em meio a faltas e privações estar feliz com o que
temos e com quem temos por perto.
Muito obrigado pela entrevista. Você gostaria
de deixar algum contato?
Acesse a página oficial no facebook da Pixelópolis,
clicando aqui e o canal de dança no youtube aqui.
Imagens: Internet, perfil no facebook de Marco Sartorato, página Pixelópolis e Reprodução - 21/06/15
Coluna: Eu Manifesto e você? Autor: Marcos Furtado