Camila Pitanga sempre foi uma das atrizes com grande
prestígio frente aos telespectadores em suas tramas. Que o diga a sua
personagem mais emblemática: a garota de programa Bebel de "Paraíso
Tropical", que encantou o público com seus dramas e romance com Olavo
(Wagner Moura). Pois bem. Como tudo tem uma primeira vez na vida, eis que
chegou o lado incômodo de protagonizar uma trama (tudo bem, eu sei que em
Paraíso Tropical ela era coadjuvante, mas seu núcleo roubou holofotes e à
julgar pelo título, vocês saberão ao longo do texto o que aconteceu), e com ela
a rejeição do público.
Regina (Camila Pitanga): irrita o público
Morena (Nanda Costa)
Foto: Divulgação/TV Globo
Foto: Divulgação
Grande musa de Gilberto Braga, em seus últimos
folhetins, Pitanga não "desce goela abaixo" com a sua Regina de
"Babilônia", que também leva a autoria de Ricardo Linhares e João
Ximenes Braga. Desde o começo da novela que a moradora do Leme não cativou o público.
É vista como "barraqueira" demais. Grita muito. Mandona. Chata. Esses
são alguns dos adjetivos dados a ela via redes sociais e críticos. Nem um
pouquinho de romance com Vinícius (Thiago Fragoso) amolece os novelistas.
Personagem central de qualquer novela, que tem a responsabilidade de conduzir a
trama com todas as suas vicissitudes, conquistar as pessoas e despertar
torcidas por onde passa, hoje em dia é um dos papéis mais indigestos da TV
brasileira. Essas características agora são coisas do passado, e o presente
mais recente das últimas produções demonstram isso. Confira a seguir algumas
das mocinhas de novela que não agradaram o público:
Paloma (Paolla Oliveira)
Foto: Reprodução/TV Globo
A protagonista de "Amor à Vida" (2013), de
Walcyr Carrasco, sofreu durante os oito meses de novela. A personagem de Paolla
Oliveira, assim como a atriz, teve que aguentar os inúmeros apelidos ganhos
durante a trama - o mais usado era o trocadilho "Pamonha" - pelo
simples fato de cansar o público com sua ingenuidade e bondade, considerados
demasiadamente incoerentes. Seu sofrimento também ficou marcado por muito
"chororô", nos momentos mais dramáticos - onde o público esperava
mais (re)ação dela.
Amora (Sophie Charlotte)
Foto: TV Globo/ Divulgação
Em "Sangue Bom" (2013), a it-girl de
Sophie Charlotte apesar de abusar do bom humor, de um texto leve e divertido
dos autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Vilari, acabou pagando um preço
alto pelo seu "ar superior" que ostentava. Irritava o público jovem -
principal telespectador da história - também por ser considerada mimada, metida
e chata. Como a trama tinha cinco protagonistas, foi ignorada.
Ester (Grazi Massafera)
Foto: Frederico Rozario/Rede Globo
Grazi Massafera está se destacando em "Verdades
Secretas", mas nem sempre foi assim. Em "Flor do Caribe" (2013),
de Walther Negrão, Ester enjoou o telespectador mais assíduo da história solar.
As críticas do público era pelo fato de mais chorar do que sorrir. A personagem
foi bem criticada pelo "dramalhão". Nem o bonito par que formava com
Cassiano (Henri Castelli) salvou ela.
Morena (Nanda Costa)
Foto: Divulgação/TV Globo
O mesmo "mal" de Regina, fez outra vítima
em "Salve Jorge" (2012). Primeira protagonista e novela inteiramente
construída sobre o contexto de uma favela, da autora Glória Perez, Nanda Costa
não conseguiu a compaixão do público com a sua "sofrência". Nem sendo
traficada, prostituída, ela conseguiu muitos fãs. Seu jeito explosivo, mandona,
briguenta e marrenta acabou indo além do que o público gostaria. O romance de
idas e voltas, conturbado, com Téo (Rodrigo Lombardi) também não despertou
amores. Quase perdeu o homem para Érica (Flávia Alessandra).
Marina (Paolla Oliveira)
Foto: João Miguel Jr./Globo
Olha ela aqui outra vez. Paolla Oliveira passa a
impressão, muita das vezes, de que é "perseguida" pelo público e
crítica. Verdade ou não, em "Insensato Coração" (2011), de Gilberto
Braga e Ricardo Linhares, ela foi Marina - personagem que seria de Ana Paula
Arósio, que desistiu (e sumiu, posteriormente) de protagonizar. O fato é que
Marina desde os capítulos iniciais não agradou. Por dois motivos: roubou o
noivo de sua amiga Luciana (Fernanda Machado), que morreu num acidente aéreo. E
também pela "falta de química" com Pedro (Eriberto Leão). Resumindo:
teve o caráter questionado pelo público e não convenceu.
Diana (Carolina Dieckmann)
Foto: Divulgação/TV Globo
Essa teve um dos finais mais emblemáticos em matéria
de mocinhas, dada à rejeição sofrida. Em "Passione" (2011), Diana foi
praticamente unanimidade em matéria de chatice pelo telespectador. Considerada
boazinha demais e sonsa, foi tida ainda como confusa por ter sido disputada por
Gérson (Marcelo Anthony) e Mauro (Rodrigo Lombardi), escolher o primeiro e
depois se arrepender. Além disso, foi ofuscada por Clara (Mariana Ximenes), a
grande vilã que virou o cerne da sinopse. O efeito disso tudo foi um só: o autor
Sílvio de Abreu teve que matar a personagem, de tanta irritação que ela causou.
Lívia (Grazi Massafera)
Foto: Divulgação/TV Globo
"Negócio da China" (2009) foi o nome da
novela, mas também representa bem o que foi a mocinha interpretada por Grazi,
em sua primeira protagonista na TV. Na história de Miguel Falabella, Lívia
sofreu com comentários nada bons dos telespectadores. Recém saída do "Big
Brother Brasil 5", ela despertava muita desconfiança - além do estigma de
ex-bbb - e por isso foi considerada inexperiente demais para o papel. Além do
mais, a novela foi um fiasco no ibope.
Helena (Taís Araújo)
Foto: Divulgação/TV Globo
"Viver à Vida" (2009) foi marcada pela
primeira e única Helena negra, jovem, das histórias de Manoel Carlos.
Interpretada por Taís Araújo, que dispensa comentários, a icônica personagem
não despertou amores como as homônimas mais famosas de outras tramas do autor.
Um dos motivos seria a baixa expectativa que ela causou, além da importância
que o papel tem. Não colou.
Foto: Divulgação/TV Globo
Paula e Thaís (Alessandra Negrini)
Foto: Divulgação/TV Globo
Diana (Fernanda Lima)
Foto: Divulgação/ TV Globo
Sol (Deborah Secco)
Foto: Divulgação/TV Globo
Letícia (Juliana Didone)
Foto: Gianne Carvalho/TV Globo
Fonte: UOL Entretenimento 22/06/15
Coluna: Segunda Tela Autor: Jean Pierry Leonardo
Escrita por Bosco Brasil, "Tempos
Modernos" (2010) é considerada a pior novela do horário das 19h. Pelo
menos uma das menores quando o assunto é audiência. Isso também se refletiu na
empatia de Nelinha, de Fernanda Vasconcellos. Mesmo protagonizando a trama ao
lado do companheiro Thiago Rodrigues, de tantos outros casais em novelas, não
teve jeito: o público enjoou dos dois juntos, e a característica de ser
boazinha demais, e querer resolver todos os problemas não convenceu.
Paula e Thaís (Alessandra Negrini)
Foto: Divulgação/TV Globo
No início do texto foi dito porque Bebel (Camila
Pitanga) roubou a cena em "Paraíso Tropical", de Gilberto Braga e
Ricardo Linhares, lembram?! Pois bem. Isso se deve ao fato das gêmeas Paula (a
boa) e Thaís (a má) de Alessandra Negrini, não ter correspondido ao que o
público esperava. A interpretação da atriz foi contestada, e ela não teve muito
o que fazer. Não deixou saudades.
Foto: Divulgação/ TV Globo
Trocar as passarelas pelo mundo da TV, foi
traumatizante para Fernanda Lima. Em 2005, ela estreou na Rede Globo para
protagonizar a trama de Mário Prata e Carlos Lombardi, "Bang Bang",
como Diana. Com uma trama confusa, ambientada num faroeste, nada funcionou. A
personagem não convencia, a inexperiência da artista ficou clara, o ibope foi
um fiasco. Resumindo: irritou o telespectador. Mesmo tendo feito outra novela
em seguida, Fernanda parece ter desistido da carreira e hoje dedica-se apenas
ao posto de apresentadora.
Foto: Divulgação/TV Globo
Apesar do sucesso da novela, se teve um
"calcanhar de Aquiles" na história foi Sol. Em América (2005), a
personagem de Deborah Secco que tentava a todo custo cruzar a fronteira dos EUA
e ter uma vida melhor por lá, tirou a paciência dos novelistas. A jovem sofreu
tanto, chorou tanto, que irritou. Também não funcionou a química com o peão
Tião (Murilo Benício).
Foto: Gianne Carvalho/TV Globo
Em "Malhação", na temporada de 2004,
Juliana Didone teve essa ruim experiência com a mocinha Letícia. Dona de jeito
bondoso, onde queria "ajudar todas as crianças do mundo", além da
forte personalidade, a personagem conseguiu irritar o público adolescente. No
falecido Orkut ela ganhou até uma comunidade (alguém lembra?!) chamada "Eu
Odeio a Letícia de Malhação". Deu ruim.
O "fenômeno", talvez, explica-se pelo fato
de que o telespectador já não é apenas um mero espectador. Ele cada vez mais se
envolve, opina, escreve a novela junto aos autores. Se não for do jeito que sua
expectativa quer, fica difícil seguir em frente com enredo. Além disso, a maneira como determinada
atriz incorpora o papel também contribui. Faz diferença. Se os dramaturgos não
podem ficar abrindo concessão também a tudo aquilo que quem está em casa
espera, ele também não desmerece o mesmo.
É verdade que nem tudo está perdido - vide Marizete
("I Love Paraisópolis"), Lígia e Júlia ("Sete Vidas"),
Arlete/Angel ("Verdades Secretas"), Karina ("Malhação) entre
outras - mas já não se encontram mais "Namoradinhas do Brasil" à la
Regina Duarte de tantas protagonistas, como antigamente. Eis a questão. Plim
plim.
Fonte: UOL Entretenimento 22/06/15
Coluna: Segunda Tela Autor: Jean Pierry Leonardo