domingo, 7 de junho de 2015

A geração das justificativas: Por que é mais fácil justificar rompimentos do que persistir nas relações?

Hoje, estreia a coluna "Eu manifesto e você?", no qual a cada semana trará um convidado diferente para manifestar a sua opinião sobre os mais variados assuntos.

Nesta semana, ¹Jhonatan Wilson, um poeta paulistano de alma lírica e sensível, é natural de Mogi Mirim, mas foi criado em Mogi Guaçu, onde estudou e logo, com a família, se radicou no município de Estiva Gerbi (SP). Formou-se como Auxiliar de Comunicação em LIBRAS na mesma época em que teve breve incursão pelo Teatro Regional. Atualmente cursa o último ano de letras. Aos 18 anos, começou a atuar como professor e a usar a Poesia e a Literatura como forma de educar os seus alunos para as chamadas Belas Letras. Autor de três obras, “Sem capas, com aspas” (2014), “FALASP – A história” (2014) e “O Segredo de um Sujeito Oculto” (2015), Jhonatan Wilson escreve sem preocupações de gênero. Importa mesmo é a essência do estar para ser... sendo! Na alternância entre o espírito, o coração e a mente, ele revela, com foros de missivista, ser um poeta mais racional. Com ele a Prosa e a Poesia se alternam com equilíbrio, sempre. Isso se faz notar que, na verdade, quando escreve, ele fica em uma gangorra, entre a razão e a emoção. Mas tudo com em dose exata. Em sua jovem jornada artístico-cultural, o jovem poeta prova que devemos viver a vida o mais intensamente possível, sem inibições fantasmagóricas e ou diminuidoras de personalidades. Assim, garimpando sonhos e divagações em pensamentos líricos, além de ser um arguto observador do belo e um crítico apurado com a sensibilidade de agrupar os admiradores desse gênero lírico, com louvores, o escritor adquire cada vez mais espaço em Arcádia Literárias e outras instituições. Hoje, aos 20 anos, é membro e representante de Federações e Academias de Letras e Artes. Boa leitura!

Desde que li “O Desafio de Amar” escrito pelos irmãos americanos Alex e Stephen Kendrick, lançado pela BV Books no Brasil apenas em 2009, o livro citado no filme “À Prova de Fogo” (2008), em que Alex Kendrick é o diretor, e também, “O Desafio de Amar Dia a Dia”, uma adaptação extraída deste mesmo livro, eu adquiri a visão de todas as dificuldades que um casal encontra em um relacionamento, seja ainda no namoro, noivado e ou, principalmente, no casamento. Foi nesta perspectiva que, pela primeira vez, entendi o quanto devemos ser e estar munidos de determinação para levarmos uma relação adiante, pois lidar com os problemas mais complexos no convívio com alguém diferente de si mesmo, como: diálogo, sexo, dinheiro e ciúme é, sem dúvidas, uma tarefa árdua e que exige muito comprometimento. O problema é que nos dias atuais as pessoas não estão dispostas a descobrirem os segredos de um relacionamento cheio de vida e de verdadeira intimidade. Elas criam um modelo ideal de um(a) companheiro(a) para se relacionar, e, às vezes, até encontram alguém moldado nas suas exigências e se unem a ela, porém, quando percebem as diferenças, se tudo vira rotina e mesmice ou pessoas e problemas externos tendem a enfraquecer a relação, ao invés de manterem o pacto da aliança, o exercício e a prática da paciência, bondade e generosidade elas preferem justificar um término, uma separação. Nossa geração se tornou a geração das justificativas; nos nossos dias não mais se persevera!

 Amar é um desafio não apenas numa relação conjugal. Ele, o desafio, deve ser encarado nas relações familiares e também nos laços de amizade. Quando duas pessoas se encontram pela primeira vez, elas tentam formar a melhor imagem de si mesmas umas para a outra, e para isso se esforçam em se apresentar da melhor forma, comunicar-se de maneira clara e correta, amenizar suas imperfeições e defeitos; ou seja, revelam quão boas e belas elas são ou podem ser. Geralmente, os primeiros encontros estão repletos de omissões quando não de mentiras. Este fato proporciona outros encontros, e quando se percebe laços já se formaram e desconhecidos viraram amigos ou mesmo namorados. Mas o tempo passa e o verdadeiro conhecimento sobre a outra pessoa chega. Neste momento são diferenciadas as pessoas que amam das que buscam um relacionamento moldado ou mesmo perfeito (uma verdadeira ilusão). Pessoas sábias usam da diferença para somar, já para outras pessoas se existe alguma diferença, elas subtraem sem pensar. Claro que “há caso e casos”, porque algumas diferenças são, sim, motivos de separação, em que o melhor é cada um buscar o seu objetivo, pois depositar expectativas que a outra pessoa jamais será capaz de suprir é um caso sério. Por exemplo: na relação de um casal em que um deseja ter um filho e o outro não, ou quando um vínculo de amizade é corrompido pela falsidade. No entanto, se um simples modo de pensar ou de agir e reagir são diferentes entre duas pessoas, e uma dessas não se vê apta para aceitar as diferenças da outra, há um grande indício de que ela seja egoísta, ou apenas um alguém que ainda não se deu conta de que não existem príncipes ou princesas na vida real, e nem entendeu que a aliança da amizade de Jônatas e Davi pode ser uma história não somente bíblica basta ela entregar-se, doar-se e estar disposta a aceitar, entender ou minimamente compreender o (a) parceiro (a). Expectativas e decepções superficiais têm destruído relações que poderiam ser duradouras, porque há implantada na sociedade uma ideia de que ‘ninguém precisa de ninguém’, de que somos todos auto-suficientes... Eu concordo no seguinte conceito: uma pessoa, em individualidade, é capaz de muitas coisas, tanto é que todos nós temos competências e habilidades distintas, portanto, ninguém deve ser dependente de alguém para as suas conquistas, seus ganhos, sejam de quais segmentos forem. Um grande exemplo disso é a independência e o espaço que a mulher ganhou, porém desde sempre ela foi capaz. Mas não é por ser independente que esse indivíduo não necessite de outro, ou melhor, precise de ninguém. É necessário ter outro conceito em mente: ‘ninguém é de ninguém’, porque uma pessoa vai estar com a outra desde que ela queira, se fizer bem e trazer felicidade a ela. Se não for assim, ‘o pássaro vai voar’. Aqui personifico um pássaro como pessoa, mas vamos nos lembrar sempre de que um pássaro cativo é infeliz; uma pessoa também. Se uma relação faz alguém infeliz, ele deve ser liberto. (Que o motivo para tal libertação não sejam as expectativas e as decepções superficiais, hein!)

Recentemente, vi duas colegas minhas que são solteiras discutindo que não encontram ninguém.   Parei para analisar o quanto de mensagens que as mesmas recebem nas redes sociais de homens e mulheres que se mostram interessados por elas; atentei também ao fato de que quando estou na companhia delas, eu sou prova dos olhares e cantadas recebidas por tais. Acabei refletindo se elas não encontram ninguém ou se não encontram ninguém que se ajustasse aos seus perfis de perfeitos pretendentes. Conclui que no meio dos solteiros é assim: eles sempre estão em busca de alguém, mas são muitas as exigências. Reafirmo com duas frases presentes em crônicas de minha autoria, no meu primeiro livro “Sem capas, com aspas”, lançado em 2014: “Todas as pessoas querem amar, mas poucas deixam de ser exageradamente qualificativas para que os fogos da paixão inflamem-nas” e “[...] Somos diferentes uns dos outros. Em um dado momento e por uma circunstância vital, o ser humano nos causará estranheza. Não somos personagens dos contos de fadas. [...] Sapos não se transformam em príncipes”. Discorro aqui também que para o ciclo de amizades há a mesma pré-seleção e o mesmo pré-julgamento: “Ela é metida demais. Não gosto de gente assim!”, “Ele torce por um time diferente, não bebe da mesma cerveja. Não rola amizade!”. São comuns estes pensamentos e estes pré-conceitos, todos hão de concordar. Então, vem a pergunta: Como poderá surgir uma nova amizade na vida de alguém? As pessoas não estão preparadas para receber o novo... Inventam moda para justificar até mesmo as suas solidões! Os solteiros se esbarram, mas não se olham, e se olham já colocam um empecilho no caminho (motivos simples como o modo do outro se vestir ou falar) e miram outra pessoa... O olhar é sempre para o próximo, e olhar o próximo é a sempre a escolha. Alguns dos solteiros que estão em busca de alguém também se focam, mas se focam em quatro pretendentes de uma única vez, e eles só optam por sair com quem lhes foi mais conveniente ou convincente, assim se esquecem se eram ou não os pretendentes necessários para atender as suas reais condições, as suas verdadeiras personalidades. Se o sexo casual é algo tão comum para a maioria das pessoas, muitos são os que preferem consumir, descartar e, às vezes, reciclar as outras (os verbos consumir, descartar e reciclar no presente discurso estão sendo usados com entonação pejorativa e eles sustentam a ideia de facilidade em justificação das pessoas do que em encarar os desafios de uma relação; ideia principal deste texto). É mais fácil esse tipo de ação do que ter compromisso firmado e obrigações com alguém. A triste realidade é o vazio que não se preenche na vida dessas pessoas; são seres dados ao prazer imediato, suprem as suas necessidades físicas, apenas. Por essa e outras razões a vida sentimental da população, em especifico a dos jovens, está tão conturbada. É uma imagem distorcida que vem ganhando cada vez mais espaço em apologias criadas para reavaliar os fundamentos do sexo.

Outra problemática existente é de que o amor para muitos tem se tornado em sadismo. As pessoas não sabem mais amar. Isso é provado com a intolerância, o desrespeito, a crueldade, o egoísmo e egocentrismo, as injúrias e calúnias, a inveja etc. que tanto cresce no coração dos humanos. Uma pessoa infiel e que sabe que será infiel num relacionamento entra em um, por quê? As pessoas de caráter duvidoso se tornam amigas das outras com qual intuito? Falsos moralistas discursam para quem? Pessoas assim deveriam se colocar em seus devidos lugares: frente ao espelho, refletindo a si e sobre si mesmo. Já que existem seres tão mal-aventurados desta maneira, os medos de algumas pessoas em se relacionar com o mundo são compreensíveis, mas também não podem ser justificativas. Afinal: “Não é porque uma laranja está pobre no saco de laranjas que as outras também estarão.” Se alguém sofre em um relacionamento de amizade, família ou conjugal e tem o norte de o porquê esse sofrimento existe, e mesmo assim se permite ficar na condição de infelicidade, ela não irá aguentar por muito tempo. O vinculo se romperá! Muitas pessoas se permitem estar nessa condição por não quererem lutar, mudar; ou seja, não querem resistir e o fracasso é auto atribuído na ideia sociológica mais medíocre existente, a que a própria pessoa criou para sua situação.

Se algum tipo de relação em que você é membro está em crise, persista! Procure mudar a situação, e quando isso estiver fora de seu alcance procure ajuda, mas só se realmente valer à pena e se as duas ou mais pessoas, dependendo do segmento da relação, estiverem dispostas a salvar a aliança um dia feita. Lutar sozinho nem sempre será a melhor opção, em exceção quando a luta for para mudar o seu eu. Aí, sim, será uma disputa travada consigo mesmo. Evidencie os reais problemas e procure ajustá-los para que lindos sonhos não se transformem em pesadelos horrendos. Não deixe para amanhã a mudança que pode ser feita hoje. Não faça hoje o que deve ser feito amanhã, porque muitos atropelam as coisas, as relações e acabam se frustrando. Seja sempre o melhor que puder.  Apegue-se menos às coisas e mais às pessoas. O ser humano deixará de existir quando não desejar mais nada. Porém, deseje mais do bem, e não se canse nunca de quem você escolheu e ainda escolherá amar e, também, dos que escolheram amar você. Desgastar-se por problemas pequenos é desnecessário. Evite brigas. Dê mais flores... Mais atenção, mais perdão! Dê mais de você para os outros e para si... Lute por si, desfrute da sua companhia! Culpe e se justifique somente quando for preciso!

Eu, Jhonatan Wilson, manifesto e você?



¹(Biografia construída com excertos de textos escritos pelo Conde Thiago de Menezes, que assumirá, ainda em 2015, a presidência da SCAB - Sociedade Cultural Artística Brasileira, e por Clevane Pessoa do Araújo, que é Delegada do ICA - Instituto de Cultura Americana - UNESCO - Reg. 5041 – França)

Contatos:
E-mail 1: wilson.poeta@outlook.com
E-mail 2: gomes.designergrafico@gmail.com
Página no facebook: facebook.com/semcapascomaspas
Perfil no facebook: facebook.com/jholwilson

Imagens: Facebook e internet   -  07/06/15 
Coluna: Eu manifesto e você?   Texto: Jhonatan Wilson