quinta-feira, 9 de julho de 2015

Atleta mulher sim! Com muito orgulho

09/07/15
Coluna: Esporte Manifesto   Autora: Bruna Rafaela

A história do preconceito contra as mulheres no esporte é tão antiga quanto à dos jogos Olímpicos da Antiguidade. O veto às mulheres estava no primeiro item do regulamento, que proibia a participação das mesmas em quaisquer tipos de modalidades, com a alegação de que elas não teriam condições físicas e fisiológicas para tal.Este cenário repleto de subjugações perdurou até o final do século XIX.

Algumas mulheres foram fundamentais para a inclusão feminina nas competições esportivas e, em especial, nas Olimpíadas. Uma das figuras mais importantes para a inclusão das mulheres foi a francesa Alice Melliat, que através da Federação Esportiva Feminina Internacional, reivindicou, junto ao Comitê Olímpico Internacional, principalmente, a entrada efetiva das mulheres nas competições de atletismo e de outras modalidades nos Jogos Olímpicos.No Brasil, a nadadora Maria Lenk foi um ícone na representação feminina nos esporte e nas atividades físicas.


Infelizmente, após décadas decorridas e conquistas alcançadas, o cunho do (pré)conceito machista continua tão arraigado nos valores sociológicos quanto força de vontade de quem luta por direitos. 


Exemplo disto foi um manifesto assinado por 46 atletas brasileiras de hóquei sobre a grama, onde acusam a confederação brasileira do esporte de “machismo” e discriminação por investir todos os recursos para a seleção do time masculino. Segundo as atletas, viviam em meio a comentários vulgares sobre a estética da equipe.

A Confederação nega veementemente qualquer preferência. O órgão diz que a análise em conjunto com o COB concluiu que o time feminino "não teria qualquer chance" de alcançar os resultados que lhes dariam a vaga olímpica, e que por isso houve a decisão de investir os recursos todos na seleção masculina.

Ao ler esta nota, surgiu-me a seguinte dúvida. Como os pressupostos resultados podem ser alcançados sem investimentos? Afinal, ninguém nasce atleta, é preciso ser lapidado. A existência da diferença fisiológica entre gêneros realmente é clara. Homens estatisticamente superam mulheres em força e resistência. Estas diferenças, apesar de serem verdadeiras, são geralmente usadas para propagar o sexismo baseado nos gêneros dos times e continua a agir como o maior obstáculo para as mulheres se envolverem nos esportes.

Rótulos são acrescidos e a mulher ainda é vista como “ser gerador de vida e cuidadora do lar”. Não raro é ver taxação de homossexual feita às mulheres que jogam futebol ou competem em atletismo, lutas e outras modalidades consideradas “masculinas”.

Em um mundo onde tantos exemplos de superação são expostos pela mídia, um olhar mais atento deveria ser feito, assim como, a descaracterização de estereótipos. A palavra atleta precisa ser encarada em sua essência como o substantivo epiceno que é, revalidando apenas o que importa, a paixão pelo esporte.

Fonte: O Globo (on-line)