Coluna: Esporte Manifesto Autora: Bruna Rafaela
A história do
preconceito contra as mulheres no esporte é tão antiga quanto à dos jogos
Olímpicos da Antiguidade. O veto às mulheres estava no primeiro item do
regulamento, que proibia a participação das mesmas em quaisquer tipos de
modalidades, com a alegação de que elas não teriam condições físicas e
fisiológicas para tal.Este cenário repleto de subjugações perdurou até o final do
século XIX.
Algumas mulheres
foram fundamentais para a inclusão feminina nas competições esportivas e, em
especial, nas Olimpíadas. Uma das figuras mais importantes para a inclusão das
mulheres foi a francesa Alice Melliat, que através da Federação Esportiva
Feminina Internacional, reivindicou, junto ao Comitê Olímpico Internacional,
principalmente, a entrada efetiva das mulheres nas competições de atletismo e
de outras modalidades nos Jogos Olímpicos.No Brasil, a nadadora Maria Lenk foi um
ícone na representação feminina nos esporte e nas atividades físicas.
Infelizmente, após
décadas decorridas e conquistas alcançadas, o cunho do (pré)conceito machista
continua tão arraigado nos valores sociológicos quanto força de vontade de quem
luta por direitos.
Exemplo disto foi um
manifesto assinado por 46 atletas brasileiras de hóquei sobre a grama, onde
acusam a confederação brasileira do esporte de “machismo” e discriminação por
investir todos os recursos para a seleção do time masculino. Segundo as
atletas, viviam em meio a comentários vulgares sobre a estética da equipe.
A Confederação nega
veementemente qualquer preferência. O órgão diz que a análise em conjunto com o COB concluiu que o time
feminino "não teria qualquer chance" de alcançar os resultados que
lhes dariam a vaga olímpica, e que por isso houve a decisão de investir os
recursos todos na seleção masculina.
Ao ler esta nota,
surgiu-me a seguinte dúvida. Como os pressupostos resultados podem ser
alcançados sem investimentos? Afinal, ninguém nasce atleta, é preciso ser
lapidado. A existência da diferença fisiológica entre gêneros realmente é
clara. Homens estatisticamente superam mulheres em força e resistência. Estas diferenças, apesar de serem verdadeiras,
são geralmente usadas para propagar o sexismo baseado nos gêneros dos times e
continua a agir como o maior obstáculo para as mulheres se envolverem nos esportes.
Rótulos são
acrescidos e a mulher ainda é vista como “ser gerador de vida e cuidadora do
lar”. Não raro é ver taxação de homossexual feita às mulheres que jogam futebol
ou competem em atletismo, lutas e outras modalidades consideradas “masculinas”.
Em um mundo onde
tantos exemplos de superação são expostos pela mídia, um olhar mais atento
deveria ser feito, assim como, a descaracterização de estereótipos. A palavra
atleta precisa ser encarada em sua essência como o substantivo epiceno que é,
revalidando apenas o que importa, a paixão pelo esporte.
Fonte: O Globo (on-line)