Coluna: Esporte Manifesto Autora: Bruna Rafaela
Publicado em 9 de abril de 2013 está o decreto que
regulamenta a Lei Pelé (n. 9.615/98). A regulamentação trata de diversos pontos
do esporte nacional — principalmente, a formação de atletas — e regula a
utilização de verba pública destinada ao Comitê Olímpico Brasileiro
(COB),Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e a Confederação Brasileira de
Clubes (CBC). Mas então, além de IPTU, IPVA, ISS, ICMS, IR, IPI, IOF ainda
teremos que desembolsar uma cota para os esportes? Bem, partindo do preceito
que o Esporte é sim um poderoso agente transformador de uma sociedade, e que
como tal deve ser estimulado, não existiria problema algum nesta cooperação
nacional.
O detalhe questionador disto são os milhões.
Particularmente considero “anormal” que um clube pague mis de 40 milhões de
reais por um jogador e não veja problema algum nisso. Acredito que os clubes
precisam reduzir os gastos. Para serem viáveis, salários e transferências devem
ser coerentes. Portanto, os mesmos devem estar comprometidos a trabalhar no
conceito financeiro do futebol para conter despesas excessivas.
Em um país onde a
esmagadora maioria da população se daria satisfeita por receber de três a quatro
salários mínimos mensais, chega a ser bizarro definir como baixos rendimentos
R$ 5 mil, R$ 15 mil, R$ 30 mil. De jogadores à imprensa, passando por técnicos,
empresários e dirigentes, cada um tem na ponta da língua uma razão para
explicar ou justificar cifras astronômicas.
Em um breve levantamento, Petkovic quando defendia o Flamengo chegava a ganhar R$ 466 mil mensais! E quanto recebia Luizão, em sua passagem pelo Corinthians? R$ 300 mil ao mês! Zinho, no Grêmio, ganhava R$ 100 mil! Euller, no Vasco, R$ 110 mil! E por aí vai...
Entendo o futebol como uma atividade que desperta o
interesse de multidões, tornando-se assim, uma verdadeira paixão Nacional. Há
muito tempo o esporte é uma ferramenta capaz de aproximar e reunir multidões
tornando certas modalidades esportivas ótimas mercadorias para o mundo
capitalista em que vivemos. O que acho totalmente descaracterizador é um
Governo com tantos problemas inflacionários aliar-se à Clubes montados em
milhões para, usando-se de neologismo, “milhonizar” mais ainda está roda da
fortuna.
Abrangendo sob um olhar mundial os gastos com as
altas contratações, o valor chega à incrível marca exorbitante de 70 milhões de
Euros pagos pelo Manchester City para contratar Raheem Sterling, transformando
o jovem inglês no jogador mais caro da história do Futebol. No Brasil este
extenuante fica por conta do Cruzeiro, que pagou aproximadamente 47,5 milhões
por Everton Ribeiro, 41 milhões por Lucas Silva e 30,9 milhões por Ricardo
Goulart.
Em 1984, quando Maradona saiu do Barcelona para o
Napoli já houve um custo de 5,3 milhões de Euros, quantia esta, que já foi
considerada alta. O que mudou de lá pra cá, além é claro, da grande disputa
pelos melhores jogadores, foi o bom senso.
Obviamente, se um clube tem dinheiro e quer arcar
com salários hiperbólicos, formulando contratos com multas rescisórias
astronômicas só nos resta aceitar. O que é totalmente descabido é nossa “amada”
Presidente Dilma Rousseff disponibilizar verbas públicas para compactuar com o
alto mercado da bola. Então, enquanto o Maraca diminui, em espaço e público, os
salários inflam, juntamente com nossas taxas e juros, tudo isto fomentado por
uma Gestão Pública com seus interesses, que obviamente, não joga para perder.
Imagem: Extra on-line, Globoesporte.com