quinta-feira, 23 de julho de 2015

Os milhões da bola

23/07/15
Coluna: Esporte Manifesto   Autora: Bruna Rafaela


Publicado em 9 de abril de 2013 está o decreto que regulamenta a Lei Pelé (n. 9.615/98). A regulamentação trata de diversos pontos do esporte nacional — principalmente, a formação de atletas — e regula a utilização de verba pública destinada ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB),Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e a Confederação Brasileira de Clubes (CBC). Mas então, além de IPTU, IPVA, ISS, ICMS, IR, IPI, IOF ainda teremos que desembolsar uma cota para os esportes? Bem, partindo do preceito que o Esporte é sim um poderoso agente transformador de uma sociedade, e que como tal deve ser estimulado, não existiria problema algum nesta cooperação nacional.

O detalhe questionador disto são os milhões. Particularmente considero “anormal” que um clube pague mis de 40 milhões de reais por um jogador e não veja problema algum nisso. Acredito que os clubes precisam reduzir os gastos. Para serem viáveis, salários e transferências devem ser coerentes. Portanto, os mesmos devem estar comprometidos a trabalhar no conceito financeiro do futebol para conter despesas excessivas.

Em um país onde a esmagadora maioria da população se daria satisfeita por receber de três a quatro salários mínimos mensais, chega a ser bizarro definir como baixos rendimentos R$ 5 mil, R$ 15 mil, R$ 30 mil. De jogadores à imprensa, passando por técnicos, empresários e dirigentes, cada um tem na ponta da língua uma razão para explicar ou justificar cifras astronômicas.


Em um breve levantamento, Petkovic quando defendia o Flamengo chegava a ganhar R$ 466 mil mensais! E quanto recebia Luizão, em sua passagem pelo Corinthians? R$ 300 mil ao mês! Zinho, no Grêmio, ganhava R$ 100 mil! Euller, no Vasco, R$ 110 mil! E por aí vai...

Entendo o futebol como uma atividade que desperta o interesse de multidões, tornando-se assim, uma verdadeira paixão Nacional. Há muito tempo o esporte é uma ferramenta capaz de aproximar e reunir multidões tornando certas modalidades esportivas ótimas mercadorias para o mundo capitalista em que vivemos. O que acho totalmente descaracterizador é um Governo com tantos problemas inflacionários aliar-se à Clubes montados em milhões para, usando-se de neologismo, “milhonizar” mais ainda está roda da fortuna.

Abrangendo sob um olhar mundial os gastos com as altas contratações, o valor chega à incrível marca exorbitante de 70 milhões de Euros pagos pelo Manchester City para contratar Raheem Sterling, transformando o jovem inglês no jogador mais caro da história do Futebol. No Brasil este extenuante fica por conta do Cruzeiro, que pagou aproximadamente 47,5 milhões por Everton Ribeiro, 41 milhões por Lucas Silva e 30,9 milhões por Ricardo Goulart.

Em 1984, quando Maradona saiu do Barcelona para o Napoli já houve um custo de 5,3 milhões de Euros, quantia esta, que já foi considerada alta. O que mudou de lá pra cá, além é claro, da grande disputa pelos melhores jogadores, foi o bom senso.

Obviamente, se um clube tem dinheiro e quer arcar com salários hiperbólicos, formulando contratos com multas rescisórias astronômicas só nos resta aceitar. O que é totalmente descabido é nossa “amada” Presidente Dilma Rousseff disponibilizar verbas públicas para compactuar com o alto mercado da bola. Então, enquanto o Maraca diminui, em espaço e público, os salários inflam, juntamente com nossas taxas e juros, tudo isto fomentado por uma Gestão Pública com seus interesses, que obviamente, não joga para perder.

Imagem: Extra on-line, Globoesporte.com