sexta-feira, 10 de julho de 2015

Viagem à Lua em doze minutos

10/07/15
Coluna: CineManifesto   Autor: Rodrigo dos Santos






Bem antes de Neil Armstrong ou qualquer missão Apollo da NASA, o francês Georges Méliès apresentou ao público em 1902 a primeira viagem tripulada à Lua. O filme de aproximadamente doze minutos, pioneiro no gênero ficção cientifica, cont a a história de uma viagem que acontece em meio a muito embate e desavença, quando o professor Barbenfouillis interpretado pelo próprio Méliès tenta convencer seus colegas cientistas que é possível adentrar a superfície lunar. Após muita discussão, o professor embarca na cápsula que o levará à Lua com a ajuda das suas sensuais assistentes no embarque. Barbenfouillis e sua tripulação buscam o conhecimento extraterrestre por intermédio de um supercanhão onde a nave é colocada e os desbravadores são lançados diretamente no olho da lua, (imagem clássica dos primórdios do cinema).

Já em terreno lunar, os astronautas se surpreendem com o ambiente encontrado, onde pode se ver até vegetação. Após uma noite de sono com direito à neve, o primeiro contato com nativos é feito e de forma hostil. Entre um duelo e outro, os inimigos são eliminados a golpes de guarda chuva e reduzidos à fumaça. Capturados e levados ao líder dos habitantes, outra confusão é estabelecida e os aventureiros conseguem escapar sob a perseguição dos “ETs”. Ao embarcarem na cápsula, não dão conta de que um dos nativos fica agarrado na calda da nave é levado para o planeta Terra.

Retornando a Terra, são recepcionados com boas-vindas, sendo agraciados pela população que os aguardavam. Neste momento, percebem o penetra que haviam trazido e, diferentemente da recepção lunar, tudo acaba em festa com direito a convidado de luxo.

“Viagem à Lua” é um filme carregado de efeitos especiais que só Méliès era capaz de produzir, tornando-se até hoje, referência para esse tipo de filme e diretores consagrados. Chaplin por exemplo, o chamava de “alquimista da luz”. Um dos grandes diretores da história do cinema D.W Griffith dizia: “A ele tudo devo”.

Além do seu tempo na sétima arte, Méliès, que era ilusionista, usava a câmera presenteada pelo cinematógrafo Robert W. Paul. Para se adaptar ao objeto, saía pelas ruas filmando tudo que estava a sua frente. Em uma de suas filmagens, percebeu que a câmera parou e que as pessoas continuavam se movimentando, quando voltou a filmar, a ação feita e vista era diferente. Essa trucagem ele chamou de stop action, além de outros efeitos que ele criou como, múltiplas exposições e filmagens em baixa e alta resolução. Outra prática que Méliès utilizava bastante eram storyboards como cenário.

Admirador de literatura fantástica e de clássicos de ficção científica, Méliès se inspirava muito nos livros de Júlio Verne para realização de sua obra. 


Georges Méliès é considerado o pai do cinema fantástico ou de ficção. Teve o prazer de estar na plateia onde os irmãos Lumière projetaram o primeiro filme da história do cinema. Inclusive, o primeiro estúdio de cinema da Europa pertenceu a ele, mas tanto reconhecimento não o ajudou a se estabelecer na vida. Méliès morreu pobre e vítima de aproveitadores que se beneficiaram de sua grande obra. Entretanto, o mais importante é que para os cinéfilos ele será sempre o precursor dos efeitos especiais da telona.

Imagens: Reprodução/Internet