Coluna: CineManifesto Autor: Rodrigo dos Santos
Bem antes de Neil Armstrong ou qualquer
missão Apollo da NASA, o francês Georges Méliès apresentou ao público em
1902 a primeira viagem tripulada à Lua. O filme de aproximadamente doze
minutos, pioneiro no gênero ficção cientifica, cont a a história de uma viagem
que acontece em meio a muito embate e desavença, quando o professor
Barbenfouillis interpretado pelo próprio Méliès tenta convencer seus colegas
cientistas que é possível adentrar a superfície lunar. Após muita discussão, o
professor embarca na cápsula que o levará à Lua com a ajuda das suas sensuais
assistentes no embarque. Barbenfouillis e sua tripulação buscam o conhecimento
extraterrestre por intermédio de um supercanhão onde a nave é colocada e os
desbravadores são lançados diretamente no olho da lua, (imagem clássica dos
primórdios do cinema).
Já em terreno lunar, os astronautas se
surpreendem com o ambiente encontrado, onde pode se ver até vegetação. Após uma
noite de sono com direito à neve, o primeiro contato com nativos é feito e de
forma hostil. Entre um duelo e outro, os inimigos são eliminados a golpes de
guarda chuva e reduzidos à fumaça. Capturados e levados ao líder dos
habitantes, outra confusão é estabelecida e os aventureiros conseguem escapar sob
a perseguição dos “ETs”. Ao embarcarem na cápsula, não dão conta de que um dos
nativos fica agarrado na calda da nave é levado para o planeta Terra.
Retornando a Terra, são recepcionados
com boas-vindas, sendo agraciados pela população que os aguardavam. Neste
momento, percebem o penetra que haviam trazido e, diferentemente da recepção
lunar, tudo acaba em festa com direito a convidado de luxo.
“Viagem à Lua” é um filme carregado de
efeitos especiais que só Méliès era capaz de produzir, tornando-se até hoje,
referência para esse tipo de filme e diretores consagrados. Chaplin por
exemplo, o chamava de “alquimista da luz”. Um dos grandes diretores da história
do cinema D.W Griffith dizia: “A ele tudo devo”.
Além do seu tempo na sétima arte,
Méliès, que era ilusionista, usava a câmera presenteada pelo cinematógrafo
Robert W. Paul. Para se adaptar ao objeto, saía pelas ruas filmando tudo que
estava a sua frente. Em uma de suas filmagens, percebeu que a câmera parou e
que as pessoas continuavam se movimentando, quando voltou a filmar, a ação
feita e vista era diferente. Essa trucagem ele chamou de stop action,
além de outros efeitos que ele criou como, múltiplas exposições e filmagens em
baixa e alta resolução. Outra prática que Méliès utilizava bastante eram storyboards
como cenário.
Admirador de literatura fantástica e de
clássicos de ficção científica, Méliès se inspirava muito nos livros de Júlio
Verne para realização de sua obra.
Georges Méliès é considerado o pai do cinema
fantástico ou de ficção. Teve o prazer de estar na plateia onde os irmãos
Lumière projetaram o primeiro filme da história do cinema. Inclusive, o
primeiro estúdio de cinema da Europa pertenceu a ele, mas tanto reconhecimento não o
ajudou a se estabelecer na vida. Méliès morreu pobre e vítima de aproveitadores
que se beneficiaram de sua grande obra. Entretanto, o
mais importante é que para os cinéfilos ele será sempre o precursor dos efeitos
especiais da telona.
Imagens: Reprodução/Internet