Coluna: CineManifesto Autor: Rodrigo dos Santos
Qual mulher não gostaria de ser como ela?A cor do Rio que só de olhar já basta, e um par de olhos que fazem enfeitiçar qualquer agente secreto. Confesso que desgrudar o meu par de olhos de suas fotos para escrever esta coluna foi algo extremamente desafiador perante tamanha beleza.
Adele Fátima
de origem germânica por parte de pai e legitimamente carioca por parte de mãe é
oriunda das pacatas ruas da Urca onde nasceu e se criou,situação esta tratou de
colocar a cereja que faltava, ser do Rio de Janeiro.

Magnética, primavera em pessoa, assim Jorge Ben
definiu na música que compôs para ela em 1980, “Adelita ”, como uma forma de
juramento ou gratidão por dividir o mesmo planeta que a beldade (o mesmo diria
este colunista). Assista no vídeo abaixo.
Com 18 filmes
e duas minisséries em sua carreira, Adele se transformou na musa do cinema
nacional nos meados dos anos 70 e início dos anos 80, seu primeiro filme foi em
1975, “Com as calças na mão” dirigido por Carlo Mossy e estrelado por Jorge
Dória, Wilza Carla, Lady Francisco, Tião Macalé entre outros.

Ainda em 79 na supra da beleza foi que sua
carreira teria tudo para decolar com pretensões internacionais,ou quase. Chamada
para filmar ao lado de Roger Moore, 007 contra o foguete da morte que contém
cenas gravadas no Rio de Janeiro, Adele entraria para história como a primeira
“bond girl” brasileira, mas como em todo meio artístico, se existe beleza há
rumores, e com Adele Fátima não seria diferente, com 18 aninhos a mulata de
Sargenteli despertava o interesse de toda imprensa que talvez na ausência de
pauta ou preguiça mesmo roteirizaram uma fábula que estamparia as manchetes dos
jornais.
Com toda
aquela badalação de estrelas hollywoodianas em cenário carioca entre uma
divulgação e outra do filme seria o suficiente para novas versões de que a
estrela principal Roger Moore estivesse de caso amoroso com nossa musa afro, em
um dos boatos eles estariam até de viagem marcada assim que acabassem as
filmagens.
Com exceção
das fofocas criadas pela imprensa carioca nada disso ocorreu, mas na cabeça de
muitos,bem que o espião gostaria que tivesse acontecidomesmo 007 sendo casado,
fato este que foi primordial na saída de Adele da rodagem do filme, já que a
esposa de Moore evidentemente não gostou nada da história e exigiu da direção
que a beldade saísse do longa imediatamente , ultimato concedido! Afinal, pior
que a esposa do agente mais competente do mundo seria a ex esposa desse agente,
Adele não faria mais o filme , sendo substituída pela bela (mas nem tanto)
Emily Bolton, mas ainda é possível observar seu nome nos créditos finais e em
alguns cartazes do filme, o que a faz ser a primeira “bond girl” brasileira da
história.
Em um tempo muito diferente dos dias de hoje onde o
empresário do artista é peça chave na vida do astro, Adele foi vítima do lado
escabroso e manipulador da imprensaque se engrandeceu pela ausência de um
profissional que falasse por ela, além da prática visível nosnossostempose que
nos anos 70 e 80 eram ainda mais “claros”na rotina da atriz,o preconceito.
Mesmo assim
com sua garra e talento Adele brilhou e não deixou que qualquer história
apagasse seu brilho, que rebate e se mistura até hoje na história do cinema
nacional.
Imagens: Internet