terça-feira, 18 de agosto de 2015

Crítica: Xuxa estreia com convidados mornos e a liberdade que faltava na Rede Record

18/08/15
Por Jean Pierry Leonardo


A noite da última segunda feira (17) ficou marcada na Televisão brasileira como a estreia de uma das maiores apresentadoras do país, Xuxa, na “Rede Record”. A loira que por quase 30 anos foi da “Rede Globo”, enfim, pôde retornar à telinha para delírio de seus súditos. Cercada de expectativas, a “Rainha” entrou sendo ovacionada e sob uma “cascata” de fogos luminosos caindo sobre si. Era visível a felicidade que a artista transpassava depois de ficar um longo período fora do ar.

Com um cenário gigantesco para os padrões brasileiros, certamente o maior que temos atualmente, ele já chegou dançando ao som de “Hoje” de Ludmilla, bem ao estilo carioca. Depois balbuciou algumas palavras com o público de casa e da platéia, já fazendo um “mea culpa” por ser a primeira vez que trabalha num “quem sabe faz ao vivo” e pedindo paciência para seus erros. Deu tempo também de fazer agradecimentos à Hebe Camargo e Sílvio Santos, duas personalidades a quem ela afirma ter como referência na TV. Mas, afirmou, na verdade, que não terá problema nenhum mesmo em copiar Ellen Degeneres, apresentadora americana que é dona do formato e todas as demais referências vistas na atração de Meneghel na Record, já que ela mesmo, Xuxa, já serviu de inspiração para tantas outras que vieram depois dela.

Xuxa em sua estreia ao vivo na Rede Record
Foto: Reprodução/Rede Record

 Apresentações e divagações à parte, o que chamou a atenção mesmo foi a maneira como a artista comandou seu “Xuxa Meneghel”. Ainda que a emissora dos Bispos tenha falado em “uma nova Xuxa na TV”, na verdade, ela era a mesma que aprendemos a gostar e conhecer, desde “baixinhos”. A mudança ocorrida atende pelo nome de liberdade. Sim, porque é fato que Xuxa estava muito mais alegre, despojada, espontânea e completamente a vontade para falar e fazer o que bem entendesse, “menos falar de religião, pois não posso” como frisou. Isso por si só já é um grande atrativo para ligar a televisão às segundas feiras, às 22h30, na medida em que podemos ser surpreendidos e cativados pelo seu magnetismo. Outro destaque do programa foram as piadas do Twitter e provocações da loira para com sua antiga emissora, que não permitiu nem que os seus artistas desejassem “boa sorte” via redes sociais. Como no horário a Globo exibia  “Duro de Matar”, na “Tela Quente”, Xuxa brincou com o nome do filme dizendo que talvez fosse por isso que seus colegas foram impedidos de compartilhar sua alegria em público. Apesar disso tudo, o ritmo do programa foi lento, pois por ser o primeiro, Xuxa teve que apresentá-lo para o telespectador, para que todos pudessem ir se acostumando e sabendo como funcionará a dinâmica de seu talk show.

Talvez por isso tenha sido bem “zzzzz’’ os seus primeiros convidados Gisele Itié, Sérgio Marone, Guilherme Winter e Camila Rodrigues, todos atores de “Os Dez Mandamentos”. A única exceção do momento foi a hora em que Xuxa exibiu sua “participação” na novela, caracterizada como uma egípcia em uma das cenas. Ela recebeu ainda a famosa “senta lam Claudia”, menina que ficou famosa depois de ser “ignorada” num dos programas infantis da década de 80 da artista. Para animar a noite, Alexandre Pires – amigo de longa data de seus programas – cantou seus sucessos, assim como Xuxa se jogou no samba e também exibiu visitas surpreendentes feitas com fãs. Toda essa repercussão, que tomou conta das redes sociais e todas as suas hashtags (#) possíveis, deu a “Xuxa Meneghel” a vice liderança absoluta com 10 pontos (cada ponto equivale a 67 mil domicílios na Grande SP), com picos de 11 contra 17,5 da Globo, quando exibia seu filme.

Alexandre Pires foi o convidado musical da estreia de Xuxa na Record
Foto: Reprodução/Record


Logo, Xuxa tem a oportunidade de crescer e provar para aqueles que ainda desconfiam de sua capacidade na TV que pode ir mais longe do que imaginam. Cópia ou não cópia de Ellen Degeneres, sua volta ao ar confere uma ode de novidade e opção na programação aberta e permite que a Rainha dos Baixinhos possa ser dos Altinhos, e de quem mais quiser, da maneira que mais gosta: livre, leve e solta.