quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Jornalismo esportivo sem rumo

06/08/15
Coluna: Esporte Manifesto   Autor: Bruna Rafaela

Um dos setores que mais se destaca no cenário no jornalismo; é o de esportes. Enquanto por um lado, temos milhões de pessoas apaixonadas pelos programas esportivos, por outro, acontece um fenômeno: o jornalista esportivo em si é desvalorizado, desprezado em seu papel como formador de opinião.

Ao direcionarmos um olhar mais abrangente à história do jornalismo esportivo no Brasil, constatamos duas características inquietantes. A primeira, é que o mesmo é visto como mero entretenimento das massas, e a segunda é que pelo menos 70% das temáticas noticiosas e das reportagens especializadas giram em torno do futebol. O espaço preenchido por outros esportes é praticamente inexpressivo no jornalismo.


Além da pouca expressividade, convém apontar, que sobre aqueles 70% de coberturas jornalísticas do futebol mencionadas anteriormente, só há, em sua maior parte, notícia-entretenimento, englobando dados corriqueiros sobre agendas de campeonatos, copas, ou então, mitificando jogadores, técnicos etc. A impressão que fica é que há um cumprimento mecanizado das pautas, sem quaisquer teores mais criativos ou científicos. Para piorar a massa deste bolo, o que acontece quando algum profissional tenta romper esta sistematização, é que ele é visto com maus olhos.


Exemplo?

A equipe da ESPN Brasil é reconhecida pela excelência em seus documentários, apontando o esporte sob um ponto de vista sociológico ou político, como na relação do futebol com a ditadura militar, porém, é vista por muitos no meio esportivo, como uma emissora cheia de profissionais “enfadonhos”. Enquanto isso, outros que seguem o lado da alienação e do humor são aplaudidos, mesmo que o conteúdo seja irrelevante e não traga agregação alguma. Infelizmente, é exatamente isto o que a grande parte dos leitores e ouvintes espera, pois fora acostumado assim.

O leitor/ espectador não quer aprofundar os saberes sobre o esporte, quer apenas uma divulgação sobre seus personagens, só se quer ficar a par dos placares (pra não dizer, exclusivamente!) e também, ler “notícia” como quem lê revistas de fofoca.

Então, será que é este o papel do jornalista de esportes? Ser tendencioso? Apenas construir factoides, para reverberar e entreter? Nego-me lucidamente a acreditar neste viés. Jornalista é jornalista independente de qual vertente optar, e isto significa ter sapiência o suficiente para discorrer em qualquer meio, e este é o ponto nevrálgico.

Rótulos são incorporados e jornalistas esportivos subjugados, a crise é crescente, e o profissional do esporte precisa ter a humildade de se reciclar, criando um jornalismo esportivo mais crítico. Que não pense apenas no gramado, mas naquilo que acontece nos bastidores. Enquanto isso não acontecer, a verdade nua e crua é que continuaremos a pensar que somos importantes quando na realidade fazemos de tudo para não termos importância alguma.

Imagem: Internet