Por Jean Pierry Leonardo
Amy Jade Winehouse, nascida em 14 de setembro de
1983, Londres, Reino Unido. Amy Jade Winehouse, falecida em 23 de julho de
2011, Camden, Londres, Reino Unido. 27 anos separaram a vida e a morte de uma
das maiores artistas do novo milênio, na verdade, a última grande novidade da
música do século 21.
Chamada de “Neo diva” por muitos críticos, Amy
Winehouse detinha uma enorme simbologia para a música. E não se trata apenas de
seus poderosos vocais. A britânica era todas em uma e uma em todas. Seus
elementos artísticos compunham uma indumentária bem interessante de se ver e
ouvir, onde o passado e o presente era visivelmente trabalhado, mesclado e
sucesso. De família judia, com uma infância, por assim dizer, meio complicada –
principalmente depois da separação de seus pais – Amy sempre fora uma menina
emocionalmente muito frágil, sensível. Isso, ao mesmo tempo que a deixava
aflita, perdida consigo mesmo, também servia para que ela depositasse seus
sentimentos em suas composições. Seu talento era notório e desde muito nova ela
já mostrava do que seria capaz. Mas apenas isso fez dela uma novidade?
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Amy Winehouse criança: inteligente, espevitada e já talentosa Foto: Reprodução |
Claro que não. Dona de um estilo inconfundível e retrô,
Amy foi a melhor ponte entre o clássico e o moderno. Grande apreciadora do
Jazz, do Soul e R&B, além da música negra no geral, ela teve em artistas da
década de 50 e 60 a sua base para “montar” aquilo que foi. Para isso, não
bastava se inspirar no que ouvia, mas também ser o que queria. E isso foi o
mais interessante de toda a sua carreira. Amy Winehouse deixou fluir e absorveu
todas as referências de décadas passadas e tornou-se um ícone: da música e da
moda. Era impossível não se deparar com suas roupas vintage, sua sonoridade
também vintage mas ao mesmo tempo “new”, cabelo beehive (colméia), olhos
esfumaçados e todas as suas tatuagens. Ali, a estrela começava a brilhar. Numa
seara, musicalmente falando, onde a indústria se baseia por artistas que
apresentem os melhores números, por artistas POP e pelos rankings do mercado
americano, Amy ousou ao dar luz aqueles cantores (as) que pavimentaram o
caminho para ela chegar onde chegou. Com isso, ‘’renasceu” o jazz de Frank Sinatra, Dinah Washington e Ella
Fitzgerald, os conjuntos femininos como The Ronettes, The Supremes, Martha & the Vandellas e The Crystals.
Ainda houve espaço para que ídolos como Marvin
Gaye, Ray Charles, TLC e Sam Cooke,
por exemplo, também marcassem presença.
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Estilo Retrô era sua marca Foto: Divulgação |
Essa característica musical de Amy Winehouse, de fazer
músicas com elementos dos anos 50 e 60, aliada aos seus maus sucedidos
relacionamentos foram as grandes definições de toda a sua carreira. Tanto que,
após o início de sucesso com seu primeiro álbum “Frank” (2003), mas lançado
apenas no Reino Unido e já com boa repercussão de críticos e público, seu auge
aconteceu com “Back to Black” (2006), pelas mãos do produtor Mark Ronson
(aquele de “Uptown Funk” com Bruno Mars). Ali sim, de diva contemporânea de
sonoros clássicos do Jazz/Soul/R&B, Amy também tornou-se uma das Divas POPs
que o mercado queria. Com muita veracidade, Amy colecionava decepções amorosas
e destilava tudo compondo e cantando. Isso aproximava qualquer um de seu
sofrimento, de seus sentimentos, e também de sua rebeldia conhecida em “Rehab”.
Ainda que tivesse inúmeros problemas com álcool e drogas, Amy era referência de
mulher independente, livre, moderna/clássica, fashion e de poder para as mais
jovens.
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Álbum "Back to Black": maior sucesso de Amy na carreira Foto: Reprodução |
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Amy Winehouse cantando no Rio de Janeiro durante visita ao Brasil Foto: Divulgação |
Vítima de si mesma ou de uma imprensa cruel, não
importa. Amy Winehouse foi indefectível por tudo aquilo já dito acima, permanece
até aqui como a última grande novidade
em estilo, mulher e artista na música surgida nesse novo milênio, nessas novas
décadas. Inclusive, veja só, depois de tanto referenciar seus ídolos, passou a
servir de inspiração e expressão para outros – seus conterrâneos Adele e Sam
Smith, por exemplo, já assumiram que ela é uma de suas influências. A estrela
se apagou na Terra, mas jamais será esquecida. Eternizou-se.
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Amy até hoje ainda é referência na música e estilo Foto: Reprodução/Twitter |