sábado, 22 de agosto de 2015

Última Nota: Amy Winehouse, a última novidade da música

22/08/15
Por Jean Pierry Leonardo


Amy Jade Winehouse, nascida em 14 de setembro de 1983, Londres, Reino Unido. Amy Jade Winehouse, falecida em 23 de julho de 2011, Camden, Londres, Reino Unido. 27 anos separaram a vida e a morte de uma das maiores artistas do novo milênio, na verdade, a última grande novidade da música do século 21.

Chamada de “Neo diva” por muitos críticos, Amy Winehouse detinha uma enorme simbologia para a música. E não se trata apenas de seus poderosos vocais. A britânica era todas em uma e uma em todas. Seus elementos artísticos compunham uma indumentária bem interessante de se ver e ouvir, onde o passado e o presente era visivelmente trabalhado, mesclado e sucesso. De família judia, com uma infância, por assim dizer, meio complicada – principalmente depois da separação de seus pais – Amy sempre fora uma menina emocionalmente muito frágil, sensível. Isso, ao mesmo tempo que a deixava aflita, perdida consigo mesmo, também servia para que ela depositasse seus sentimentos em suas composições. Seu talento era notório e desde muito nova ela já mostrava do que seria capaz. Mas apenas isso fez dela uma novidade?

Amy Winehouse criança: inteligente, espevitada e já talentosa
Foto: Reprodução

Claro que não. Dona de um estilo inconfundível e retrô, Amy foi a melhor ponte entre o clássico e o moderno. Grande apreciadora do Jazz, do Soul e R&B, além da música negra no geral, ela teve em artistas da década de 50 e 60 a sua base para “montar” aquilo que foi. Para isso, não bastava se inspirar no que ouvia, mas também ser o que queria. E isso foi o mais interessante de toda a sua carreira. Amy Winehouse deixou fluir e absorveu todas as referências de décadas passadas e tornou-se um ícone: da música e da moda. Era impossível não se deparar com suas roupas vintage, sua sonoridade também vintage mas ao mesmo tempo “new”, cabelo beehive (colméia), olhos esfumaçados e todas as suas tatuagens. Ali, a estrela começava a brilhar. Numa seara, musicalmente falando, onde a indústria se baseia por artistas que apresentem os melhores números, por artistas POP e pelos rankings do mercado americano, Amy ousou ao dar luz aqueles cantores (as) que pavimentaram o caminho para ela chegar onde chegou. Com isso, ‘’renasceu” o jazz de Frank Sinatra, Dinah Washington e Ella Fitzgerald, os conjuntos femininos como The Ronettes, The Supremes, Martha & the Vandellas e The Crystals. Ainda houve espaço para que ídolos como Marvin Gaye, Ray Charles, TLC e Sam Cooke, por exemplo, também marcassem presença.

Estilo Retrô era sua marca
Foto: Divulgação

Essa característica musical de Amy Winehouse, de fazer músicas com elementos dos anos 50 e 60, aliada aos seus maus sucedidos relacionamentos foram as grandes definições de toda a sua carreira. Tanto que, após o início de sucesso com seu primeiro álbum “Frank” (2003), mas lançado apenas no Reino Unido e já com boa repercussão de críticos e público, seu auge aconteceu com “Back to Black” (2006), pelas mãos do produtor Mark Ronson (aquele de “Uptown Funk” com Bruno Mars). Ali sim, de diva contemporânea de sonoros clássicos do Jazz/Soul/R&B, Amy também tornou-se uma das Divas POPs que o mercado queria. Com muita veracidade, Amy colecionava decepções amorosas e destilava tudo compondo e cantando. Isso aproximava qualquer um de seu sofrimento, de seus sentimentos, e também de sua rebeldia conhecida em “Rehab”. Ainda que tivesse inúmeros problemas com álcool e drogas, Amy era referência de mulher independente, livre, moderna/clássica, fashion e de poder para as mais jovens.

Álbum "Back to Black": maior sucesso de Amy na carreira
Foto: Reprodução

 Porém, no fundo, Amy só queria ser Amy. Toda a notoriedade e fama alcançada, mundialmente, conferiram a ela uma responsabilidade que ela não queria, que não lhe era responsável por assumir como obrigação. Para quem era livre, viver de ”amarras” nunca foi seu forte. Isso era um prato cheio para a imprensa sensacionalista, principalmente dos tablóides britânicos e americanos, que deitavam e rolavam sob seus problemas. Mas, apesar de tudo, além do talento, Amy tinha muito carisma, simpatia e timidez que cativava seus fãs, que nunca a abandonaram nesses momentos. Entrou num grande hiato para tratar seus vícios, chegou a retomar sua carreira, inclusive passando pelo Brasil em janeiro de 2011, quando preparava-se para lançar seu novo álbum ainda em fase de finalização. Mas não deu tempo. Sucumbiu e nos deixou numa bela tarde de primavera da cinzenta capital inglesa. “Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures” (2011) foi lançado como álbum póstumo.

Amy Winehouse cantando no Rio de Janeiro durante visita ao Brasil
Foto: Divulgação

Vítima de si mesma ou de uma imprensa cruel, não importa. Amy Winehouse foi indefectível por tudo aquilo já dito acima, permanece até aqui como a última grande  novidade em estilo, mulher e artista na música surgida nesse novo milênio, nessas novas décadas. Inclusive, veja só, depois de tanto referenciar seus ídolos, passou a servir de inspiração e expressão para outros – seus conterrâneos Adele e Sam Smith, por exemplo, já assumiram que ela é uma de suas influências. A estrela se apagou na Terra, mas jamais será esquecida. Eternizou-se.  

Amy até hoje ainda é referência na música e estilo
Foto: Reprodução/Twitter