Coluna: Cultura Manifesta Autor: Israel Esteves
Cultura Manifesta nessa semana tem uma pegada
diferente. Hoje, você leitor, ouvirá o entrevistado. Isso mesmo. Nosso tapete
vermelho estendido ao Cláudio Almeida, produtor do Evento Engenhoca. Bora?
Então vamos lá.
Quem é Cláudio Almeida?
Rapaz, eu sou radialista já há 15 anos. Trabalho em
uma rádio líder de audiência, a Tupi – AM/FM, sou fotógrafo, sou videomaker,
sou publicitário e também o mais legal disso tudo é meu trabalho como produtor
do evento Engenhoca. Sempre colaborei nesses 8 anos com o Engenhoca e a 5 anos
assumi oficial, oficialmente como produtor do Engenhoca junto com Juliana
Duarte.
Produz o Engenhoca. Como surgiu o projeto?
O Engenhoca surgiu de uma ideia em um bate-bapo da
Juliana Duarte e o Vagner, do Wagner e seu Bando, músico também. Surgiu a ideia
de repente fazer um evento no Sesc Engenho de Dentro onde eles tinham conhecidos
e tal, e foram ver como é que faziam, e no momento o Sesc precisava de um
evento com apego ao público jovem e fizeram um evento, dois, três, eu desde
então sempre contribui com o evento e ta aí, graças a Deus, 8 anos cada vez
mais sucesso. O Engenhoca é a nossa paixão.
Como enxerga sua colaboração a cena independente?
Cara, a minha colaboração com a cena é tão
importante quanto a de todo produtor que encara o trabalho com seriedade. Eu
acho que somos formiguinhas e estamos movendo montanhas em prol de um movimento
que cresce a cada dia e é bastante promissor. Eu tô dentro do Engenhoca , esse
é o meu campo de colaboração com a cena e eu vejo por aí, entendeu? Dar espaço, interagir com o músico, saber das
ansiedades e desejos e acompanhar a carreira do máximo de bandas cariocas que
eu tiver contato e acesso. É mais ou menos por aí a minha integração e minha
identidade com a cena independente.
Engenhoca é um evento gratuito que conta com a participação de artistas do cenário independente. Qual principal dificuldade na produção?
Rapaz , a dificuldade, né? Uma dificuldade que eu tenho
sentido nos últimos tempos, cara. Que é uma coisa boa na verdade. É o crescente
de bandas independentes interessadas em tocar no Engenhoca. E assim, né? Eu
acabo apenas com o último sábado de cada mês, com exceção de dezembro. Então,
são muitas bandas boas até que já tocaram, a maioria não tocaram ainda e eu
tenho pouco espaço pra tá abrigando tanta banda boa. Eu acho que essa aí é a
maior dificuldade.
Como enxerga o cenário cultural de hoje?
Falando do cenário cultural nos dias de hoje...
Rapaz, eu tô tentando assim, ser um pouco mais direto, sem ser direto demais,
mas esse tema aí é uma coisa que chama muito minha atenção, porque eu sempre
exercito aquele desejo de enxergar o futuro . Não tenho esse poder, mas eu tô sempre enxergando um pouco a frente . E
o que eu vejo a frente é a representação carioca muito forte no cenário
musical, principalmente no rock. Assim, isso não é uma coisa dita
exclusivamente por mim, mas é absolutamente verdade e essa verdade vem se
repetindo. Fato como grandes medalhões do rock nacional estarem envelhecendo e
a necessidade do mercado natural de renovação, com certeza a qualquer momento
novos espaços vão abrir e a qualidade que nós temos no momento, cara, é um
cenário totalmente propício pra novos talentos, pro crescimento das bandas
cariocas e eu acho que todos, eu não diria todos exatamente, mas tem muita
banda já preparada pra esse crescente sucesso e pra encarar a cena a nível
nacional.
O evento além de bandas, tem atrações como humor,
wokshops, exposição. Acredita que esse pode ser um diferencial quanto a forma
de difusão da arte?
O Engenhoca, cara , sempre teve aquela necessidade
de ser multicultural. O nosso ponto principal sempre foi a música, com música
de qualidade. E surgiu a possibilidade de fazer um workshop, então a gente teve
a ideia de promover o workshop com o objetivo de tá agregando valores aos
músicos, que frequentam o Engenhoca, que tocam no Engenhoca e o pessoal de
banda, fotógrafos, produtores, enfim, as pessoas que estão em torno das bandas,
da atração principal. Tanto que workshop de guitarras, fotografia, de shows.
Agora vamos ter um workshop falando de YouTube, enfim, essa é a ideia que a
gente colocou a questão do workshop. Exposições também que tenham a ver com o
cenário, com as coisas que estão acontecendo dentro do evento. Sei lá , um
evento rock , uma exposição com fotos de bandas, a gente pega sempre essa linha
assim, um evento um pouco mais MPB, aí a gente traz um humorista que está em
ascensão. A gente sempre teve essa ideia
de tá agregando valor o evento dessa forma.
Foi um dos produtores do clipe da banda Diabo Verde, Vampiros. Como foi a experiência de trabalhar nesse projeto?
Cara, o clipe do Diabo Verde foi uma coisa muito
legal que a gente fez. Eu tenho um projeto de produtora com dois amigos que eu
conheci na faculdade, e a gente vem realizando vários trabalhos de fotografia e
filmagem juntos. Então, montamos Kanguroo Filmes. E a gente “poxa, temos a
produtora , temos o mercado aí e no produzimos nenhum vídeo clipe , beleza.
Precisamos de um vídeo clipe, mas pra quem fazer um vídeo clipe?" Porque
não basta a gente tá fazendo um bom trabalho. Então, a gente , junto da
Kanguroo , queríamos fazer um vídeo clipe. Vamos fazer um proposta. “Para
quem fazer a proposta, né?” Aí eu tenho amizade com o Paulinho Coruja , é
radialista como eu . E eles tavam envolvidos com um concurso que tava dentro do
objetivo com a premiação gravar vídeo clipe e finalizar o novo disco. Aí eu
falei: “Paulinho, vamo fazer o vídeo clipe. Aí, a gente vai dar uma força,
tanto pra você que tá precisando do trabalho e pra gente que quer montar um
portfólio bacana, diferenciado. Aí surgiuideia e por isso a gente escolheu a
banda Diabo Verde. E mais que isso, né, cara, é uma banda que a gente gosta,
que a gente acredita, que já tocou duas vezes no Engenhoca, sempre com muita
responsabilidade, sempre com muito talento, então por isso que a gente escolheu
a Diabo Verde. Daí, qual foi minha participação? Além de fazer esse intercâmbio
todo, esse trabalho de briefing da banda, de escolher a música, de ver qual a
última música que eles iam trabalhar antes, em um vídeo clipe, antes do disco
novo. Aí chegamos a conclusão da música “Vampiros”, aí discutimos : “poxa ,
como é que a gente vai fazer um vídeo clipe e tal ?“ fizemos algumas reuniões,
pessoal da produtora direto, Paulinho teve lá, conversou com a gente também, aí
tivemos a ideia do roteiro. E a ideia do roteiro foi uma ideia foi uma ideia
bem ousada. Precisamos alugar equipamento, equipamento específico pra fazer aqueles
movimentos. No início do vídeo clipe tem um plano sequência muito grande, então
a gente teve que ter um equipamento pra fazer aquilo com muito
profissionalismo, então galera se juntou
e tal, alugamos o equipamento, fizemos o plano sequência que foi o diferencial,
veio a ideia de descolorir um pouco as
primeiras imagens, pra dar aquela sensação de “ o cara tá vivendo num pesadelo
” e de repente o cara se encontra com cores dentro do Rock n’ roll, indo
assistir o show do Diabo Verde. Aí , fechamos a questão do roteiro, fizemos a
locação e eu ajudei na sonorização, ajudei a filmar, ajudei no roteiro, na verdade,
os três caras da Kanguroo: Eu , o Gabriel e o Lucas, meio que dividimos o
trabalho, meio que muito misturados. A gente tem a meio que a mesma
qualificação, então a gente interage muito em cada divisão de trabalho. Então,
foi mais ou menos por aí.
O que gostaria de falar ao público?
Um recado, uma mensagem melhor dizendo, que eu
poderia tá passando pro público em geral é o seguinte, né, cara . A ansiedade,
melhor, a inquietude do rock n’ roll, que exala dos nossos poros , que pulsa em
nossas veias é constante e necessita de estravazar . E o Engenhoca é um local
propício pra isso
Curtiu? Então se liga que nos detalhes do evento. Conferira...
Imagens: Engenhoca