Coluna: Apito Manifesto Autor: Felipe Lavor
Tudo começou em 2001, quando um jovem de 22 desconhecido do futebol brasileiro, foi contratado pelo Santa Cruz junto ao Matonense-SP. Seu nome é Edinaldo Batista Libâno, mais conhecido como Grafite.
Logo de cara conquistou a torcida pela sua entrega
em campo, porém seu primeiro gol pelo tricolor só foi marcado em seu 10º jogo
pelo clube. Fez no total 5 gols com a camisa cobra coral e não conseguiu
impedir o descenso para a série B do Brasileirão. Em seguida, foi vendido ao
Grêmio.
No tricolor gaúcho, teve uma passagem apagada e
voltou por empréstimo para o Santa Cruz, onde finalmente correspondeu às
expectativas, marcando 11 gols em 15 jogos, deixando o clube na 3º colocação da
Série B. Por fim, retornou ao Grêmio.
Neste último sábado. Grafite voltou ao Arruda,
depois de 13 anos longe de "casa". Marcou o gol da vitória e mostrou
que mesmo aos 36 anos pode sonhar com o acesso para a primeira divisão, já que
apenas 5 pontos separam o tricolor do G4.
Grafite declarou ao assinar o contrato: “Já joguei
dois anos no São Paulo, quatro na Alemanha. Sou reconhecido em vários clubes,
mas a identidade que eu tenho com o Santa Cruz e que a torcida tem comigo é uma
coisa inexplicável.”.
Fácil foi explicar as 44 mil pessoas que
prestigiaram o retorno do atacante diante do Botafogo.
E o currículo do atacante é vasto. De 2004 até 2006,
Grafite defendeu o São Paulo. Em 2005, foi campeão paulista, da Copa
Libertadores da América e do Mundial pelo clube. A campanha da Libertadores foi
manchada por um episódio de racismo que circulou o mundo. Contra o Quilmes, da
Argentina, em uma dividida, Grafite discutiu com o zagueiro do time adversário,
Leandro Desábato, que o teria ofendido com expressões de cunho racista. Grafite
foi expulso no lance junto com outro argentino. Desábato acabaria preso ao fim
da partida.
Na Alemanha, Grafite entrou para a história do
Wolfsburg ao levar o clube ao inédito título do Campeonato Alemão. De quebra,
foi artilheiro da liga com 28 gols - igualando ao recorde de Ailton -também
brasileiro e também com passagem pelo Santa Cruz , de estrangeiro com mais gols
numa única edição da competição. Também foi eleito o melhor daquela temporada
no país.
Em 2009, de acordo com levantamento realizado pelo
jornal Sportbild, com um gol feito a cada 72 minutos na Bundesliga, o
brasileiro virou dono da melhor média da história do campeonato, deixando para
trás ninguém menos que Gerd Müller, com um gol a cada 77 minutos.
Pela seleção, Grafite fez sua estreia na despedida
de Romário contra a Guatemala e deixou sua marca. Em 2010, foi a surpresa na
lista de convocados por Dunga. Desde então, vinha jogando no futebol árabe.
Grafite é a prova de que identificação ainda é um
grande chamativo de torcida para o estádio, e que mesmo com críticas de que
jogadores brasileiros só voltam para o país depois que estão com a vida ganha e
em final de carreira, ainda há motivação para entrar em campo, mesmo que na
série B.
O atacante fez um bom primeiro tempo, mostrando
muita disposição e incomodando a defesa do Botafogo. Em alguns momentos, chegou
até sair da área para armar as investidas da equipe. No segundo tempo, coroou a
estreia com gol. Bem posicionado na segunda trave, marcou de cabeça após cruzamento
da direita. Deixou o campo no decorrer da etapa final ovacionado pelos
torcedores apaixonados do "Santinha".
Por mais jogadores como Grafite em nosso futebol,
que independente de idade ou em qual situação o clube se encontra, ainda trazem
o público ao estádio e correspondem o esperado.
Imagens: 1 - Diário de Pernambuco, 2 - Esporte Uol