segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Grafite - O retorno

10/08/15
Coluna: Apito Manifesto   Autor: Felipe Lavor

Tudo começou em 2001, quando um jovem de 22 desconhecido do futebol brasileiro, foi contratado pelo Santa Cruz junto ao Matonense-SP. Seu nome é Edinaldo Batista Libâno, mais conhecido como Grafite.

Logo de cara conquistou a torcida pela sua entrega em campo, porém seu primeiro gol pelo tricolor só foi marcado em seu 10º jogo pelo clube. Fez no total 5 gols com a camisa cobra coral e não conseguiu impedir o descenso para a série B do Brasileirão. Em seguida, foi vendido ao Grêmio.

No tricolor gaúcho, teve uma passagem apagada e voltou por empréstimo para o Santa Cruz, onde finalmente correspondeu às expectativas, marcando 11 gols em 15 jogos, deixando o clube na 3º colocação da Série B. Por fim, retornou ao Grêmio.

Neste último sábado. Grafite voltou ao Arruda, depois de 13 anos longe de "casa". Marcou o gol da vitória e mostrou que mesmo aos 36 anos pode sonhar com o acesso para a primeira divisão, já que apenas 5 pontos separam o tricolor do G4.

Grafite declarou ao assinar o contrato: “Já joguei dois anos no São Paulo, quatro na Alemanha. Sou reconhecido em vários clubes, mas a identidade que eu tenho com o Santa Cruz e que a torcida tem comigo é uma coisa inexplicável.”. 
Fácil foi explicar as 44 mil pessoas que prestigiaram o retorno do atacante diante do Botafogo.



E o currículo do atacante é vasto. De 2004 até 2006, Grafite defendeu o São Paulo. Em 2005, foi campeão paulista, da Copa Libertadores da América e do Mundial pelo clube. A campanha da Libertadores foi manchada por um episódio de racismo que circulou o mundo. Contra o Quilmes, da Argentina, em uma dividida, Grafite discutiu com o zagueiro do time adversário, Leandro Desábato, que o teria ofendido com expressões de cunho racista. Grafite foi expulso no lance junto com outro argentino. Desábato acabaria preso ao fim da partida.

Na Alemanha, Grafite entrou para a história do Wolfsburg ao levar o clube ao inédito título do Campeonato Alemão. De quebra, foi artilheiro da liga com 28 gols - igualando ao recorde de Ailton -também brasileiro e também com passagem pelo Santa Cruz , de estrangeiro com mais gols numa única edição da competição. Também foi eleito o melhor daquela temporada no país.

Em 2009, de acordo com levantamento realizado pelo jornal Sportbild, com um gol feito a cada 72 minutos na Bundesliga, o brasileiro virou dono da melhor média da história do campeonato, deixando para trás ninguém menos que Gerd Müller, com um gol a cada 77 minutos.

Pela seleção, Grafite fez sua estreia na despedida de Romário contra a Guatemala e deixou sua marca. Em 2010, foi a surpresa na lista de convocados por Dunga. Desde então, vinha jogando no futebol árabe.

Grafite é a prova de que identificação ainda é um grande chamativo de torcida para o estádio, e que mesmo com críticas de que jogadores brasileiros só voltam para o país depois que estão com a vida ganha e em final de carreira, ainda há motivação para entrar em campo, mesmo que na série B.

O atacante fez um bom primeiro tempo, mostrando muita disposição e incomodando a defesa do Botafogo. Em alguns momentos, chegou até sair da área para armar as investidas da equipe. No segundo tempo, coroou a estreia com gol. Bem posicionado na segunda trave, marcou de cabeça após cruzamento da direita. Deixou o campo no decorrer da etapa final ovacionado pelos torcedores apaixonados do "Santinha".


Por mais jogadores como Grafite em nosso futebol, que independente de idade ou em qual situação o clube se encontra, ainda trazem o público ao estádio e correspondem o esperado.

Imagens: 1 - Diário de Pernambuco, 2 - Esporte Uol