sábado, 1 de agosto de 2015

CM entrevista Roquealize-se

01/08/15
Coluna: Cultura Manifesta Autor: Israel Esteves


Estamos crescendo. A cada semana sai uma entrevista e alguém novo entra para o nosso show. Nesta semana, falei com os produtores do festival de rock em Marechal Hermes, o Roquealize-se. O evento está em sua 6ª edição e promove o rock independente não só na região, mas de uma forma geral. Nada mais a cara da Cultura Manifesta. Confira e Roquealize-se você também. 

Quem são os produtores do festival?

Renan Sparrow: Atualmente a produção é formada pelo Raphael Palladino (Fotógrafo e Músico), Henrique Ralsi (Estudante de Engenharia Naval e Oceânica na UFRJ e Músico), Rafael Acioly (Dono da Voltz Skateboards), Paula Puga (Fotógrafa e Publicitária), Thays Grabielle (Estudante de Matemática na UFRJ), Alysson Bravo (Estudante de Engenharia Química) e eu, que sou Publicitário e Designer em uma agência.

O que é o Roquealize-se?

Raphael Palladino: O Roquealize-se é um projeto musical que visa levar novas bandas de rock, de forma gratuita, à praça de Marechal Hermes, atual casa do evento.

Como surgiu o projeto?

Raphael Palladino: Há uns anos existiam encontros de roqueiros pela cidade, e um desses era organizado por três dos produtores, Henrique Ralsi, Raphael Palladino e Renan Sparrow, sempre com a ideia de pôr bandas na praça onde o evento acontecia. Renan procurou os demais para expor ideias e dar início ao evento. 

Renan Sparrow: A ideia foi plantada em 2010 e só tomou forma em 2013.



Vocês estão na 6ª edição. Quais foram e quais são as principais dificuldades na produção do evento?

Raphael Palladino: O evento acontece de maneira gratuita e uma das grandes dificuldades são os gastos financeiros. Além disso, é numa praça, ainda precisamos nos locomover até o local, montar toda estrutura e correr contra o tempo. É um grande desafio que encaramos a cada 4 meses, mas o resultado é gratificante.

Renan Sparrow: Esse talvez seja o nosso maior problema. Muita gente acha que por estarmos vinculados com a prefeitura estamos embolsando um mar de dinheiro. Mas, por muitas vezes, eu (e os outros produtores) tiramos dinheiro do nosso bolso para fazer acontecer o evento. Então se você tem uma empresa e está lendo isso, nos patrocine!

Tem apoios como a Rádio Cidade e a Prefeitura do Rio de Janeiro. Qual a importância das parcerias não só desses, mas de outros apoiadores do projeto?

Raphael Palladino: Um evento apoiado pela Prefeitura é sempre bem visto, com seriedade, pois para ter esse apoio é preciso ter um evento documentado. A Rádio Cidade é um dos maiores portais de rock no Brasil, com isso ela nos fez difundir mais o evento. Não tivemos somente o nome da Rádio conosco, mas sim, ela presente. Isso foi de total importância para nós e para o público.

Renan Sparrow: Arriscaria dizer que a Rádio Cidade foi de fundamental importância para a última edição. Graças a isso, para as próximas edições, nos sentimos preparados para voos maiores. E, para, a cada edição oferecer maior conforto ao público e às bandas.



O festival é produzido na zona norte do Rio de Janeiro há 2 anos. Acreditam na maior difusão não só do rock, mas da arte na região nesse tempo?

Raphael Palladino: Após a chegada do Roquealize-se em Marechal Hermes, pudemos ver a praça ser revitalizada, onde, além do rock passaram a acontecer outros tipos de arte. No início do dia, quando começamos a montagem do evento já somos abordados por moradores interessados em saber o que terá na praça.

Renan Sparrow: Depois de nós começou a rolar pagode, feira de livro e outras atividades na praça. Acho que mostramos que ali é um ótimo ponto para esse tipo de coisa.

Paula Puga: Antes do Roquealize-se chegar em Marechal Hermes, todo o bairro estava carente de cultura, mesmo tendo um teatro bem perto. E desde quando o evento chegou, surgiram diversos eventos, desde MPB até teatro de rua, e sem contar que os moradores da região começaram a frequentar, não só o Roquealize-se, mas outros eventos de rock.

Abaixo o vídeo da terceira edição do evento, realizado em 12/04/14


Apoiaram a campanha “Underground Contra o Frio”. Acreditam que o cenário cultural pode ser mais que arte pela arte?

Renan Sparrow: Isso sempre será. O Rock até o começo dos anos 90 falava muito em grupos, ideologias, movimentos... Após o Grunge não tivemos nenhuma outra “cena” rock de proporção global. As bandas que surgiram depois e tomaram proporção mundial só falam de suas músicas no sentido individual. O “eu” é importante, não mais o coletivo. Então, acreditamos que apoiar causas e tudo mais é de suma importância para a aceitação social do festival.

Raphael Palladino: Sem dúvida, apoiar causas assim é muito importante, como o Renan disse. Como músico, já toquei em diversos eventos onde arrecadávamos alimentos e roupas, além de levar assistência social e música às comunidades carentes no Rio.  No dia do evento mesmo, estávamos, além de recolhendo agasalhos, também anunciando um evento em prol de uma menina que teve a casa incendiada. O evento acontecera na Lona Cultural de Guadalupe.

Henrique Ralsi: Sim. Na verdade, acredito que todo movimento cultural, seja artístico ou social, é agente modificador da sociedade. A história da música nacional apresenta exemplos de fortes ideologias que impulsionaram movimentos culturais que não eram apenas arte pela arte.

Alysson Bravo: Inclusive, todas as roupas arrecadadas nesta edição, foram doadas pela equipe do Underground Contra o Frio para moradores de rua ali mesmo pelos arredores da praça durante o evento.

Dão oportunidade a uma banda eleita pelo público para abrir o festival. Qual a importância do incentivo a arte independente?

Renan Sparrow: São sempre 6 bandas no nosso palco. Temos todo um trabalho para montar um lineup bem diversificado não só musicalmente, mas de áreas diversas do Rio de Janeiro. A banda de abertura é uma forma que temos de atingir ainda mais novos artistas e coloca-los em um palco bom e já reconhecido pela cidade. Pois sabemos que muitos eventos são fechados em grupos e é difícil bandas não amigas participarem.

Qual a sensação de terem o evento no calendário das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro e o reconhecimento como Ação Local pela Secretaria de Cultura da cidade?

Renan Sparrow: Não foi algo entregue de bandeja. Participamos de um edital para a Prefeitura, e eu tive que largar minha monografia para conseguir entregar tudo a tempo. Com trabalho vem o resultado, nada cai do céu.

Raphael Palladino: Corremos pela cidade colhendo depoimentos, foram mais de 100km por aí, mas no final deu tudo certo e hoje é lindo olhar aquele mapa e ver nosso nome em Marechal Hermes.

Como veem a influência do rock no país?

Renan Sparrow: Muito pequena, mas acho que em um “trabalho de formiguinha” estamos tendo destaque. Não sei se teremos uma nova safra como aconteceu em Brasília décadas atrás. Mas acho que tem algo bom vindo. Ao menos acredito nisso. Malta não ganhou o Superstar à toa. Suricatos e Scalene não ganharam reconhecimento nacional à toa. O Rock In Rio, com mais ou menos Rock, tem a sua importância para o meio. E aqui no Rio de Janeiro tivemos o retorno da Rádio Cidade, que de alguma forma mostra que existe ainda mercado para o gênero. Se a economia girar ao redor do Rock, haverá investimento e, consequentemente, colheremos os frutos disso no futuro.

O que gostariam de falar ao público?

Renan Sparrow: Participe! Participe mesmo. Não é só compartilhar ou dar curtida nas redes sociais. Faça presença nos eventos, festivais e shows. Compre os CD’s, camisas ou qualquer coisa que a banda ou evento venda e te agrade. Não precisa ser falso, se te agradar, faça o esforço de consumir. Através do consumo vamos crescer e alcançar ainda mais pessoas. Não assista o show em um bar e compre cerveja no bar do lado por causa de 50 centavos. Esse tipo de atitude estúpida prejudica o mercado e pode acabar te deixando sem opções no fim de semana, terá de voltar para o pagode, funk, sertanejo... Então saia de casa e VIVA o Rock!

Raphael Palladino: Gostaria de dizer também às bandas: Vocês também são público! Prestigiem o evento e apareçam, quem sabe vocês possam estar no palco em edições futuras!

Paula Puga: Ouça, curta, compartilhe e principalmente, vá nos eventos! Existem trabalhos maneiríssimos e de estilos variados. Chame os amigos, e curta o rock! Bandas, compareçam também!  


Curtiram? Conheça mais sobre o evento na página oficial do Roquealize-se no facebook clicando aqui. E, continue acompanhando a coluna Cultura Manifesta, todos os sábados. Até a próxima!

Imagens: Produção Roquealize-se