terça-feira, 29 de março de 2016

28 políticos do Rio de Janeiro são citados na superplanilha da Odebrecht


29/03/16  
Reportagem    
Autor: Felipe Migliani

Nove partidos da cidade estão envolvidos, o PMDB é a sigla com mais estadistas envolvidos, 10 no total.


A polícia federal aprendeu planilhas que listam possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 24 partidos em todo Brasil. A descoberta foi revelada no dia 22 de março (terça-feira) na 23ª fase da operação Lava Jato, denominada de “Acarajé”. No Rio de Janeiro, 9 partidos e 28 políticos foram citados na lista. Os documentos estavam com o presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, conhecido como “BJ”.

A operação ocorreu há 1 mês, mas só foram divulgados na semana passada (22/03) pela PF. Os documentos acabaram não sendo abordado nos noticiários sobre a Lava Jato. Apesar das planilhas serem ricas em detalhes, não da para saber se houve dinheiro de caixa 2 da empresa para os mencionados. Os indícios serão devem ser esclarecidos nas próximas etapas das investigações da Lava Jato.

O documento possui muitos nomes da oposição, alguns como Aécio Neves (PSDB-MG), Eduardo Campos (PSDB), morto em 2014, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmera dos Deputados etc. A maior parte da papelada é composta por tabelas com menções a políticos e partidos. Algumas planilhas parecem fazer menção a doações de campanha registradas no TSE. Há CNPJs e números de contas usadas pelos partidos em 2010, por exemplo. As planilhas, abaixo, possui nomes, cargos, partidos, valores recebidos e até os apelidos dos políticos.

Parte significativa da contabilidade se refere à campanha eleitoral de 2012, quando foram eleitos prefeitos e vereadores. As informações declaradas no SPCE (Sistema de Prestação de Contas Eleitorais, do TSE) desse ano não correspondem às dispostas nas tabelas. Na planilha acima, as siglas OTP e FOZ aparecem assinaladas ao lado de diversos candidatos, mas nem Odebrecht TransPort quanto a Odebrecht Ambiental (Foz do Brasil) realizaram doações registradas nas eleição daquele ano.

 A Construtora Norberto Odebrecht doou R$ 25.490.000, em 2012, para partidos e comitês de campanha. Nas eleições de 2010, o total foi de R$ 5,9 milhões, apenas para partidos e comitês de campanha. Em 2014, a soma de doações da construtora foi de R$ 48.478.100, divididos entre candidaturas individuais e comitês dos partidos.
Rio de Janeiro, o palco da Operação Acarajé

As planilhas foram apreendidas por quatro equipes da PF em dois endereços relacionados à Benedicto Barbosa Jr. no Rio de Janeiro, nos bairros do Leblon e de Copacabana. Além das tabelas, há dezenas de bilhetes manuscritos, comprovantes bancários e textos impressos. Alguns dos bilhetes fazem menção a obras públicas, como a Linha 3 do Metrô do Rio, por exemplo.

Juiz Sérgio Moro pôs sigilo na superplanilha da Odebrecht


O juiz federal Sérgio Moro decretou sigilo sobre a superplanilha da Odebrecht. O magistrado pediu ao Ministério Público Federal que se manifeste sobre ‘eventual remessa’ da documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Inicialmente, a operação Acarajé estava sob sigilo. Depois de deflagrada, em fevereiro, o juiz afastou o sigilo dos autos, como tem feito desde o início da Lava Jato. Ao constatar que a lista contém ‘registros de pagamentos a agentes políticos’, Moro restabeleceu o sigilo nos autos.


“Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, disse o juiz.

Um fato curioso: o apelido dos políticos


Na imagem abaixo tem alguns apelidos atribuídos nos documentos da Odebrecht. Lindbergh Farias é o ‘lindinho, e o Eduardo Cunha foi apelidado de ‘caranguejo’.O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi denominado de ‘nervosinho’. Confira os outros apelidos:
Rio de Janeiro tem 28 políticos e 9 partidos envolvidos

A cidade do Rio de Janeiro teve 28 políticos de 9 partidos envolvidos na superplanilha da Odebrecht. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro é o partido com mais envolvidos, 10 no total. O Partido Verde (3), Partido dos Trabalhadores (3), Partido Progressista (3), Democratas (3), Partido da República (2), Partido Social Democrático (2), Partido da Social Democracia Brasileira (1) e Partido Social Cristão (1). Entre os citados estão o ‘nervosinho’ Eduardo Paes (prefeito do Rio), Luiz Fernando Pezão (governador do Estado do Rio), Francisco Dornelles (vice-governador do Estado do Rio) etc. Confira abaixo os políticos envolvidos e suas explicações:


Nelson Bornier (PMDB)
Prefeito da cidade de Nova Iguaçu

O político ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Eduardo Paes (PMDB)
Prefeito do Rio de Janeiro

O ‘nervosinho’, seu apelido na lista, ainda não se pronunciou sobre o envolvimento.


Luiz Antônio Guaraná (PMDB)
Vereador

O Vereador ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Luiz Fernando Pezão (PMDB)
Governador 

Nota do partido: “As contribuições feitas às suas campanhas eleitorais ocorreram de acordo com a lei. Além disso, todas as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral.


Jorge Picciani (PMDB)
Deputado estadual e presidente da Assembleia do Rio

Nota do partido: “Nas eleições municipais de 2012, ele não concorreu a nenhum cargo público. Na eleição de 2014, quando foi eleito deputado estadual, não constam doações da empreiteira ao candidato, nem de forma direta nem indireta."


André Correia (PMDB)
Secretário de Estado do Ambiente e Deputado Estadual 

O secretário ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Eduardo Cunha (PMDB)
Presidente da Câmera dos Deputados 

‘Só recebo doação de caixa 1. Não vi que planilha é, mas várias empresas fizeram doações que foram pedidas, certamente para a minha campanha não foi. Se eu pedi foi para o PMDB e alocada em outras campanhas, como já falei outras vezes. Então eu não sei o que é, mas é normal, disse o presidente da Câmera.

Paulo Melo (PMDB)
Deputado Estadual 

O deputado ainda não se pronunciou sobre o envolvimento.


Sergio Cabral (PMDB)
Ex-governador do Estado do Rio de Janeiro 

O ex-governado ainda não se pronunciou sobre o seu envolvimento.


Jorge Felippe (PMDB)
Vereador e Presidente da Câmera Municipal 

O presidente da Câmera municipal ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Clarissa Garotinho (PR)
Deputada Federal

‘Não disputei diretamente as eleições de 2012, ocasião em que fui candidata à vice-prefeita na chapa do deputado federal Rodrigo Maia. A ajuda dada pelo meu partido à campanha do Rodrigo Maia foi absolutamente legal, registrada nas despesas do diretório do PR, nas receitas do comitê financeiro do candidato Rodrigo Maia e informada à justiça eleitoral. Tudo devidamente conforme a lei’, disse a deputada.
  
Rosinha Garotinho (PR)
Ex-governadora do Rio de Janeiro

‘Quanto à prefeita Rosinha Garotinho, como vocês podem observaram na reprodução acima, do tal de sua campanha, mais de 90% foram repasses dos diretórios estadual e nacional, com CPNJ/CPF e número do recibo eleitoral. Exatamente como determina a lei’, disse o ex-governador Anthony Garotinho em defesa de sua esposa.


Aspásia Camargo (PV)
Deputada Estadual 

A deputada ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Dr. Aluízio (PV)
Prefeito de Macaé 

O prefeito ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Rodrigo Neves (PV)
Prefeito de Niterói 

O prefeito ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Sabino (PSC)
Deputado Estadual 

O deputado ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Lindberg Farias (PT)
Senador 

O Senador ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Marcelo Sereno (PT)
Deputado Federal 

O deputado ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Luiz Sérgio (PT)
Deputado Federal 

O deputado ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Júlio Lopes (PP)
Deputado Federal

'As minhas doações de campanha são todas declaradas e estão no site do TSE', disse o deputado.


Zito (PP)
Deputado Estadual 

O deputado ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Francisco Dornelles (PP)
Vice-governador do Rio de Janeiro 

O político ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Cesar Maia (DEM)
Vereador 

O vereador ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Rodrigo Maia (DEM)
Deputado Federal

‘Todas as doações que recebi foram de forma legal, conforme a prestação de contas apresentada à Justiça e disponível para consulta no site do TSE’, disse o deputado nas redes sociais.


 Carlos Caiado (DEM)
Vereador 

O Vereador ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Otávio Leite (PSDB)
Deputado Federal 

‘Todas as doações que recebi foram dentro da legalidade e registradas conforme você mesmo pode confirmar nas prestações de contas públicas no site do TSE’, disse o deputado em sua página no facebook.


Sérgio Zveiter (PSD)
Secretário Municipal e Habitação e Cidadania do Rio e deputado Federal

O secretário ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento.


Alfredo Sirkis (PSD)
Deputado Federal

O deputado ainda não se pronunciou sobre seu envolvimento. 





Imagens: Todas as fotos são reproduções da internet.