04/03/16 - Coluna: Ultima Nota Autor: Jean Pierry Leonardo
Ela chegou de mansinho, cantando funk melody, nos famosos bailes da Furacão 2000, de Rômulo Costa, mas dali em diante ninguém segurou mais a moça. Analisar a ascensão meteórica de Anitta no Brasil é perceber o quanto uma boa música, talento, uma estrutura por trás – leia-se gravadora – e força de vontade podem fazer.
Carioca de Honório Gurgel, a “Poderosa” está a todo
vapor com o lançamento de seu último álbum, intitulando “Bang”. Para quem achou
que ela seria apenas cantora de um só sucesso, a música que dá nome ao álbum
provou que de onde veio, tem muito mais. Desde que desligou-se da K2L
(escritório da empresária Kamila Fialho, com quem rompeu contrato) e
passou a gerir a própria carreira,
Anitta vem consolidando-se com muita propriedade, inteligência e maturidade seu
espaço no cenário musical brasileiro.
Seu atual trabalho mistura elementos da ArtPop
(estilo de arte visual e plástico dos anos 50) e animações, mas sempre
acompanhada do funk como batida. Aliada ao diretor criativo Giovanni Bianco e
ao também diretor dos clipes Bruno Ilogti, ela abriu mão de dirigir, produzir,
roteirizar e criar seus próprios clipes para se jogar no competente
profissional que já trabalhou com artistas como a “Rainha do Pop”, Madonna.
Nada é mera coincidência. O resultado se traduziu num dos melhores clipes de
2015 – e da própria Anitta – ao ponto de alcançar incríveis (até o fechamento
deste artigo) 146 milhões de views, sagrando-se como seu maior hit até aqui. A
jovem conseguiu superar sua própria marca, que até então era do fenômeno “Show
das Poderosas”, atualmente (também até o fechamento deste artigo) com pouco
mais de 115 milhões de acessos. Foi um dos vídeos mais assistidos do YouTube no
ano passado e inspirou a paródia, também viral, da youtuber Kéfera com 27 milhões
de visualizações (até o fechamento deste artigo).
“Essa Mina é Louca”, em parceria com o cantor
Jhamma, é outro single que pegou na boca do povo – e nas rádios, ouvidos,
programas de TV e internet no Brasil. Nele, Anitta se “vinga” de um rapaz ao
trocar ele por outra mulher no final, sendo esta a atriz Ísis Valverde e com
direito a um “selinho”. Também com pegada forte no Pop, o ritmo da música
contagia. Aliás, Bang é um álbum que mostra claramente como Anitta consegue ser
eclética e não prende-se apenas a rótulos. Indo de músicas mais “batidão” até
aquelas mais românticas, percebe-se uma objetividade que tem como principal
elemento atingir e levar suas músicas para o maior público possível, digo, para
os reticentes.
É paradoxo perceber que ao mesmo passo em que
conquista uma legião diversa de fãs (quem seguiu seu bloco de carnaval no Rio
de Janeiro, teve a oportunidade de perceber que o público ia de mulheres
grávidas, bebês de colo e adolescentes até pessoas idosas e deficientes), ela
também desperta a ira dos “haters” – como são chamados aqueles que entopem as
redes sociais com comentários raivosos para denegrir a imagem ou trabalho de um
artista. Esses, sadicamente, procuram a todo instante, uma falha ou apoio em
detalhes mínimos para criticá-la. Seja de “imitta”, por supostamente ela copiar
cantoras como Beyoncé e Rihanna, por exemplo, pelas roupas que usa e até por
suas plásticas.
Bem, se ela incomoda tanto assim aqui no Brasil,
imagine com uma carreira internacional?! Sim, pois com muita sutileza e perspicácia,
Anitta vem pavimentando uma escalada para o exterior, especialmente nos EUA e
países latinos. Em Portugal e Espanha, a carioca até que já tem um rosto bem
familiarizado a esses públicos (inclusive com fã clube na terra de Cristiano
Ronaldo), mas seu objetivo é, obviamente, penetrar o difícil mercado americano.
Em viagem de férias, a artista esteve presente no mesmo estúdio de gravação de
Katy Perry, em Los Angeles, gravando uma música inédita em inglês acompanhada
do produtor Da One, responsável por alguns dos sucessos de Snoop Dogg, por
exemplo.
Assim, entre outros superlativos, com apenas 23
anos, Anitta finca suas raízes em solo brasileiro com muita propriedade,
talento, maturidade e inteligência para saber lidar com suas aspirações
artísticas, dando um “Bang” em seus opositores e querendo conquistar o mundo.
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