quarta-feira, 23 de março de 2016

A crise modifica a cultura?


21/03/16  -   Coluna: Cultura Manifesta   Autor(a): Israel Esteves

Muitas questões estão em pauta nos últimos tempos sobre a crise econômica e política do país. Desemprego, corrupção são itens de uma lista que parece não fechar. Dentro dela, resolvi questionar um item: CULTURA.


 
Depois da Lei Rouanet, trouxe novamente uma multi entrevista a nosso espaço cultural. Nesta edição, convidei algumas referências na cena independente do rock e do rap, como Anderson da Silva (Banda A Pé), Matheus Machado (Rap da Verdade) e Dan Menezes (Venus Café) para responderem a seguinte questão:


Em tempos de crise econômica e política, qual a importância de se investir em cultura?

Dan MenezesVocalista da banda Venus Café.
10 anos de experiência profissional em Cultura nos setores público e privado.

"Creio que o investimento em Cultura deve ser sempre objeto de atenção por todos os setores da sociedade, tanto público quanto privado - sem nenhuma distinção ou peso maior para algum lado.
Pelo lado econômico, trata-se de atividade intensiva em emprego e renda e que remunera acima da média do mercado. Estudos comprovam que existe um fator multiplicativo alto nos investimentos na área da cultura e economia criativa: para cada real investido, retornam 6 em tributos. Então é um ótimo negócio para qualquer economia, para qualquer empresa.
Do outro lado, há o componente social, a dimensão cidadã: a cultura de um país está intimamente ligada às tradições e valores de uma sociedade. Ela influencia e é influenciada por componentes históricos e atuais do ambiente. Logo, investimentos nesse componente trazem inegáveis externalidades positivas a um país tão combalido como o nosso, que se encontra num momento que estamos sem ter muito do que nos orgulhar."







Anderson da Silva – Estudante de Ciências Sociais e baterista Banda A Pé

“Além da inegável contribuição à memória coletiva, à história social, os eventos são também espaços de exposição de marcas e ideias. A produção de espaços convergentes para estabelecer trocas de experiências costuma gerar visibilidade às causas afins. O consumo se apoia em todas as possibilidades de expansão do espectro de alcance. A arte, em sua totalidade, é a célula de uma cadeia produtiva autossuficiente. E em momentos de pessimismo, as grandes ações populares servem como iniciativas de importância social, capaz de propiciar espaços raros de intercâmbio e afirmação.


Matheus MachadoEstudante de Serviço Social e cantor de rap.
“Em tempos de crise, o investimento em cultura, em minha opinião, se faz extremamente necessário pra que haja um reforço da nossa identidade enquanto sociedade. A cultura é um complexo que envolve arte, costumes, leis e crenças e a Cultura brasileira, especificamente é marcada pela disposição e alegria. Nesses tempos em que vivemos, em meio a todo esse cenario de crise socio estrutural que afeta a política e a economia, a cultura deve ser fortalecida pra que o povo brasileiro não perca essa identidade marcada pela força, disposição e alegria que nos tornou quem somos hoje. A cultura pode mostrar ao próprio povo que nos não somos chacota, nem massa de manobra, nos somos um povo com identidade, que pode ser dono do seu próprio destino e que pode mudar o cenário.”

Gostaram de mais uma edição multi entrevista? Aguardo vocês nas próximas com mais um tema relevante sobre a nosso mundo cultural. Venha conhecer novos sons, imagens e ideias. Participe da coluna que só tende a crescer. Eu sou Israel Esteves e lhes deixo mais uma Cultura Manifesta.

Fotos: Arquivo pessoal, Robson Fernandes