Por que tenho medo da “bondade dos bons”? Explico.
Um dos Procuradores do caso Lula é, segundo dizem, um homem bom, religioso e fiel a uma igreja evangélica (acusada de explorar crianças e adolescentes, obrigando-os a vender sanduíches em vias públicas, de madrugada, e a realizar serviços de faxina no templo, em Porto Velho).[1] Em 2014, o Procurador foi denunciado ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, acusado de agressões físicas contra sua esposa. Segundo a imprensa[2], o Procurador teria espancado sua esposa com um cipó e cinto, deixando-a em cárcere privado, obrigando a dormir no chão, sem cobertor e a se alimentar somente depois que os outros fizessem sua refeição, o que culminou no adoecimento de sua esposa.
Estamos cansados de pessoas de bem, que
proclamaram Sérgio Fernando Moro como um Herói; que aplaudem a condução
coercitiva (ilegal) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que se
alegraram ainda mais diante do também ilegal pedido de prisão preventiva. Ignorando
o fato de todas as atitudes serem inconstitucionais e, portanto, ferirem
fortemente os direitos dos envolvidos e, claro, de todos. Até então essas
atitudes (arbitrárias) que ocorrem diariamente no país não eram tidas como
notícias de telejornais e sendo assim, compreensível (talvez, melhor acreditar)
por falta de conhecimento desses fatos existenciais lamentáveis. Desculpem-me
dizer, mas cuidado ao apoiar o poder, negando os direitos de outros cidadãos.
Afinal, amanhã é você que vai querer seus direitos reconhecidos; e quem vai
decidir é o mesmo que prendeu sem julgamento ou que condenou sem provas
concretas.
Manifestantes adeptos e defensores da
moral e dos bons costumes, que foram para a rua pedir o impeachment da
Presidente Dilma Roussef desconsideraram os requisitos impostos pela lei que
regulamenta o impechment. Ora, Dilma foi eleita democraticamente por meio de
uma eleição onde teve voto da maioria. A sociedade é feita de regras; é como um
jogo: se você jogou (votou) e perdeu, amigo, espera a próxima rodada (quatro
anos depois) e tente novamente, pois é assim que a Constituição determinou que
o jogo fosse jogado. Afinal, um bom jogador é aquele que sabe perder também.
Quer uma revanche? Analise, estude, veja onde errou, e se prepare para encarar
tudo de novo. Não é porque perdeu que você vai querer acabar com tudo como uma
criança mimada, sob pena de incorrer no denominado complexo do
pombo enxadrista, isto é: "Discutir com ignorante é o mesmo que jogar
xadrez com um pombo: ele defeca no tabuleiro, derruba as peças e sai voando,
cantando vitória."
Imagem: Brasil247.com
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