16/03/15 - Coluna: Cultura Manifesta Autor(a): Israel Esteves
Vamos conhecer nesta semana, Big Jhonny. Integrante do grupo de rap, Nível 7, o jovem traz para nosso espaço cultural mais um pouco sobre a arte da rima. Conhecido pela Certidão de Nascimento como Jonathan Thalles, o entrevistado de hoje mostra todo seu talento e suas ideias por meio dessas linhas. Caro amante da cultura brasileira, pegue seu café, sente-se em um confortável sofá e confira comigo a Cultura Manifesta da semana.
Quem é Big Jhonny?
Big Jhonny é um cara
imprevisível, ouvinte, observador, persistente, sonhador, resistente e etc. e
etc.
Fale um pouco sobre como começou sua relação com a
música e seu trabalho.Eu sempre ouvi música desde pequeno. Cresci em Bangu, um bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, lá toca muito pagode, funk, aquele funk do finalzinho da década de 90 e dos anos 2000. E tinha muito charme também, quando chegou lá, os dvd´s de hip hop vídeo traxx foi paixão a primeira vista (risos). Eu sempre tive vontade de formar um grupo de rap ou de ser integrante de um porque sempre quis expressar o que penso e sinto e quero que o mundo escute. Algum tempo após ter conhecido o Blekalt, que já fazia parte do Nível 7, eu comentei com ele que queria formar um grupo e ele disse que já tinha um grupo, ele comentou com o Sikeyra que eu queria entrar pro grupo, eu também falei com o Sikeyra e uns dias depois entrei. Aos 12 anos, já fazia composições, mas desde o dia que entrei para o N7 eu fui fazendo mais e mais e não paro. (Risos)
É integrante de um grupo de rap
chamado Nível 7. Qual a importância do trabalho de vocês em um momento aonde o
rap vem crescendo?
A importância do nosso
trabalho é manter a questão do conteúdo de uma letra viva, porém falamos de tudo,
mas como gostamos de ouvir letras de conteúdo e músicas com ritmos dançantes ou
bem impactantes fazemos as músicas nessa linhagem aí. Hoje em dia o “flow”, as
bases são muito mais atrativas do que as letras que eram o foco dos rap´s bem
antes da nossa geração, mas tentamos ser atuais, porém sem esquecer o primórdio
que é uma letra com conteúdo, mas nem sempre às vezes a gente quer apenas zoar
numa letra, normal. (Risos)“ Vou passar a visão do que é ser um MC de verdade”, diz um trecho da música “ De MC pra MC ”. Em sua opinião, o que é ser MC hoje?
Hoje em dia... Ser Mc é sair com várias garotas, usar blusão largo, fazer cara de mal, falar sempre que fuma maconha, prezar mais as bases e pouco se lixar pras letras, falar um monte de asneiras e viver num mundo de fantasia. Mas um Mc de verdade é o oposto disso aí.
Mulheres
Qual/quais rapper’s influenciam suas músicas?
Tupac Shakur, Racionais
mc´s, Mv Bill, Emicida me influenciaram bastante nas letras, hoje em dia
influenciam um pouco menos porque eu já peguei a visão que eles queriam passar,
entrou tudo na minha cabeça, misturou com meus próprios pensamentos e os meus
que eu os via expressando que, aí rola aquele lance de identificação e tal rs.
Mas mesmo assim eles sempre me influenciarão, e no quesito de sonoridade são
diversos rapper´s.
O rap tem o poder de falar sobre temas a sua volta.
O que hoje enxerga na sociedade que seria um bom tema para uma letra?
Baseado na sociedade um
ótimo tema pra uma letra seria... “As
consequências políticas interferem diretamente nas nossas vidas”, se
você não pensar e sair votando vai dar “M”, se não pensar que se alternando os governantes conforme
eles irem roubando eles vão sempre roubar mais e mais, se tivesse a alteração
eles iriam se ligar que o povo tá fazendo uma fiscalização... Então o roubo
iria diminuir. As consequências de não se organizar também. E etc. e etc...
Em uma rima podem vir vários pensamentos e sentimentos
de quem a escreveu. O que tem de Jonathan em suas músicas?
O que tem de Jonathan em
minhas músicas? Tem partes do meu raciocínio. Não sei se respondi bem, mas foi
a maneira que interpretei a pergunta. (Risos)
Segundo “Vida Loka parte 1” dos Racionais Mc’s:
“Justiça e Liberdade, a causa é legítima.” Acredita que hoje em dia há justiça
e liberdade de expressão no Brasil?
Hoje no Brasil há muitas
leis e pouca justiça, e liberdade não existe para os oprimidos pelos padrões da
sociedade, a liberdade existe hoje pra quem não tem medo do mundo porque qual
quer relato com conhecimento mais aprofundado de opressão você escuta que você
tá fazendo "mi,mi,mi", tentam fazer você ter uma mente conformista ou
sem uma discussão saudável para que haja a exposição dos dois lados.... Já
mandam você calar a boca e tentam prender sua língua, mas numa música você é
mais livre sim a menos que você seja dominado por uma gravadora com ambições
somente do dinheiro sem se importar com o conteúdo de letras.
O
que gostaria de falar ao público?
O que eu falaria ao
público...? Se expresse, não tenha medo disso.De MC pra MC, Nível 7
Gostaram da entrevista da semana? Eu também curti!
Pra quem gosta de conhecer sons e artes novas está no lugar certo. A coluna
mais cheia de cultura. Obrigado mais uma vez pela leitura. Continue conversando
comigo e os entrevistados. Eu sou Israel Esteves e lhes deixo mais uma Cultura
Manifesta.
Imagem 1: Arquivo pessoalImagem 2: Thazosã Artes