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Eduardo Paes (PMDB) participou no último domingo (06/03) do programa Jogo do Poder, da emissora CNT. O prefeito defendeu a candidatura de Pedro Paulo de Carvalho, fez críticas ao governo Dilma e rebateu as críticas feitas pelo vereador Leonel Brizola. O jornalista Caio Barbosa, do jornal O Dia, participou da entrevista.
Em uma pergunta feita por Ricardo Bruno (apresentador do programa), Eduardo Paes afirmou que jamais apoiaria um espancador de mulheres. No ano passado, Pedro Paulo admitiu ter agredido física e moralmente sua ex-mulher por duas vezes. Embora tenha tentado reduzir a dimensão do episódio, qualificando-o como descontrole provocado por ciúmes, não contestou os relatos apresentados à polícia, segundo os quais, conforme reportagens do "G1", dão conta que, em 2008, a vítima e "Pedro Paulo discutiram dentro do carro e que o marido a ofendeu e deu socos no corpo e no rosto dela", "tudo na presença da filha do casal, que tinha 2 anos". A violência voltou a se repetir dois anos depois, quando, "de acordo com a revista 'Veja', que teve acesso ao laudo do exame de corpo de delito", "logo após a briga de 2010, a ex-mulher foi agarrada pelo pescoço, jogada contra a parede, no chão e machucada com chutes".
O prefeito também respondeu as críticas feitas pelo
vereador Leonel Brizola. O neto do ex-governador do Rio de Janeiro o acusa de
maquiar números e fazer marketing com o legado de seu avô. Segundo Paes, o
vereador era bebê e não prestou atenção em nada do que o avô deve ter dito
porque era muito pequeno. Depois não deve ter lido nada que o avô escreveu ou
falou.
Jogo do Poder é um programa de televisão veiculado
pela Rede CNT (Central Nacional de Televisão), da família Martinez, com versão
nacional e regional. O programa proporciona discussões de temas importantes e
de interesse dos cidadãos. É transmitido todos os domingos, às 23h30, pela REDE
CNT, nos canais 9, Net Rio 22, Claro TV 126, CTBC 708, GVT 245, Oi TV 26, Sky
176 e Vivo TV 236.
Confira algumas perguntas feitas ao prefeito Eduardo
Paes no decorrer do programa:
Que comparação o senhor faz da cidade que recebeu
com a que vai entregar ao seu sucessor?
Eduardo Paes: Comparam muito a minha administração
com a do Pereira Passos, mas vou jogar brasa na minha sardinha. Se olhar, o
Pedro Ernestro fez muita coisa em comunidade. O Brizola fez muita escola: 101
CIEPs na cidade. Vamos entregar 331 escolas. Desde 1848, quando construíram a
primeira unidade de saúde, o Rio tinha 200 unidades. Estamos entregando 180 e
tantas unidades novas. Além de um conjunto de intervenções que não saem na
imprensa, como o Bairro Maravilha. Na zona oeste, todos os bairros foram
urbanizados. Na zona Norte teve recuperação de bairros. Nas favelas, o Morar
Carioca. Há um conjunto de intervenções que mostram que o Rio é capaz. O Rio
está resolvido? Não. É uma cidade desigual? Ainda é. Melhorou, está mais
integrada, as fronteiras diminuíram. Mas tem muita coisa para fazer.
Mas o vereador Leonel Brizola o acusa de fazer
publicidade com o nome do ex-governador, com números que não correspondem à
realidade.
Eduardo Paes: O vereador disse isso, mas seu irmão trabalha comigo coordenando o programa das escolas. O partido PDT faz parte do meu governo. O Lupi, braço-direito do Brizola, e as pessoas que cercavam o Brizola apóiam meu governo. O vereador era bebê e não prestou atenção em nada do que o avô deve ter dito porque era muito pequeno. Depois não deve ter lido nada que o avô escreveu ou falou. No dia que inauguramos as primeiras escolas, estavam lá todos os personagens que estiveram com Darcy e Brizola no início daquele processo. Em relação ao número de escolas, é físico. Basta ir lá e contar. Pela lei que obriga o município a converter todas as escolas para tempo integral até 2020, deveríamos estar próximos de 60% (de escolas em tempo integral), mas ainda falta chegar a 35%. E seu tempo integral é até 14h30, o do Brizola era até 17h30.
Eduardo Paes: Houve evolução em algumas coisas. A
arquitetura das escolas e a grade curricular são diferentes dos CIEPs. O
conceito que os educadores chamam é de turno único, com três refeições, mais
aulas de português, de matemática e de ciências. Para chegar em 2020 com 100%
em turno único, tem que votar no Pedro Paulo, que tem prioridade construir mais
314 escolas.
A sua gestão tem a marca da mobilidade, das
intervenções urbanísticas. É mais fácil fazer sucesso nessas áreas do que em
saúde e educação?
Eduardo Paes: Dá mais ibope. Inaugurei agora três
escolas na zona oeste e a Arena da Juventude, da Olimpíada. Nas escolas não
tinha uma radio para me acompanhar. Na arena estava a imprensa toda. Se eu faço
recapeamento em Ipanema, sai no horário nobre. Hospital na zona oeste, não vai
ninguém.
E a saúde? Por mais que se faça muito, sempre fica a
impressão de que está aquém do necessário.
Eduardo Paes: Ninguém está dizendo que está perfeito. A população não é idiota. Mas veja que a cidade do Rio sempre representou 50% dos casos de dengue, e agora zika, do Estado. Atualmente são 20%. Isso é milagre do Eduardo Paes com os mosquitos, oração ou rede de atenção básica que se ampliou e está chegando nos lugares? Tem um trabalho efetivo e a população está percebendo.
O senhor está confiante na eleição do Pedro Paulo,
mesmo depois das notícias sobre a agressão à ex-mulher?
Eduardo Paes:
Primeiramente, acho que todo mundo tem que ter direito à defesa nessa vida. E
cabe a ele, com Ministério Público Federal, Polícia Federal, Supremo Tribunal
Federal ouvindo as coisas, prestar as informações que têm de prestar. E ali
sim, na Justiça, prestar esclarecimentos. Eu te garanto apenas uma coisa:
jamais apoiaria um espancador de mulheres. Tenho certeza de que estamos lidando
com um bom pai, um bom marido, um bom filho, um bom irmão, e o mais importante
de tudo, com o melhor que temos para ser prefeito do Rio.
Por quê?Eduardo Paes: As pessoas têm de olhar os candidatos, o prefeito e o candidato do prefeito, que é o maestro da orquestra, o primeiro-ministro do governo, com seus acertos e erros. E ver se o Rio melhorou ou não. Se vale a pena continuar ou se quer mudar. O prefeito do Rio não pode usar a cidade como trincheira de luta nacional. Que se dane PT, PSDB, Rede, Marina, Aécio, Dilma, o sucessor da Dilma. O que importa é o Rio, é governar essa cidade. Eu falo sempre para o Pedro Paulo que ele tem de se dar muito bem com a Dilma quando chegar lá, e muito bem com o sucessor da Dilma, seja ele quem for. A gente só conseguiu fazer essas coisas todas aqui no Rio com entendimento entre os poderes.
E o impeachment da Dilma? O senhor tem se colocado contra. Teme um desgaste por isso já que, segundo o Datafolha, 60% da população apoiaria o impeachment?
Eduardo Paes: Sou um defensor da democracia, não da
Dilma. O impeachment é um instrumento da democracia, está na constituição, mas
é preciso haver um crime de responsabilidade. E não há nenhum contra a
presidente. O Brasil precisa parar com este amadorismo. A nossa história no
século 20 é uma história de atalhos. Assim o país não amadurece. E aí a gente
apóia movimentos que não são democráticos, que não respeitam a Constituição
devido a uma impopularidade. A economia vai mal? Vai. As coisas estão mal
encaminhadas? Estão. Há uma incapacidade de condução política? Há. Mas nada
disso está previsto na Constituição como motivo para impeachment de ninguém.
Seu partido fez um programa de governo totalmente de
oposição. O senhor está de acordo com aquele programa?
Eduardo Paes: Enquanto eu for prefeito, sou amigo do
governo federal. O povo não me contratou para ser analista de política
econômica, mas para fazer escolas, hospital, melhorar o trânsito.