quarta-feira, 9 de março de 2016

Conheça Sarah Azevedo do “Precisa se expandir, pra clarear” com a C.M.


09/03/16   -   Coluna: Cultura Manifesta    Autor(a): Israel Esteves

É dia de Cultura Manifesta e não poderia deixar de escrever para vocês. Nesta semana tive um desafio, falar com uma grande entrevistadora.

Com 20 anos, Sarah Azevedo coleciona bons amigos conversando com a cena do novo rock brasileiro. Simpática e cheia de rock pra desabafar, ela tem uma certeza: “Precisa se expandir, pra clarear!”.

Por isso, pra conhecer o trabalho dela e suas ideias, pegue um café, sente no sofá e comece a ler. 
Quem é Sarah Azevedo?
Por que a pergunta mais difícil é logo a primeira? (Risos). Costumo dizer que sou uma futura publicitária com alma de jornalista e coisa e tal.
Como iniciou essa vontade de divulgar bandas de rock independentes?
Surgiu da vontade de parar de ouvir que o país não tinha música boa, enquanto eu sabia que tinha sim. Eu queria que as pessoas pudessem ouvir nem que fosse 1% do que eu ouvia e pudessem se abrir para o novo e parassem de repetir essa ladainha de sempre. 
Conta um pouco de como foi escrever o “Precisa se expandir, pra clarear.”
O “Precisa se expandir, pra clarear” é, na verdade, mais uma das muitas tentativas que eu tive de ter um blog legal e a que mais chegou perto disso. Ele me rendeu muitas experiências bacanas, além do fato de me deixar muito mais “antenada” pra todo o cenário independente e até mesmo mainstream de música brasileira. Eu realmente expandi minha mente e apurei meus ouvidos. Além de claro, exercitar a escrita.
 
 
 
Qual a importância do seu blog para a expansão da cultura do rock?
Bem, na época em que eu comecei a escrever, eu conhecia pouquíssimos sites que escreviam a respeito e claro, eles foram crescendo e tornando-se muito maiores do que o meu humilde blog era. Não acredito que ele tenha sido tão importante assim, falando amplamente e se formos comparar. Mas eu conseguia ali estreitar laços, fazer pontes. Eu sei que muita gente conheceu bandas ali porque eu falei. Então, na verdade eu nem me importo se ele toda essa relevância. O objetivo inicial dele foi cumprido: expandir a mente da galera pra ver que o rock não havia morrido, como muitos achavam.
Chama as bandas carinhosamente de “Bandas de Nomes Esquisitos”. Acredita que o rock nacional está sendo levado em boas mãos através delas?
Com certeza! Toda essa galera tem talento o suficiente pra isso e vontade também. Eu costumo dizer que quanto mais esquisito o nome de uma banda, melhor ela é. E nosso país é repleto delas! Não depende só delas levar o rock. Depende da gente também abrir a mente pra poder ouvir o que elas têm a dizer e não ficar se limitando somente ao mantra de que “rock bom acontecia nos anos 80 e 90, hoje em dia ele morreu.”
Assim como eu, cursa Publicidade e Propaganda. Como os conhecimentos publicitários influenciam na criação de algo que dizem ser mais jornalístico?
Primeiramente, o que a gente faz não deixa de ser uma publicidade, considerando que ela é uma arte de apresentar coisas novas ao mundo. É claro que de uma maneira geral, o que é apresentado são produtos e a gente troca isso por bandas e o que advém delas. Essa é a única diferença. Acredito que esses conhecimentos publicitários ajudaram a apresentar melhor o que eu queria, podendo assim chamar mais atenção do publico que lia o blog.
Quais foram os melhores momentos nas entrevistas?
Bem, grande parte das entrevistas eram feitas através de  e-mail. Então, os melhores momentos não foram nelas em si, mas depois delas. Era sempre engraçado chegar no primeiro show de alguma banda que eu já havia entrevistado e os integrantes lembrarem de mim por causa disso, sem eu nem dizer nada. Há uns anos atrás, esbarrei com uma banda que estava me devendo uma entrevista e depois de algum tempo de conversa, acabou se ligando nisso e me pediu imensas desculpas. Até hoje não me responderam, mas a gente acabou virando amigos.
Como era o trabalho de pesquisa e criação das questões para as bandas? 
Dependia muito da banda. Tinha algumas que com o passar do tempo ficavam tão próximas, que na hora de entrevistar era até mais difícil, porque grande parte do que eu queria perguntar, na verdade, eu já sabia a resposta. Então eu realmente revirava o baú em busca de coisas que pudessem se mostrar novas tanto pra mim quanto pra quem iria ler aquela entrevista e não conhecia a banda ainda. Meu processo de criação de questões partia desse principio: fazer com quem não conhecesse a banda ainda pudesse se sentir próximo, tão próximo que depois dali fosse atrás pra saber tudo o que pudesse a respeito dela e passar a acompanhá-la.


Quais são seus projetos? Podemos ter expectativa de retorno do blog?
Bem, projetos são muitos, tirar do papel que é mais difícil, né? Eu parei de escrever sobre bandas, mas nunca deixei de conhecer, então eu tô com muita coisa acumulada e os dedos coçando pra começar a liberar isso. Às vezes trabalho com a galera de um blog chamado “Além do Som”, que tem o mesmo objetivo que o precisa se expandir tinha. As vezes ajudo a galera do “Showlivre” com agenda de shows e tal; e espero, quem sabe, de vez em quando escrever alguma coisa pra lá. O blog vai voltar, sim! Espero que ainda esse ano eu já tenha conseguido deixá-lo do jeito que eu quero pra poder voltar a entrevistar e falar de mais bandas de nomes esquisitos.

O que você gostaria de falar ao público?

Usem a internet a seu favor. Pague R$20,00 pra ver a banda do seu amigo ou do amigo do seu amigo tocar. Ouça as bandas da sua cidade. Vocês não precisam de um programa de TV pra conhecer bandas novas. Não desmerecendo, claro. Mas podem conhecer por si próprios, que é muito mais legal. Expandam suas mentes, não se limitem somente aquilo que nos é apresentado na mídia rotineira. Ouçam as indicações dos amigos e não se deixem levar por um nome esquisito. A banda de nome esquisito de hoje é a banda massa de amanhã.

Gostaram da entrevista da semana? Dê uma olhada no trabalho da Sarah. Garanto que não perderá a viagem. 

Conheça novas pessoas, novos sons e artes junto comigo. Vem acompanhar a coluna. Eu sou Israel Esteves e lhes deixo mais uma Cultura Manifesta.

Imagens: Arquivo pessoal