09/03/16 - Coluna: Cultura Manifesta Autor(a): Israel Esteves
É dia de Cultura Manifesta e não poderia deixar de escrever para vocês. Nesta semana tive um desafio, falar com uma grande entrevistadora.
Com 20 anos, Sarah Azevedo coleciona bons amigos
conversando com a cena do novo rock brasileiro. Simpática e cheia de rock pra
desabafar, ela tem uma certeza: “Precisa
se expandir, pra clarear!”.
Por isso, pra conhecer o trabalho dela e suas
ideias, pegue um café, sente no sofá e comece a ler.
Quem
é Sarah Azevedo?
Por que a pergunta mais difícil é logo a primeira?
(Risos). Costumo dizer que sou uma futura publicitária com alma de jornalista e
coisa e tal.
Como
iniciou essa vontade de divulgar bandas de rock independentes?
Surgiu da vontade de parar de ouvir que o país não
tinha música boa, enquanto eu sabia que tinha sim. Eu queria que as pessoas
pudessem ouvir nem que fosse 1% do que eu ouvia e pudessem se abrir para o novo
e parassem de repetir essa ladainha de sempre.
Conta
um pouco de como foi escrever o “Precisa se expandir, pra clarear.”
O “Precisa se expandir, pra clarear” é, na verdade,
mais uma das muitas tentativas que eu tive de ter um blog legal e a que mais
chegou perto disso. Ele me rendeu muitas experiências bacanas, além do fato de
me deixar muito mais “antenada” pra todo o cenário independente e até mesmo mainstream de música brasileira. Eu realmente
expandi minha mente e apurei meus ouvidos. Além de claro, exercitar a escrita.
Qual
a importância do seu blog para a expansão da cultura do rock?
Bem, na época em que eu comecei a
escrever, eu conhecia pouquíssimos sites que escreviam a respeito e claro, eles
foram crescendo e tornando-se muito maiores do que o meu humilde blog era. Não
acredito que ele tenha sido tão importante assim, falando amplamente e se
formos comparar. Mas eu conseguia ali estreitar laços, fazer pontes. Eu sei que
muita gente conheceu bandas ali porque eu falei. Então, na verdade eu nem me
importo se ele toda essa relevância. O objetivo inicial dele foi cumprido:
expandir a mente da galera pra ver que o rock não havia morrido, como muitos
achavam.
Chama
as bandas carinhosamente de “Bandas de Nomes Esquisitos”. Acredita que o rock
nacional está sendo levado em boas mãos através delas?
Com certeza! Toda essa galera tem talento o
suficiente pra isso e vontade também. Eu costumo dizer que quanto mais
esquisito o nome de uma banda, melhor ela é. E nosso país é repleto delas! Não
depende só delas levar o rock. Depende da gente também abrir a mente pra poder
ouvir o que elas têm a dizer e não ficar se limitando somente ao mantra de que
“rock bom acontecia nos anos 80 e 90, hoje em dia ele morreu.”
Assim
como eu, cursa Publicidade e Propaganda. Como os conhecimentos publicitários
influenciam na criação de algo que dizem ser mais jornalístico?
Primeiramente, o que a gente faz não deixa de ser
uma publicidade, considerando que ela é uma arte de apresentar coisas novas ao
mundo. É claro que de uma maneira geral, o que é apresentado são produtos e a
gente troca isso por bandas e o que advém delas. Essa é a única diferença.
Acredito que esses conhecimentos publicitários ajudaram a apresentar melhor o
que eu queria, podendo assim chamar mais atenção do publico que lia o blog.
Quais
foram os melhores momentos nas entrevistas?
Bem, grande parte das entrevistas eram feitas
através de e-mail. Então, os melhores
momentos não foram nelas em si, mas depois delas. Era sempre engraçado chegar
no primeiro show de alguma banda que eu já havia entrevistado e os integrantes lembrarem
de mim por causa disso, sem eu nem dizer nada. Há uns anos atrás, esbarrei com
uma banda que estava me devendo uma entrevista e depois de algum tempo de
conversa, acabou se ligando nisso e me pediu imensas desculpas. Até hoje não me
responderam, mas a gente acabou virando amigos.
Como
era o trabalho de pesquisa e criação das questões para as bandas?
Dependia muito da banda. Tinha algumas que com o
passar do tempo ficavam tão próximas, que na hora de entrevistar era até mais
difícil, porque grande parte do que eu queria perguntar, na verdade, eu já
sabia a resposta. Então eu realmente revirava o baú em busca de coisas que
pudessem se mostrar novas tanto pra mim quanto pra quem iria ler aquela
entrevista e não conhecia a banda ainda. Meu processo de criação de questões
partia desse principio: fazer com quem não conhecesse a banda ainda pudesse se
sentir próximo, tão próximo que depois dali fosse atrás pra saber tudo o que
pudesse a respeito dela e passar a acompanhá-la.
Quais
são seus projetos? Podemos ter expectativa de retorno do blog?
Bem, projetos são muitos, tirar do papel que é mais
difícil, né? Eu parei de escrever sobre bandas, mas nunca deixei de conhecer,
então eu tô com muita coisa acumulada e os dedos coçando pra começar a liberar
isso. Às vezes trabalho com a galera de um blog chamado “Além do Som”, que tem
o mesmo objetivo que o precisa se expandir tinha. As vezes ajudo a galera do
“Showlivre” com agenda de shows e tal; e espero, quem sabe, de vez em quando
escrever alguma coisa pra lá. O blog vai voltar, sim! Espero que ainda esse ano
eu já tenha conseguido deixá-lo do jeito que eu quero pra poder voltar a
entrevistar e falar de mais bandas de nomes esquisitos.O que você gostaria de falar ao público?
Usem a internet a seu favor. Pague R$20,00 pra ver a banda do seu amigo ou do amigo do seu amigo tocar. Ouça as bandas da sua cidade. Vocês não precisam de um programa de TV pra conhecer bandas novas. Não desmerecendo, claro. Mas podem conhecer por si próprios, que é muito mais legal. Expandam suas mentes, não se limitem somente aquilo que nos é apresentado na mídia rotineira. Ouçam as indicações dos amigos e não se deixem levar por um nome esquisito. A banda de nome esquisito de hoje é a banda massa de amanhã.
Gostaram da entrevista da semana? Dê uma olhada no trabalho da Sarah. Garanto que não perderá a viagem.
Conheça novas pessoas, novos sons e artes junto comigo. Vem acompanhar a coluna. Eu sou Israel Esteves e lhes deixo mais uma Cultura Manifesta.
Imagens: Arquivo pessoal